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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 21 de setembro de 2019

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM


A Palavra de Deus adverte os exploradores e opressores.
Resultado de imagem para 25o domingo do tempo comum ano cA parábola que Jesus nos apresenta no evangelho de hoje é muito complexa. Para entende-la, precisamos ter presente na memória as parábolas que lemos e meditamos no domingo passado São inesquecíveis as figuras do pastor que sai pressuroso ao encontro da ovelha que se perdeu e da mulher que varre atentamente a casa em busca da moeda extraviada. E como esquecer a figura daquele pai que esbanja atenção, dinheiro e compaixão na festa de acolhida do filho que chegara a disputar comida com os porcos?
A parábola de hoje coloca em evidência um protagonista muito diferente: um administrador acusado de esbanjar os bens que não lhe pertencem e que, por isso, está ameaçado de demissão. Ciente de que não está preparado para assumir outro trabalho e recusando-se a pedir esmolas, o administrador esbanjador age com esperteza e rapidez: altera, em favor dos devedores, o montante de algumas contas, prejudicando mais ainda seu patrão! Faz isso movido pela esperança de que, no futuro, os devedores por ele beneficiados retribuam solidariamente e abundantemente seu gesto de bondade.
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O que surpreende e desconcerta é que a esperteza desonesta do administrador seja explicitamente elogiada pelo patrão (e pelo próprio Jesus). Há quem explique o elogio a esta estratégia aparentemente imoral levantando a hipótese de que o desconto de 50 e 20% dado pelo administrador corresponderia aos juros iníquos cobrados pelo credor ou à comissão à qual o administrador teria direito. Mas será que Jesus não está propondo outra mensagem, semelhante àquela do pai que gasta sem critérios para acolher e restabelecer a dignidade do filho que havia descido involuntariamente ao degrau mais baixo do inferno social?
A questão fundamental que Jesus apresenta com esta parábola poderia ser formulada da seguinte maneira: Como usar de forma evangelicamente correta os bens, as honras e o prestígio que temos como cristãos e como Igreja? A palavra corajosa de Amós traz à luz do dia as práticas de acúmulo que os ricos de todos os tempos tentam esconder nas sombras da noite ou nas franjas da hipocrisia mais deslavada. Mas Jesus também deixa claro que somos apenas administradores de bens que não nos pertencem e que, frente ao bem maior do Reino de Deus, o dinheiro é coisa de pouco valor e radicalmente injusta.
Resultado de imagem para 25o domingo do tempo comum ano cO administrador aparentemente desonesto é elogiado porque evita ser amigo do dinheiro (como o eram os fariseus) e se mostra amigo das pessoas, não das que contabilizam créditos, mas daquelas que são devedoras insolventes. Com ele, nós aprendemos que o dinheiro e demais bens que passam pelas nossas mãos, bolsas e contas não nos pertencem e precisa ser usados corretamente: para construir solidariedade, para beneficiar a pessoa humana (todas as pessoas, insiste Paulo), começando pelas mais necessitadas. É isso é exatamente o oposto do que fazem os comerciantes e políticos denunciados pelo profeta Amós!
Aquilo que, à primeira vista, parece esbanjamento e desonestidade é, na verdade, sabedoria evangélica! Precisamos assumir nossas responsabilidades no mundo da economia – produção, administração, distribuição e consumo de bens – com critérios evangélicos. E o critério fundamental é este: ou os bens estão a serviço de uma convivência social sadia e solidária, ou não servem pra nada! E desviar para os bens econômicos o amor e o afeto que devemos às pessoas é uma loucura que compromete nossa felicidade pessoal e destrói os laços sociais. Só o uso solidário pode lavar o dinheiro sujo!
O próprio Jesus veio ao mundo como herdeiro e administrador das coisas do Pai, e não fez outra coisa que diminuir e cancelar os débitos das pessoas e grupos que os sistemas criminalizam. Ele esbanjou os bens do Pai, inclusive a própria vida, para fazer amigos entre os excluídos! Ele não teve receio de comprometer a honra, o nome e a própria ortodoxia para fazer amigos. Mas, infelizmente, muitas Igrejas ainda dão a impressão de existem unicamente para aumentar seus débitos ou cobrar comissão para renegociá-las... Em vez de fazer amigos e emancipar os oprimidos, engordam suas próprias contas bancárias.
Resultado de imagem para 25o domingo do tempo comum ano cSenhor, tua Palavra é caminho de sabedoria. Queremos guardá-la e pô-la em prática em todas as circunstâncias da nossa vida. Ensina-nos a contar adequadamente o tempo e avaliar corretamente o valor das coisas. Dá-nos a coragem de desmascarar os males que nos são propostos em belas e sedutoras embalagens. Confirma-nos no serviço a ti, único e supremo bem, e àqueles que são excluídos da mesa e recebem apenas as migalhas que sobram. Ajuda-nos a gastar tudo o que temos e somos para fazer amigos e irmãos, retirando os pobres do lixo e fazendo-os sentar entre os nobres do teu povo. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf

sábado, 14 de setembro de 2019

24º DOMINGO DO TEMPO COMUM


É digna de fé a Boa Notícia da misericórdia de Deus!
A Palavra e a ação de Jesus trazem à tona uma divisão social tão real quanto inaceitável: de um lado estão os sujeitos chamados ‘publicanos e pecadores’, e, do outro, as pessoas consideradas ‘justas’, aquelas que se dispensam de qualquer esforço de conversão. Na ideologia religiosa de Israel, os primeiros são da parte do mal, os ímpios ou impuros; os segundos são os piedosos e puros, ‘gente de bem’. Fiel à sua experiência de Deus, no horizonte da tradição profética, Jesus se aproxima do grupo dos pecadores e impuros, assume sua defesa e afirma que, na lógica do Reino de Deus, os últimos são os primeiros.
Resultado de imagem para 24o domingo do tempo comum ano cÉ isso que Jesus ilustra com as três parábolas do evangelho de hoje. As pessoas rotuladas como pecadoras são como a ovelha perdida, procurada com incomparável empenho pelo pastor; como uma pequena moeda extraviada e procurada incansavelmente pela dona de casa; como um filho amado que caiu no fundo do poço da degradação e da exclusão. O que importa não é o motivo ou a causa do extravio, mas a alegria do pastor, da dona de casa e do pai por encontrar o que havia perdido: “Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida... Encontrei a moeda que tinha perdido... Meu filho estava morto e voltou a viver!”
Ao propor a existência de dois filhos, Jesus estabelece uma clara correspondência com os dois grupos que se dividem em relação a ele e seu Evangelho: os pecadores e excluídos, que se aproximam para escutá-lo; os fariseus e doutores da lei, que murmuram contra ele. É verdade que a parábola começa aparentemente dando razão aos fariseus e escribas. O filho mais novo pede sua parte da herança, vai embora, gasta tudo sem o menor controle e acaba empregado na criação de porcos em terra estrangeira. Mas, com isso, jesus quer ressaltar mais sua situação de miséria, exploração e marginalização que sua culpa!
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A situação do filho mais jovem é tão desesperadora que ele se convence de que perdeu todos os direitos e se resigna a ser tratado como empregado na casa do próprio pai! Esta é a experiência subjetiva dos doentes, estrangeiros, pecadores, mulheres e tantas outras pessoas no tempo de Jesus. E o profeta de Nazaré sublinha que, aos olhos de Deus, não há gente de primeira classe e gente desclassificada, filhos cheios de direitos e filhos deserdados. Para Deus, a humanidade é indivisível! Avistando de longe o filho miserável, e antes de qualquer palavra de arrependimento por parte dele, o pai vai ao seu encontro absolutamente comovido.
Eis a boa notícia! Deus se recusa a aceitar a divisão do mundo entre uns poucos que se presumem irrepreensíveis e merecedores de todos os bens, e uma multidão que deve repetir o refrão das culpas que lhe atribuem e mendigar até a simples sobrevivência. Deus rompe com as regras de uma justiça estreita e escancara as portas da sua casa aos necessitados e pecadores. As ações aparentemente exageradas do pai sublinham exatamente isso: Deus não se contenta e possibilitar apenas que o filho sobreviva; o pai não lhe dá uma roupa qualquer, mas a melhor túnica, e não lhe mata um simples novilho, mas o mais gordo!
Resultado de imagem para 24o domingo do tempo comum ano cUma ação de resgate da cidadania e inclusão social como essa merece ser solenemente festejada, sem dar atenção aos que murmuram e se recusam a participar. Na postura e nas palavras do filho mais velho ressoam os protestos e a presunção dos fariseus e escribas de todos os tempos. Para eles, os pobres sofrem por própria culpa, e os ricos vivem bem porque merecem. Como não perceber aqui o eco do desconforto e da raiva das velhas e novas elites brasileiras que desejam pôr fim ao bem-estar mínimo e aos míseros direitos que as classes populares conquistaram nas últimas décadas?
Jesus Cristo é a Palavra de Deus feita carne, o ‘sim’ irrevocável de Deus à humanidade. Nele todas as promessas de Deus se unificam e recebem concretude. Nele, a Palavra vivificante de Deus se resume no anúncio do início de um tempo, regido pela gratuidade e pela compaixão. É essa a experiência que vira a vida de Paulo de cabeça para baixo e que ele descreve na sua carta o amigo Timóteo.  Em suas incontáveis contradições e misérias, experimentou a incondicional misericórdia de Deus. Por isso, recorda: “Segura e digna de ser acolhida por todos é esta Palavra: Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores.” 
Resultado de imagem para 24o domingo do tempo comum ano cSenhor das misericórdias, não permite que nos fechemos em nós mesmos e em nosso pequeno grupo. Tu vieste ao mundo para salvar os pecadores, e nós somos os primeiros deles. Tu vieste para libertar os oprimidos, e são tantos os que ainda não têm sua dignidade reconhecida. Vem ao nosso encontro, regenera-nos no teu abraço, toma-nos pela mão e faz com que entremos na tua casa e participemos da festa de acolhida daqueles que estavam perdidos e foram encontrados. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf

sábado, 7 de setembro de 2019

23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

A Palavra de Deus nos ajuda a viver com mais liberdade e lucidez!
Resultado de imagem para BÍBLIA IMAGENSAcabamos de celebrar a ‘Semana da Pátria’, e sobraram apelos vazios ao amor patriota e afirmações cínicas de defesa da soberania nacional, enquanto avança um criminoso programa de desmonte do país e cassação dos direitos sociais. A figura de um presidente tosco disfarça um programa de lesa-pátria. E Jesus Cristo, Palavra viva de Deus, chama a nossa atenção para as consequências da palavra dada e para os custos da realização das nossas decisões. Temos mesmo disposição de ir a fundo no seguimento de Jesus?
Nosso momento cultural não valoriza a prudência e o planejamento. A caderneta de poupança, com seu apelo a economizar, é coisa do passado. Hoje, reina absoluto o cartão de crédito, com seu permanente e sedutor convite a gastar sem planejamento, a seguir apenas os insaciáveis desejos de consumo. O que predomina e se impõe como regra é curtir e saborear a fundo o momento presente, sem preocupação com princípios e hábitos formulados por outros no passado, nem com aquilo que acontecerá no futuro.
Nesse ambiente, o seguimento responsável e maduro de Jesus Cristo sofre ameaças. Precisamos nos perguntar se nossa decisão de seguir Jesus Cristo tem fundamento. É claro que, para a maioria dos fiéis, o início da caminhada na fé cristã não está ligada a uma decisão pessoal, consciente e madura. Recebemos a fé cristã e católica misturada ao leite da mãe, ligada aos hábitos da nossa vizinhança, conjugada com a cultura transmitida pela escola. Seguimos esta estrada porque nos parecia a única, e o fizemos como ovelhas indiferenciadas de um rebanho. Era difícil e custoso trilhar outras sendas.
Mas, graças a Deus, nós crescemos, e os tempos mudaram. O pluralismo das opções que batem à nossa porta ou se oferecem aos nossos olhos todos os dias nos interpelam à aventura noutras estradas, ou a dar razões para permanecer naquela que sempre trilhamos. E hoje sabemos que o Evangelho nos pede prudência e avaliação crítica diante de atitudes e projetos que se travestem de sabedoria e se apresentam falsamente como religiosos e promotores de libertação. Jesus Cristo, com seu projeto de vida para todos, pede uma ruptura radical com a busca de vantagens individuais ou restritas a pequenos grupos.
Estar com Jesus e seguir seus passos supõe a decisão por uma específica escala de valores: a honra pessoal, a aceitação pública, a segurança dos bens e os próprios vínculos familiares são secundários em relação à prioridade absoluta da solidariedade com as vítimas, da abertura ao outro. A Palavra viva de Deus, feita carne em Jesus, nos mostra por onde andar. Tomar a cruz e caminhar com Jesus significa estar disposto a enfrentar a rejeição dos grandes e poderosos, libertar-se da busca infantil de cargos e honras e contar com a possibilidade do fracasso dos empreendimentos pessoais e institucionais.
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Preferir Jesus Cristo ao pai, à mãe, à mulher ou marido e aos filhos e filhas significa viver as relações familiares fora dos moldes patriarcais, no horizonte da geração de um mundo de irmãos (como testemunha Paulo em relação a Onésimo e Filemon). É o próprio Jesus quem adverte: “Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.” Está claro que o problema não é possuir alguns bens, cultivar vínculos de amizade ou consumir de modo maduro e consciente, mas deixar-se dominar totalmente pelos bens e pelo consumo, como se o sentido da nossa vida dependesse disso.
O seguimento de Jesus comporta renúncias e rupturas. A renúncia aos bens limitados ou aparentes é um meio para percorrer com mais autenticidade um caminho que conduz à vida abundante, tanto para si mesmo como para os outros. Renunciar a tudo significa limpar a casa, abrir espaço, ordenar as prioridades e orientar-se pela compaixão misericordiosa proposta de Jesus, colocar Deus e o Outro acima de tudo. Jesus é a Palavra de Deus que nos desinstala e chama à conversão. Sua proposta está longe de ser um anestésico barato. O caminho para a humanidade nova tem seus custos, e nós precisamos avalia-los e contabiliza-los!
Resultado de imagem para BÍBLIA IMAGENSJesus de Nazaré, irmão maior nos caminhos para uma humanidade irmanada e reconciliada, ensina-nos a avaliar bem as possibilidades e exigências do nosso tempo. Alimenta-nos e ilumina-nos com a tua Palavra, para que nossa consciência não permaneça anêmica ou anestesiada diante dos imensos desafios que a situação do Brasil nos apresenta. Ajuda-nos a compreender as exigências do seguimento dos teus passos e a renunciar a tudo o que possa nos afastar de ti. E que teu apóstolo e nosso irmão Paulo nos estimule a lançar as sementes da igualdade nas terras de um mundo ainda tragicamente desigual. Assim seja! Amém!
Itacir