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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Comentando a Regra do Carmo *

“Podereis habitar nos ermos ou lugares que vos forem dados, dispostos e acomodados para a observância de vossa Religião, segundo o que parecer mais conveniente ao Prior e aos Religiosos” (Regra 4). Este número foi acrescentado por Inocêncio IV e revela também a decisão de viver em cidades. Não é qualquer lugar que serve. Deve ser um lugar que garanta ter as condições de se viver a centralidade da Regra que é a fraternidade. Este número também é uma ajuda aos carmelitas de não viverem apenas a vida eremítica como no Monte Carmelo, mas também de inserir-se no meio dos “menores”, os pobres e ali viver vida fraterna.
Este número 4 da Regra é um dos números que asseguram ao carmelita uma infra-estrutura necessária para viver o ideal proposto. A vida carmelitana deve ser uma vida bem organizada onde é possível viver o ideal do Carmelo.
Os primeiros carmelitas viviam no Monte Carmelo em lugares ermos, isto é, eremíticos, onde primeiramente vivam em oração, contemplação e solidão. Expulsos da Terra Santa pelos sarracenos (muçulmanos) foram para a Europa, primeiramente para a Inglaterra, depois para França e Alemanha. Hoje os carmelitas e as carmelitas estão presentes nos cinco continentes. Mesmo antes de aprovada a Regra o papa Inocêncio IV escreveu uma carta pedindo aos bispos que os aceite, pois naquele momento a Igreja não queria mais aprovar novas Ordens Religiosas. Foi então que a dedicação à Maria Santíssima que os aprovou. Por isso até hoje os carmelitas e as carmelitas são chamados de Irmãos e Irmãs da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Garantindo o lugar onde morar, a Regra segue dizendo que além do lugar é preciso que cada um tenha seu espaço próprio dado a ele de comum acordo do Prior com os outros irmãos: “Além disso, no sítio em que houverdes de habitar, cada um de vós tenha uma cela individual separada, conforme lhe for assinalada por ordem do mesmo Prior, com o consentimento dos demais Irmãos ou da parte mais prudente” (Regra 5). Este número vem ajudar aos carmelitas de não ser como os eremitas itinerantes que iam morar onde queriam sem pedir licença a ninguém. Combinavam só com o “abade”. Agora o carmelita deve renunciar a esta itinerância, visto que mudaram para viver a vida fraterna no meio dos pobres e submeter-se aos julgamentos dos irmãos.
O sentido de “cela” não tem nada haver com a cela dos nossos presídios, mas é o lugar que garante ao carmelita de viver sua intimidade com Deus pela oração, contemplação, silêncio e solidão. É o lugar de liberdade com que a Regra premia a cada carmelita. Os tempos mudaram, mas no Carmelo feminino ainda hoje cada uma tem seu quarto, lugar de encontro com Deus e com todo o Universo, que deve ser vivido e transparecido na vida fraterna com as Irmãs. A experiência vivida no quarto é suporte para o apostolado das carmelitas que é a oração e o atendimento às pessoas que nos procuram diariamente.
Pode-se perguntar quanto tempo tem a carmelita para estar em sua “cela”. É verdade, muita coisa mudou com o Concílio Vaticano II, onde a Igreja pede que os religiosos ganhem seu pão com o suor do seu rosto. O tempo que se dedicava cada uma em sua “cela” passou para o espaço de seu trabalho. Antes se trabalhava manualmente em confeccionar objetos religiosos e, como somos uma Ordem Mendicante, vivíamos e ainda hoje, da generosidade das pessoas que nos ajudavam em nossa manutenção. Cada carmelita tinha muito tempo para ficar em sua “cela”. Como vemos hoje, o estar na “cela” (quarto) passa-se a viver o sentido místico, deve-se viver na “cela” do seu coração. A nova realidade que nos interpela também a nós carmelitas leva-nos a ser criativas: todo lugar, toda a vida deve ser nossa “cela” onde vivemos em comunhão com Deus, com os outros, com o Universo e consigo mesma. Deve-se cultivar a mística da “cela”, isto é, criá-la dentro de si.

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