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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA


 
Servir, sem medo de desaparecer, como fermento na massa!

A vida é uma travessia, e são muitas as armadilhas que nos ameaçam a cada passo. E então o medo nos visita frequentemente, sugerindo construir tendas que nos protejam, ou voltar à segurança imobilizadora do ponto de partida. Façamos esta travessia tendo a Palavra do Senhor como bússola, convictos de que, se o próprio Deus está a nosso favor e nos acompanha, nada nos poderá impedir de seguir lutando pela realização dos sonhos que partilhamos com a humanidade. E não esqueçamos o chamado a ativar a dimensão social da nossa fé, em atitude de generoso serviço à sociedade.

No último domingo contemplamos a cena das tentações de Jesus e meditamos sobre o modo como ele as vence. Ao ser informado da prisão de João Batista, Jesus percebe que soara para ele o tempo da missão. Então, deixa o deserto da Judeia e volta à Galileia. Em sua boca ressoa um anúncio marcado pela esperança e pela urgência: “O templo se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!” Este templo completado o move ele a mudar suas prioridades. Ele mesmo, acreditando na boa notícia que anuncia, reorganiza seu projeto de vida.

Hoje, encontramos Jesus no alto da montanha, acompanhado de Pedro, Tiago e João. Para os discípulos, a transfiguração de Jesus é uma experiência positiva. Envolvido pelo brilho de Jesus, Pedro parece vencer o medo que envolve a todos. Moisés e Elias lembra a presença de Deus nos momentos difíceis e desanimadores da história. Estes dois personagens confirmam e dão credibilidade ao caminho e ao ensino de Jesus. O evangelho da cruz, a proposta do amor que se faz humano dom de si mesmo, continua valendo, mais do que nunca. E é essa a razão do medo de Pedro, Tiago e João...

Nesta experiência densa e profunda, os discípulos são envolvidos pela luz e, sucessivamente, tragados pela escuridão nebulosa. E é de dentro da nuvem –  símbolo da presença de Deus na difícil e quase interminável travessia da escravidão para a liberdade, do servir-se para o servir – que eles ouvem a voz de Deus: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz.” Pedro, Tiago e João – e com eles todos os que fomos batizados em Jesus Cristo – devem levar a sério o que Jesus Cristo diz e faz, devem levar a sério a proposta evangélica de servir solidariamente, de desaparecer como o fermento na massa.

Escutar o que Jesus Cristo diz significa, negativamente: não fugir diante do chamado a encontrar a vida gastando-a pelos outros; não crer nos mitos que nos dizem que somos superiores aos outros; não imaginar que o Reino de Deus cairá prontinho do céu; não fingir que amamos, quando nossas ações traduzem desprezo. Positivamente, significa: renunciar aos interesses egoístas e dedicar-se totalmente à missão de levar todas as pessoas formarem uma só família, seguindo Jesus no caminho da cruz; dialogar com a sociedade civil e servir ao bem comum, começando pelo bem dos pobres.

Mas não deixa de ser intrigante o desejo expresso por Pedro: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias.” Pedro fala sem saber o que diz, para ‘quebrar o gelo’ e espantar o medo. As roupas brancas de Jesus falam muito claramente de martírio, e Pedro quer evitar a todo custo esse caminho... Para a transformação e a humanização do mundo, Pedro prefere o caminho do culto e da adoração, simbolizado na tenda, e descarta a proposta do amor que se faz dom e enfrenta o próprio martírio e vê Jesus como o vê Judas (cf. Mc 14,45)!

Há quem use a cena da transfiguração para amenizar as exigências do discipulado, para substituir o sangue pelas flores e a coroa de espinhos pela coroa do sucesso. Sabendo que os discípulos entendem mal ou pouco o que vêem, Jesus os proíbe severamente de falar da transfiguração. Esta mesma proibição aparece depois da reabilitação da filha de Jairo (cf. Mc 5,43) e da libertação do surdo-mudo (cf. Mc 7,36). Para Jesus, cultos espetaculares e publicidade escancarada não são caminhos adequados para resgatar a humanidade perdida e para viver o belo e exigente mandato de servir...

Jesus Cristo, Mestre e Servo da humanidade! Sustenta-nos enquanto dura a travessia desta vida e acompanha-nos na caminhada rumo à terra livre, à plena vida dos pobres. Ajuda-nos a sacrificar nossas frágeis seguranças, impotentes para garantir a verdadeira salvação. Abre nossos ouvidos à atenta escuta da tua boa e exigente notícia e ajuda-nos a traduzi-la em ações que resgatam a dignididade humana, tantas vezes pisoteada. E não permitas que tua Igreja se transforme numa tenda de bem-estar egoísta, e transforma as estruturas que nos dispensam ou impedem de amar e de servir. Amém! Assim seja!

Pe. Itacir Brassiani msf


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

PARA VÓS NASCI - V CENTENÁRIO DE TERESA DE JESUS N. º 3


 
Vossa sou, para Vós nasci,
Que mandais fazer de mim?
Soberana Majestade,
Eterna Sabedoria,
 
Bondade boa à alma minha;
 
Deus, alteza, um ser, bondade,
 
A grande vileza olhai
 
Que hoje vos canta amor assim:
 
Que mandais fazer de mim?
Temos sempre de lembrar-nos que Teresa nasceu no momento histórico em que a Espanha era governada por um regime monárquico, e por isso as expressões que se usavam para as autoridades da realeza, ela transfere-as para Deus. Na verdade, só Ele merece ser tratado assim, embora Deus seja bem outro do que estes tratamentos aos humanos recordem.
“Soberana Majestade” pode remeter-nos à revelação de Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”, o totalmente Outro, aquele que caminha conosco, aquele que está conosco, aquele que ele quer ser, aquele que sempre nos transcende, aquele que nunca atingiremos totalmente, aquele que ao mesmo tempo que está conosco, já está além, na frente, aquele que é e por isso nos remete também ao que somos, iguais aos irmãos e irmãs, mas ao mesmo tempo totalmente outros, imersos como Ele numa solidão que só será povoada à medida que nos esvaziarmos e acolhermos, despertarmos e vivenciarmos gozosamente sua presença e permanência em nós e entre nós.
 
Teresa começa sua poesia falando da grandeza de Deus, “Sabedoria eterna”, que é bom para com ela e cada um de nós. Pede que Ele olhe sua grande pobreza que já está totalmente enamorada Dele, a ponto de se identificar com o amor, pois diz que é o amor que canta assim: “Que mandais fazer de mim?”. Teresa é uma mulher mística que vivenciou o mistério de Deus que é AMOR.
 
Se você, eu, fôssemos reeditar esta estrofe, como faríamos em nosso contexto histórico? Que tal tentar e deixar registrado no comentário?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA


A conversão acontece nos desertos, periferias e fronteiras.

Na última quarta-feira, enquando recebíamos um punhado de cinza sobre a cabeça, escutávamos contritos e atentos a interpelação: “Convertam-se e acreditem no Evangelho!” Exatamente nessa ordem: primeiro, converter-se; depois, acreditar no Evangelho. A proposta apresentada por Jesus e o caminho por ele aberto são portadores de uma novidade tão radical que, para acolhê-la, precisamos mudar nossos esquemas mentais. Mas o ponto de partida é aquilo que Pedro anuncia: a Aliança que Deus selou conosco em Jesus Cristo, a justo que morreu para reconciliar os injustos com Deus.

O evangelista nos diz que, logo depois do batismo no rio Jordão, onde se descobre filho amado do Pai e servo enviado aos irmãos e irmãs, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto. Seu batismo assinala claramente um novo começo, mas com sua retirada para o deserto esse início parece ser adiado por um tempo. Na verdade, Jesus apenas se retira do palco e se subtrai aos refletores para aprofundar o sentido da missão que recebeu no batismo. No deserto, ele é levado ao confronto consigo mesmo e com as diversas possibilidades de viver sua condição de filho amado do Pai e servo da humanidade.

No deserto, Jesus faz a experiência das tentações que costumam acompanhar todos aqueles que se empenham no serviço a Deus e ao seu povo: a tentação das soluções fáceis, miraculosas e espetaculares (cf. Mc 8,11); a tentação do legalismo e do casuísmo para beneficiar apenas algumas pessoas (cf. Mc 10,2); a tentação de disputar o poder (cf. Mc 12,15); a tentação de identificar a vontade de Deus com seus próprios medos e vontades (cf. Mc 14,32-38). Os 40 dias de deserto recordam simbolicamente que Jesus foi frequentemente tentado, mas venceu deixando-se guiar pelo Espírito.

No deserto, Jesus pode clarear o núcleo do Boa Notícia que anunciaria aos pobres. Por isso, este foi um tempo forte de discernimento e amadurecimento que, de alguma forma, se estendeu por toda a sua vida. Pois o amadurecimento costuma se oferecer na discrição, no silêncio e na margem, longe dos holofotes e da publicidade. Assim é o tempo quaresmal: um tempo para sair do centro das atenções, deixar de lado os papéis decorados que encenamos, vencer a comodidade de ficar na superfície e na periferia de nós mesmos, penetrar no núcleo mais secreto e vivo do nosso ser.

O anúncio que Jesus acolheu, aprofundou e reformulou no seu deserto não comporta ameaças ou imposturas. É pura Boa Notícia. “O tempo de espera se cumpriu e o Reino de Deus está próximo!” Aquilo que era esperança faz-se realidade. Aquilo que estava distante agora está inexoravelmente próximo. É o tempo de graça do Senhor, da assinatura de um novo pacto com seus filhos e filhas e com toda sua criação, da justiça vindo como chuva e da paz correndo como rio... Jejuamos, rezamos e fazemos penitência para não passarmos ao largo ou relativizarmos a única coisa que vale a pena.

E qual é este bem precioso do qual não podemos abrir mão? É o novo céu e a nova terra, um país sem miséria e sem corrupção, mas também sem injustiças nem desigualdades; uma cultura que enfatiza a relações harmoniosas entre as gerações, entre os grupos sociais, com a natureza e até com a morte, parte insuprimível da vida. E isso mesmo quando somos instados a desconfiar de quem anuncia boas notícias e duvidar de que ainda haja boas notícias. Quantas são hoje as pessoas, inclusive lideranças religiosas, que não acreditam em nenhuma mudança ou melhoria nas relações humanas e sociais?!

Jesus percorre caminhos que o levam do rio Jordão ao deserto e, do deserto, à Galiléia. Caminhos que o afastam dos palcos e o aproximam da margem. Estradas que levam ao encontro do povo cansado e abatido para anunciar-lhe a Boa Notícia da chegada do Reino de Deus, da renovação da aliança selada com Noé e com Moisés. Eis o rumo que seus discípulos e discípulas precisamos seguir. É apenas um rumo, e não uma estrada bem sinalizada. Os caminhos concretos somos nós que devemos inventar, na força do batismo e com uma consciência boa e reta, como nos diz São Pedro na sua carta.

Jesus, voz que clama no deserto! Faz que nossa oração oxigene nossa fé e nos mantenha abertos  às tuas promessas. Que o jejum nos ajude a perceber nossos limites e potencialize nossa sede de paz e de justiça. Que a partilha com os mais pobres seja semeadura de novas relações, fecundadas pelo amor e pelo serviço generoso. Que nossas celebrações comunitárias nos mantenham numa atitude vigilante e nos sustentem na necessária conversão. E não permitas que o cansaço ou a pressa nos prendam aos velhos hábitos e nos impeçam de servir ao bem comum, como indivíduos e como Igreja. Amém! Assim seja!

Pe. Itacir Brassiani msf

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

QUARTA-FEIRA DE CINZAS E INÍCIO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE


O tempo que vivemos pede brincadeiras, fantasias, diversão, sair do sério. Mas isso não nos dispensa de pensar e preparar com capricho um outro tempo, igualmente bom e mais decisivo, que inicia quando os trios param, o confete baixa e as fantasias são abandonadas: o tempo de quaresma, de campanha que nos chama à fraternidade, de mudar hábitos e não apenas roupas e fantasias... Prá começar, aqui está minha partilha para a quarta-feira de cinzas. Fraternalmente, na alegria de caminhar com você na escuta, na encarnação, na comunhão e na missão, marcas do espírito de Nazaré, Itacir Brassiani msf.
 
 

Arregaçar as mangas e colocar-se a serviço do bem comum !

A tempo quaresmal se abre como um tempo de concentração e de busca do essencial, como um convite a voltar a Deus de todo o coração, a vencer a tendência à fragmentação e à indiferença, a verter todas as energias para o único objetivo realmente decisivo: acolher a oferta de reconciliação que o próprio Deus nos faz; refazer as relações fraternas e avançar na construção de uma sociedade justa. E, neste ano, pensar e viver de forma responsável a relação entre fé e sociedade, entre o seguimento de Jesus Cristo e a necessidade de contribuir para a construção de um país mais justo e solidário

Escrevendo aos cristãos de Corinto, Paulo sublinha que o próprio Deus toma a iniciativa de refazer a aliança e consertar a ruptura que provocamos com a sua proposta: em Jesus Cristo, ele reconciliou definitivamente consigo o mundo e cada um de nós. É deste dom incondicional, desta amizade reatada unilateralmente, que brota para nós a exigência de reconciliação com o Pai e com os irmãos e irmãs. E isso não é algo secundário, mas uma tarefa essencial. É coisa para hoje, para agora! “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação!”, sublinha São Paulo.

A tradição das comunidades cristãs privilegiou três ações para expressar a mudança de direção e a convergência das forças que marcam o tempo quaresmal: a esmola, a oração e o jejum. Mas, em relação a estas práticas de piedade, Jesus Cristo pede vigilância e autocrítica, pois nem mesmo estas ações estão livres da falsificação e do faz-de-conta. Por mais piedosos que pareçam, estes gestos podem ser motivados apenas pela busca de aprovação, de estima e de reconhecimento e, então, nos afastam da lógica de Deus, pois ele aprecia aqueles que o mundo não vê, aquilo que fica escondido...

Em relação à esmola, Jesus não a descarta, mas também não se entusiasma ingenuamente. De fato, ele questiona a motivação e disposição com a qual costumamos dar esmola. “Não mande tocar trombeta na frente... Que a sua mão esquerda não saiba o que a sua direita faz.” O sentido autêntico da esmola é a solidariedade e a partilha daquilo que temos com as pessoas mais necessitadas que nós. Mais que dar daquilo que sobra ou não faz falta, trata-se do chamado a partilhar aquilo que é fruto da terra e do trabalho da humanidade e que, por isso mesmo, não pode ser privatizado.

Para a maioria das religiões, a oração é uma expressão de fé e de comunhão com a divindade. Não faltam grupos e pregadores que insistem na necessidade de rezar muito, de multiplicar terços, ladainhas, missas e promessas. Mas Jesus insiste mais na qualidade e na motivação que na quantidade da oração.  Para ele, a oração é abertura radical a Deus e à sua vontade; superação dos estreitos limites dos nossos gostos, preferências e necessidades; diálogo íntimo e amigo com Aquele que quer nosso bem e que não descansa enquanto todos os seus filhos e filhas não estejam bem.

Quanto ao jejum, hoje ele está de novo na moda, e recebe o simpático nome de dieta. Mas quem a pratica está muito preocupado consigo mesmo – com  a saúde ou com a aparência – e pouco interessado com a compaixão e a partilha. No tempo de Jesus, muitas pessoas usavam o jejum, sinal de arrependimento e de mudança, para impressionar os outros e aumentar a influência e o poder sobre eles. Como cristãos, precisamos resgatar o sentido pedagógico do jejum: fazer experiência da própria vulnerabilidade e participar solidariamente das necessidades dos nossos irmãos e irmãs.

Na espiritualidade quaresmal, o jejum, a esmola e a oração estão a serviço do nosso fortalecimento para combater todas as formas de mal, da nossa conversão ao tesouro do reino de Deus, da renovação da nossa vida em todas as suas expressões. E isso se mostra cotidianamente na abertura humilde e reverente a Deus,  na consciência da nossa interdependência em relação aos nossos irmãos e irmãs, na luta permanente para superar a indiferença e o pragmatismo interesseiro que pode guiar as igrejas e religiões em suas relações com a sociedade civil e o estado brasileiro.

Ó Deus, tu sempre ouves o clamor do teu povo e mostras compaixão com os oprimidos e escravizados. Faz que experimentemos a liberdade que nos vem da participação na cruz e na ressurreição de Jesus, de uma vida social pautada pelo serviço gratuito. Converte-nos pela força do teu Espírito, para que evitemos a globalização da indiferença e sejamos sensíveis às dores e sofrimentos de todo e qualquer ser humano, sem fazer caso da sua identidade política ou religiosa. Comprometidos na luta pela superação da indiferença, queremos viver como teus filhos e filhas e construir um país solidário. Assim seja! Amém!

Pe. Itacir Brassiani msf
 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

PARA VÓS NASCI - V CENTENÁRIO DE TERESA DE JESUS N. º 2


Vossa sou, para Vós nasci,
Que mandais fazer de mim?
 
Vossa sou, Senhor! Vosso sou, Senhor! Quem na contemporaneidade ainda diz e reza de todo coração assim ao Deus que nos criou?  E você, tem em seu coração está disponibilidade, esta alegria, esta oração singela e profunda? Vossa sou, vosso sou é uma oração, uma maneira de estar e viver neste mundo, portanto, é uma espiritualidade independentemente do seu credo. Somos seus, de Deus, querendo ou não. Então, é melhor aceitar com simplicidade e humildade, isto é, com verdade, que somos Daquele que nos plasmou.
 
Até aqui, tudo bem! Ser Dele! Ótimo! Mas, o que vem a seguir na oração? Uma pergunta. Ela pode ser crucial, porém é o único caminho da felicidade, da bem-aventurança aqui e eterna: “Que mandais fazer de mim?”. Pergunta crucial, por que ao escolher o Caminho de Deus, você vai deparar-se com quem não o escolhe, e isto exigirá de você uma fidelidade que vai levá-lo por um caminho de cruz, semelhante ao Filho Dele, que para não se desviar do projeto do Pai, entregou sua amada vida aceitando morrer numa cruz. Deus não quer o sofrimento de ninguém, mas depois do pecado ele entrou na história humana assumida também pelo Seu Filho Jesus.
 
Estamos fazendo uma tradução literal, servindo-nos das mesmas palavras em português que ela utilizou ao compor a poesia em espanhol, poesia que é uma oração, ou melhor, sua vida em oração e poesia. Porém em uma linguagem mais nossa e também bíblica e mariana, diríamos a Deus: “Senhor, que quereis que eu faça?”, ou, “Faça-se em mim segundo a vossa Palavra!”. A mulher e o homem hodierno esqueceram-se desta grande e importante pergunta Àquele que nos chamou à vida. Quem ainda se coloca à disposição de Deus? Quem ainda se pergunta sobre a vontade de Deus em sua vida? Você deve estar dizendo: “Muitas pessoas!”. Ótimo! Mas, também uma inumerável multidão dispensa totalmente Deus.
 
Que estas duas frases orantes proporcionem-lhe lindos, profundos e reconfortantes momentos de meditação, de oração, de contemplação, de encontro com o Transcendente, com Deus que você logo descobrirá que é só AMOR!!! (Se ainda, lógico, não o descobriu).
 
Você deve estar pensando, como se faz tudo isto: meditar, orar, contemplar. É muito simples. Começa por uma pequena palavra que não citamos, mas que vem em primeiro lugar: ler. (Isto servirá para todos os seus momentos orantes). Sempre em primeiro lugar é preciso ler, ler e ler. Entender bem as palavras a serem rezadas, entender bem o que dizem, para você não manipulá-las a seu bel-prazer. A meditação é ouvir o que o texto diz para você, isto é, invocar e ouvir o Espírito Santo. A oração, é sua. É o que a partir do texto e da meditação você vai dizer a Deus. E a contemplação é a luz nova; o que ficou; seu compromisso de vida, que pode ser sintetizado numa frase ou palavra.
 
BOA MEDITAÇÃO!!!
 

SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B


 
Jesus cura os doentes e resgata a cidadania dos excluídos.

Depois de nos ter convocado a tomar parte na sua missão de reunir o povo disperso e anunciar a chegada do Reino de Deus, Jesus vai à sinagoga, onde enfrenta a autoridade dos escribas, e à casa de Pedro, onde cura muitos doentes. E, após uma madrugada de oração, no final da qual ampliou os horizontes da missão, Jesus é procurado por um leproso. Narrando estes fatos, o evangelista Marcos nos ajuda, pouco a pouco, a reconhecer em Jesus um homem absolutamente livre e libertador, capaz de estabelecer a pessoa humana necessitada ou marginalizada como prioridade absoluta.

No tempo de Jesus, a lepra era considerada uma das piores doenças. A lei de Moisés determinava que as pessoas portadoras dessa doença deveriam ser separadas da convivência familiar e social e morar fora das aldeias, em bosques ou cavernas. E proibia que elas se aproximassem das pessoas considaradas sãs. Os leprosos eram declarados impurs, e assim permaneciam enquanto durava a doença. Isso significa que, como doentes, eram colocados à margem da sociedade e considerados sujeitos sem direitos e sem dignidade. A lei da impureza tornava ainda mais pesada a vida do leproso...

O que chama a atenção é que o leproso do evangelho de hoje se aproxima de Jesus sem levar em conta as limitações impostas pela lei. Ele chega perto de Jesus e pede, reverente: “Se queres, tu tens o poder de me purificar”. Essa aproximação é uma transgressão da lei que demarca muito bem os limites da movimentação de um leproso. Ele jamais poderia aproximar-se de qualquer pessoa sã, e deveria gritar de longe que ninguém se aproximasse dele porque, era impuro. De onde vinha a confiança e a força que sustentaram aquele leproso anônimo na sua destemida transgressão?

Não deixa de causar surpresa o registro de que Jesus ficou muito irritado (embora algumas traduções amenizem e falem que ele se compadeceu). Seguramente, Jesus não se irrita com o leproso que a ele se dirige com tanta coragem e reverência, mas com a terrível ideologia que carimbava o fardo da doença com a marca da impureza e da marginalização. Ou então, porque sabe que aquele leproso já havia procurado os sacerdotes para ser purificado e nada conseguira. Jesus se irrita porque sabe que os leprosos são marginalizados e que, para serem purificados, devem oferecer um sacrifício especial.

Jesus “estendeu a mão, tocou no doente e, respondendo à interpelação dele, disse: ‘Eu quero, fique purificado!’ No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado.” Jesus não se distancia da doença e da impureza que pesa sobre os marginalizados, mas deixa-se tocar pela miséria deles e, ao mesmo tempo, os purifica com seu toque solidário.  Declarando puro aquele leproso, Jesus desafia a lei e a autoridade sacerdotal, e ocupa o lugar deles. Enviando o leproso ao templo, Jesus reintroduz no mais sagrado dos espaços aquela criatura condenada à viver à margem da cidadania...

Dito de outro modo: aquele leproso transformado em cidadão é enviado ao templo para testemunhar contra os sacerdotes, e assim  é envolvido na própria missão de Jesus. Na verdade, tendo sido reinserido socialmente, ele não vai ao templo, mas se transforma em apóstolo na praça pública: “Começou a pregar muito e espalhar a notícia.” Aquele homem antes condenado a viver nos lugares remotos e desertos, voltou ao seio da família e da cidade e tornou-se testemunha e evangelizador. Mas, como consequência, agora é Jesus que não pode mais entrar sossegado numa cidade...

Parece que a impureza  deixa o leproso e passa a Jesus. Com seu toque humanamente divino, Jesus purifica o leproso e assume sua impureza, assume na sua própria carne o pecado do mundo. O doente, antes excluído, se torna cidadão, enquanto que Jesus experimenta a perseguição... Os lugares desertos e afastados das cidades, porém, não são obstáculo para sua missão libertadora. “De todos os lados as pessoas iam procurá-lo...” Jerusalém se esvazia, o templo fica estéril e o povo procura Jesus no deserto. Mas Jesus não age como um simples curador: ele desmascara a ideologia discriminadora dos escribas.

Estende tua mão, Jesus de Nazaré, e toca as multidões que jazem à beira da vida, jogadas em situações nas quais é quase impossível sobreviver. Converte a mão da tua Igreja em mão acolhedora e benfazeja; ajuda-nos a ir além das cômodas mãos postas e a eliminar os incômodos dedos em riste. Que a comunidade dos que acreditam em ti trabalhe sem tréguas pela tua glória, que é a vida dos pobres, e não seja pedra de acusação ou de tropeço para ninguém. Assim, os cristãos serão teus imitadores e poderão ser imitados, pois não estarão buscando o que é vantajoso pare si mesmos. Amém! Assim seja!

Itacir Brassiani msf

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PARA VÓS NASCI - V CENTENÁRIO DE TERESA DE JESUS N. º 1


 
Como é do conhecimento de muitos, Santa Teresa de Jesus é a fundadora do Carmelo Teresiano, a OCD; assim nós nos assinamos no final de nosso nome, que quer dizer: Ordem do Carmelo Descalço, por que surgiu exatamente num momento da história da Igreja que nas Ordens Religiosas havia este movimento, o da descalces, uma espécie de refontização da Vida Religiosa que havia se afastado um tanto do seu ideal do seguimento de Jesus. Por muito tempo Teresa foi chamada de Reformadora do Carmelo. Ainda há quem assim a denomina, mas o aprofundamento sobre a obra do Espírito Santo realizada nela e através dela na humanidade, faz-nos perceber e concluir que o Espírito Santo realizou nela é realmente algo novo, singular, original no Carmelo, que sim, já existia, há séculos. O Carmelo começou a existir como movimento leigo desde 1189, no final das Segundas Cruzadas, na Terra Santa, e teve sua Regra aprovada por Inocêncio IV a 1. º de outubro de 1247.
Mas então, o que é Teresa no Carmelo? Vamos dizer que o Carmelo é como uma árvore. Em Teresa o Espírito Santo suscita um novo broto que dará frutos novos, com sabores novos, com novas peculiaridades, mas serão sempre frutos com o sabor da origem, "daquela casta de onde viemos", para nos servirmos de palavras suas. Ou então, o Carmelo é como um rio. Em Teresa ele abriu um novo leito, corre por outros caminhos, mas a água é a mesma: a do silêncio, da solidão, da vida fraterna, da oração e da missão. Apenas para citar alguns aspectos, os mais importantes, com certeza. Como vemos, não apenas reforma, arruma o que não estava conforme o Carisma, mas dá a tudo isto um toque peculiar, cria algo novo, discerne o que está ultrapassado, acrescenta, descobre, amplia, projeta a obra para ir sempre em frente: “Agora começamos e procurem ir começando sempre, e de bem para melhor”, como nos diz no livro das Fundações. Assim podemos sem sombra de dúvidas chama-la de Fundadora, pois o próprio São João da Cruz reconheceu nela a mãe do Carmelo Descalço, e mãe é aquela que gera vida nova. Portanto estamos vivenciando a graça singular de estarmos vivos fazendo memória da vida daquela que foi fecundada pelo Espírito Santo e que gerou e deu corpo e expressão ao que hoje a humanidade chama carinhosamente o Carmelo de Teresa,  e consequentemente o Carmelo de Jesus, pois Teresa é de Jesus, e Jesus de Teresa, como nos fala a poesia do êxtase de Teresa que mais tarde você vai conhecer.
Teresa de Ahumada nasce em 28 de março de 1515, em Ávila, Espanha. É o V CENTENÁRIO DE SEU NASCIMENTO que estamos celebrando. Mais tarde já religiosa deixa-nos esta significativa poesia: "Nas mãos de Deus"; com o refrão que tão bem retrata este acontecimento e que é o lema do seu centenário: "VOSSA SOU, PARA VÓS NASCI, QUE MANDAIS FAZER DE MIM?". Aos poucos vamos publicar toda esta linda poesia, para que você possa meditá-la e assim rezar com ela; avaliar sua vida e dispor-se como ela para o que Deus quer realizar em você.
BOA MEDITAÇÃO!!!

sábado, 7 de fevereiro de 2015

QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B


Jesus nos toma pela mão, nos liberta e nos torna servidores.
 


Com a presença de Jesus, a casa de André e de Pedro se converte em espaço de acolhida e recuperação de doentes. Jesus desconhece a separação rígida entre espaço público e espaço privado. Sua ação libertadora não conhece fronteiras: supera a oposição entre religião e política; desconhece a divisão entre espaço público e espaço privado; une oração e ação; não reconhece a prioridade aos homens em detrimento das mulheres; vai além do moralismo que impõe o respeito às autoridades e faz pouco caso do povo simples; une de forma indissolúvel o amor a Deus ao amor ao próximo...

Na casa de Simão e André, Jesus fica sabendo que a sogra de Simão estava acamada. Aquela mulher anônima é o símbolo da humanidade oprimida por doenças, dominações  e doutrinas que discriminam e condenam. Constritas ao mundo privado, quando adoeciam as mulheres eram ainda mais segregadas, inclusive no próprio espaço doméstico. Ao machismo que lança profundas raízes na mente e no coração dos homens vinha se somar a ideologia da impureza. E isso sem falar na visão preconceituosa que até entre nós recai sobre a figura da sogra...

Jesus não faz pouco caso daquilo que seria uma simples febre, não faz de menos por ser a doente uma mulher, nem espera que a conduzam a ele. “Jesus foi onde ela estava, segurou a sua mão e ajudou-a a se levantar.” Este gesto de Jesus é uma espécie de parábola que evidencia um Deus que se aproxima da humanidade oprimida, para tomá-la pela mão e firmá-la sobre os próprios pés. Num mundo no qual predominava a figura masculina, Jesus se importa com a febre de uma mulher. E mais: rompe as barreiras culturais e toca no corpo de uma pessoa doente.

E seu gesto não se restringe a isso. Numa sociedade que sujeita os mais fracos e  mantém multidões na dependência frente aos que detém o poder, Jesus ajuda o povo caminhar com os próprios pés. Aquela mulher, que antes estava segregada e dependente por causa da doença, se descobre livre e capaz de servir. “Então a febre deixou a mulher e ela começou a servi-los.” E não se trata de um simples serviço subalterno ao qual são submetidas as mulheres. Ao servir Jesus e os presentes, a sogra de Pedro exerce a diaconia emancipada, característica dos discípulos de Jesus.

Fica a impressão de que Jesus até desrespeita a casa dos seus amigos, e a transforma em lugar de resgate da dignidade e da autonomia de um povo cansado e abatido, doente e oprimido. “À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu na frente da casa...” Como diz o salmista, Deus “cura os corações despedaçados e cuida dos seus ferimentos”. Jesus não se cansa de atender às necessidades das pessoas desamparadas e lhes devolve a possibilidade de cidadania e de vida plena, de um bom viver.

Mas é evidente que Jesus não receita um simples tratamento para as doenças, pois não é enfermeiro nem médico. Ele cura, ou seja, reintegra plenamente as pessoas no convívio social, mesmo que isso signifique negar radicalmente as leis que separam e excluem os doentes, considerados impuros e culpados do próprio mal-estar. Mas, devolver ao povo a dignidade e autonomia que lhe pertence é um trabalho exigente, e corremos o risco de imaginar-nos auto-suficientes, ou de reduzir as pessoas às suas necessidades e carências. E é aqui que entra a oração...

Daí a importância de tomar distância para inserirmo-nos de modo coerente e profundo na missão. Jesus não se deixou envolver pela fama, nem ser dominado pelo que parecia mais urgente. “Todos estão te procurando...” Ele sabia distinguir aquilo que éra urgente e aquilo que era essencial. “Quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.” Para ele, a oração nunca foi álibi para não se importar com as necessidades do povo, mas seu jeito de manter abertura a todos. A oração foi também a pedagogia que o ajudou a centrar a vida na vontade do Pai e não em si mesmo.

Querido Jesus, tu vens à nossa casa, pois tua Boa Notícia não fronteiras. Ensina-nos a sair de nós mesmos e das nossas Igrejas para estendermos a mão a todas as pessoas encurvadas sob o peso de tantos fardos econômicos, culturais e religiosos. Dá-nos a coragem de seguir teu exemplo e fazer do serviço aos nossos povos nosso tesouro e destino, de fazermo-nos fracos com os fracos, tudo para todos. E isso, por causa do Evangelho, cujo anúncio é para nós uma necessidade que vem da profundidade da fé e o motivo das nossas maiores alegrias, como ensina Paulo. Amém! Assim seja!

Itacir Brassiani msf

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B



Este mundo amante da guerra não é o único possível.

Há alguns anos atrás, quando Israel bombardeava o Líbano – a bola da vez no bilhar dos donos do poder no Oriente Médio – o uruguaio Eduardo Galeano lançava no ar perguntas contundentes: “Até quando continuaremos a aceitar que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível? Até quando continuarão a soar em sinos de madeira as vozes da indignação? A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, comem os vivos e os mortos...” Mas as vozes que se opõem às mudanças que urgem sempre se fazem ouvir, como no episódio da sinagoga de Cafarnaum...

 O problema é que são muitas e diversas as imagens de Jesus que circulam em nosso meio, desde aquelas que o aproximam da majestade dos reis até aquelas que o identificam com o jovem de bem com a vida, sem esquecer aquelas de um torturado banhado de sangue e as outras que o apresentam como um ser absolutamente sereno e tranquilo diante de tudo. E, ao lado das imagens pintadas ou esculpidas, temos aquelas que criamos mentalmente e revelamos nos textos teológicos e espirituais, como aquela de um doce e ingênuo pregador dos valores do céu, da importância da alma...

A imagem de um Jesus ocupado em curar doenças também está bastante presente em nosso meio. É verdade que os evangelhos nos dizem que Jesus curou muitas pessoas, mas disso não podemos passar à imagem de Jesus como a de um médico ou curandeiro. As curas de Jesus foram poucas e em contexto muito preciso. E não esqueçamos que a doença como é fato social, e não uma simples complicação orgânica. Em situações de alto grau de insegurança e tensão as doenças se multiplicam. A verdadeira cura é a recuperação do bem-estar pessoal e social das pessoas, e é isso que Jesus faz.

Jesus não saiu pelos caminhos da Galileia simplesmente oferecendo curas a preços módicos, fazendo concorrência com os médicos e hospitais, como querem dar a entender alguns pregadores de hoje. Para Jesus, o resgate do pleno bem-estar, especialmente dos pobres e doentes, é um sinal da chegada do Messias. Quando cura, sua intenção não é afirmar o próprio poder ou divindade e fazer fama, mas oferecer sinais de que o Reino de Deus chegou de fato como vida em abundância para as pessoas mais sofridas. E não pensemos que as curas que ele realizava eram aceitas com unanimidade...

As ações mediante as quais Jesus restaura a vida e a cidadania das pessoas em sua integralidade são denúncias tácitas da inoperância do sistema político, cultural e religioso que não só não possibilita a saúde como também provoca o adoecimento físico e psíquico do povo. Esse enfrentamento com a ordem estabelecida fica claro no luta de Jesus contra os ‘espíritos impuros’. Mas, para compreender o sentido profundo e revolucionário dos “exorcismos” de Jesus precisamos esquecer aquilo que vimos nos filmes de exorcismo e o que vemos hoje nos cultos pentecostais...

No texto do Evangelho deste domingo a questão não é propriamente a possessão ou o exorcismo. Lembremos que esta é a primeira ação pública de Jesus relatada por Marcos, que o palco da cena é a cidade de Cafarnaum, que o lugar é a sinagoga – espaço dominado pelos escribas! – e o dia é sábado. Os escribas tinham o poder declarar alguém puro ou impuro, e isso estava ligado com saúde e doença. Pôs ali, diante de um povo admirado com a autoridade do ensinamento de Jesus, uma pessoa possuída por um espírito mau começa a protestar: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir?”

Está muito claro que na voz desse cidadão anônimo e despersonalizado ressoa a voz dos escribas, ‘donos do campo’. O que está em jogo nesta cena é a autoridade de ensinar, orientar e liderar o povo: ela pertence a Jesus ou aos escribas? O medo de perder a liderança pode provocar ações e discursos enlouquecidos... Na voz desse homem dominado se manifesta o pânico e a desestabilização provocadas pela autoridade alternativa de Jesus. E isso é confirmado pela própria ação de Jesus: ele luta, ameaça o ‘espírito mau’ e manda que ele se cale e deixe de dominar as pessoas.

Jesus de Nazaré, profeta corajoso na palavra e ousado na ação: Somos teus discípulos, e conosco estão os irmãos e irmãs de milhões de comunidade cristãs, além de homens e mulheres de boa vontade que se fazem movimento. Não permitas que vendamos nossa esperança por preço nenhum. Não nos deixes trocar teu Evangelho por ‘antigas lições’, ou fazer de ti um mestre doce e inofensivo. Ajuda-nos a romper com as estruturas de um mundo enamorado da morte, e faz ressoar em nossos sinos de bronze tua boa notícia, a indignação e a esperança! Assim seja! Amém!

 
 
Itacir Brassiani msf

ENTRADA NO CARMELO DE MARIA JOSÉ LAURIANO


Com alegria acolhemos em nossa comunidade uma jovem disposta a seguir Jesus, para fazer seu discernimento vocacional. Maria José Lauriano é da cidade Satélite de Brasilia, Recanto das Emas.
Ela ingressou no nosso Carmelo no dia 21 de Janeiro de 2015 às 19 horas aproximadamente.
Com alegria a acolhemos. Que Jesus lhe mostre o caminho de seu seguimento.