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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 16 de novembro de 2019

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Como construir o Reino de Deus em tempos tão difíceis?
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CJesus não se deixa enganar pelo gesto meticulosamente pensado dos ricos que versam volumosas esmolas, banhadas de sangue, no tesouro do Templo. Lúcido e corajoso, ele critica a exploração que elas encobrem. Mas alguns dos seus discípulos se extasiam diante da grandiosidade dos muros e das ofertas. Será que imaginam que Deus vem a nós montado no poder, e que sua glória se expressa nos templos suntuosos? Será que a eternidade e a estabilidade são privilégios do poder e da grandeza? Será que o amor humilde e perseverante carece de brilho e de esplendor? Será que os últimos serão sempre os últimos?
Para Jesus, o futuro não é uma simples continuação dos horrores e injustiças do presente. Ele se inspira no horizonte do profeta Malaquias, para quem, no projeto de Deus há um ‘dia do Senhor’, um dinamismo semelhante ao fogo que queima como palha o atrevimento daqueles que praticam injustiças: deles não sobrará nem raízes, nem ramos. Mas, para os oprimidos, este Dia surge como sol depois de uma tempestade, fazendo-os saltar de alegria. A força de Deus que age mediante pessoas, grupos e comunidades frágeis e perseverantes reduzirá a nada as grandezas erguidas com o sangue e o suor dos pobres.
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CPor isso, Jesus não se impressiona com a aparente estabilidade do Templo. “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.” Ele não prevê uma vingança do destino, nem algo que acontecerá independente da ação humana. Mas quem crê nesta Palavra se liberta da sedução das grandes coisas e, na mesma medida, começa a desestabilizar os podres poderes nas suas próprias bases.Em nenhum momento, porém, Jesus nos assegura que esse caminho será fácil, pleno de êxito e de glória. Ao contrário, ele insiste que a luta é grande e difícil. O que ele faz é assegurar sua presença ao lado dos que permanecem na luta.
Viver na nostalgia e na expectativa dos grandes eventos, momentos e monumentos é contrário ao espírito de Jesus. O caminho daqueles que levam em seu corpo as marcas do crucificado é o único capaz de transportar vida e garantir fidelidade à Igreja do Senhor. Mas precisamos ficar atentos, pois, nos momentos de crise, quando os caminhos se bifurcam e os poderes estabelecidos inventam novas formas de opressão, costumam surgir mensageiros que se apresentam como libertadores, propondo estranhos caminhos de salvação e assegurando que ela está à porta. E anunciam, cinicamente: “Deus acima de tudo!”
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CJesus pede que não sejamos ingênuos, e diz claramente: “Não andeis atrás desta gente!” Não podemos dar crédito a mensagens e mensageiros alheios ao Evangelho, que passam à margem da compaixão com os pobres e da humildade da semente de mostarda. E isso mesmo quando tais mensagens e mensageiros vêm do interior da Igreja e revestidos de ostensiva piedade. Não podemos seguir aqueles que nos distanciam de Jesus Cristo e seu Evangelho, fundamento, origem e meta da nossa fé. Não podemos também ceder a propostas de fuga dos conflitos e de espera passiva da intervenção de Deus.
É verdade que, nos momentos de crise, somos tentados a pedir demissão da condição de discípulos missionários ou a lançarmo-nos afoitos na restauração de estruturas caducas que parecem dar segurança. Jesus aponta para uma direção diferente. Nos tempos difíceis e contraditórios é preciso aprofundar as raízes, ampliar os horizontes, identificar o que é essencial e inegociável. O planejamento da própria defesa não pode consumir nossas melhores energias! Insegurança, marginalização e perseguição não são sinais de fracasso, mas convite a anunciar o Evangelho com a vida. “Será uma ocasião para dardes testemunho...”
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CCada geração tem seus próprios problemas e desafios. Sem perder a calma, precisamos encontrar a forma adequada de testemunhar aquilo que cremos e esperamos. Não precisamos sonhar com heroísmos que ultrapassam as nossas forças, nem com defesas e seguranças que impedem que nos tornemos adultos na fé. Não podemos sacrificar a vocação profética no ambíguo altar da apologética.  Jesus não promete vida fácil para quem segue seus passos. O sucesso é mera possibilidade, mas a perseverança na luta é uma obrigação.
Jesus, sonhador indomável, verbo eloquente e profeta perseguido: fica conosco nestes tempos difíceis, de ruína e de reconstrução do mundo, da Igreja e do Brasil. Ensina-nos a viver a fé, a cultivar um estilo de vida paciente e tenaz, liberto e criativo, que nos ajude a responder aos muitos desafios sem perder a serenidade, nem a lucidez e a coragem.  Ajuda-nos a construir o mundo que sonhaste nas situações adversas nas quais vivemos, sem medo, sem passividade e sem ingenuidade, esperando como se tudo dependesse de ti e sendo criativos como se tudo dependesse de nós. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf

TEMPOS DE CRISE


TEMPOS DE CRISE
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CNos Evangelhos recolhem-se alguns textos de caráter apocalíptico, nos quais não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs, envolvidas em situações trágicas enquanto esperam com angústia e no meio de perseguições o final dos tempos.
Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não hão de ser tempos de lamentos e desalento. Não é tampouco a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise «tereis ocasião de dar testemunho». É então quando nos é oferecida a melhor oportunidade para dar testemunho da nossa adesão a Jesus e ao Seu projeto.
Há muito tempo estamos sofrendo uma crise que está golpeando duramente a muitos. O que aconteceu neste tempo permite-nos conhecer com realismo o dano social e o sofrimento que está gerando. Não terá chegado o momento de avaliar como estamos reagindo?
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CA primeira coisa a fazer talvez seja rever a nossa atitude de fundo: Será que nos posicionamos de forma responsável, despertando em nós um sentido básico de solidariedade, ou estamos a viver de costas a tudo o que pode perturbar a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos grupos e comunidades cristãs? Definimos uma linha de ação generosa ou vivemos celebrando a nossa fé à margem do que está a acontecer?
A crise está abrindo uma fratura social injusta entre aqueles entre nós que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão a ficar excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não sentimos a chamada para introduzir cortes na nossa vida para poder viver nos próximos anos de forma mais sóbria e solidária?
Pouco a pouco, vamos conhecendo mais de perto quem vai ficando mais indefeso e sem recursos (famílias sem nenhuma rendimento, desempregados de longa duração, imigrantes doentes, etc.). Será que nos preocupamos em abrir os olhos para ver se podemos nos comprometer em aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa realista a partir das comunidades cristãs?
Resultado de imagem para 33 DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO CNão devemos esquecer que a crise não cria apenas empobrecimento material. Gera também insegurança, medo, impotência e experiência de fracasso. Quebra projetos, afunda famílias, destrói a esperança. Será que não deveríamos recuperar a importância da ajuda entre os membros da família, o apoio entre os vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade cristã? Nestes momentos, poucas coisas podem ser mais nobres que cuidar-nos mutuamente.
José Antonio Pagola.

sábado, 9 de novembro de 2019

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM


Minha fé na ressurreição é maior que o medo de perder a vida?
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO CPara os evangelhos, os saduceus são a caricatura mais acabada do cinismo que pode ameaçar a religião. Eles representam a casta sacerdotal privilegiada e a nobreza leiga rica, e são os porta-vozes das grandes famílias abastadas, que se aproveitam dos donativos dos peregrinos e dos sacrifícios oferecidos no templo. Eles também criam e vendem os animais puros que os romeiros oferecem em sacrifício no templo de Jerusalém. E são também eles que administram o tesouro do templo, uma espécie de tesouro nacional.
Instalados no alto da pirâmide social e religiosa, os saduceus rejeitam e ridicularizam a fé na ressurreição, e desafiam Jesus. Jesus enfrentou a ideologia religiosa dos fariseus, negando-se a se submeter ao templo (cf. Lc 20,1-8), comparando-os a vinhateiros homicidas (cf. 20,9-19), dando a volta por cima do nacionalismo fanático que incitava a não pagar impostos (cf. 20,20-26). E então chega a vez dos saduceus, que aparecem para criticar a fé dos fariseus e ridicularizar o ensino de Jesus, especialmente a ressurreição dos mortos.
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO CA fé na ressurreição nasce historicamente numa situação de opressão, e suscita a fidelidade ao projeto de Deus e a resistência diante de toda espécie de opressão e sedução. É isso que percebemos no tempo dos Macabeus, através do edificante testemunho de uma mãe corajosa, que sustenta a fé dos sete filhos. Torturados com chicotes e flagelos, eles respondem: “Estamos prontos a morrer, antes que transgredir a lei dos nossos antepassados. O rei do universo nos fará ressurgir para a vida eterna.”
Desde o tempo destes heróis do judaísmo, crer na ressurreição não tem nada a ver com a atitude de quem não se importa com as contradições e violências da história e se refugia no valor pretensamente superior de uma outra vida. A fé na ressurreição dos mortos é luz que ilumina a mente e nos ajuda a visualizar um mundo radicalmente distinto e qualitativamente novo. É também força que sustenta a luta para construí-lo, e a coragem para resistir às seduções que os privilégios e comodidades do presente exercem sobre nós.
Jesus responde à teologia cínica dos saduceus discutindo a forma como se dá a ressurreição e apresentando o seu fundamento. Começa afirmando que a vida ressuscitada não é uma simples cópia da vida presente, mas uma nova qualidade relacional, uma nova ordem existencial, uma vida de plena comunhão com Deus e livre da necessidade de sucesso e de perpetuação da espécie. É isso que Jesus quer dizer quando fala que “os que forem julgados dignos de participar do mundo futuro e da ressurreição “não se casam” e “já não poderão morrer”, porque “serão iguais aos anjos” e “filhos de Deus”.
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO CDepois, Jesus fundamenta a ressurreição no próprio fiel de Deus, e não simplesmente numa questão antropológica ou social, ou num preceito moral. Ele recorre ao evento fundador do judaísmo, ou seja, à revelação do nome e da compaixão de Deus a Moisés e ao seu povo. Para Deus e em Deus, todos vivem e todos, sem nenhuma espécie de exclusão, têm o direito de viver. Estão irremediavelmente mortos somente aqueles que, encastelados em seus privilégios, fecham os ouvidos ao clamor dos oprimidos e sufocam os gérmens de um futuro distinto das ambiguidades do presente.
Por isso, a fé na ressurreição não é apenas uma questão antropológica, da necessidade humana de assegurar a vida. É uma questão teológica: se enraíza em Deus, cresce na luta, se fortalece na resistência e se alimenta da esperança. É nessa perspectiva que adquirem sentido as palavras do apóstolo Paulo: “O próprio nosso Senhor Jesus Cristo e Deus, nosso Pai, que, na sua graça, nos amou e nos deu uma consolação eterna e uma feliz esperança, confortem vossos corações e vos confirmem em tudo o que fazeis e dizeis de bom.”
Acreditando na ressurreição e tirando todas as consequências desta fé, façamos o possível, como diz Paulo, “para que a Palavra do Senhor se espalhe rapidamente e seja glorificada”. E esta palavra viva e vivificante é uma Boa Notícia: os coxos andam, os cegos veem, os surdos ouvem, os pecadores são justificados, os pobres recebem boas notícias e os mortos ressuscitam; em outras palavras: a história não é monolítica e fechada, as sementes germinam, o mundo tem jeito, a morte e o medo não têm a última palavra.
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO CJesus, tu não te envergonhas de ser nosso irmão, e não te calas diante do cinismo dos satisfeitos. Ensina-nos a crer na ressurreição e a tirar disso todas as consequências. Livra-nos das correntes do desânimo frente ao fracasso, e rompe as cadeias da acomodação e do amor-próprio. Mantém nossos passos na marca dos teus, e livra-nos de fazer da fé na ressurreição uma desculpa para fugir do mundo. Protege-nos à sombra das tuas asas e sacia-nos todo dia com a tua presença. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf

DECISÃO DE CADA UM


DECISÃO DE CADA UM
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO CJesus não fala muito da vida eterna. Não pretende enganar ninguém, fazendo descrições fantasiosas da vida além da morte. No entanto, toda a sua vida desperta esperança. Vive aliviando o sofrimento e libertando as pessoas do medo. Desperta uma confiança total em Deus. A Sua paixão é fazer a vida mais humana e feliz para todos, tal como quer o Pai de todos.
Mas quando um grupo de saduceus se aproxima com o objetivo de ridicularizar a fé na ressurreição, brota do coração crente de Jesus a convicção que sustenta e encoraja toda a Sua vida: Deus «não é um Deus de mortos, mas de vivos porque para ele todos estão vivos».
A Sua fé é simples. É verdade que nós choramos os nossos entes queridos porque, ao morrer, os perdemos aqui na terra, mas Jesus não pode sequer imaginar que a Deus vão morrendo esses Seus filhos a quem tanto ama. Não pode ser. Deus partilha a Sua vida com eles porque os acolheu no Seu amor insondável.
A característica mais preocupante do nosso tempo é a crise da esperança. Perdemos o horizonte de um futuro definitivo e as pequenas esperanças desta vida não acabam por nos consolar. Esse vazio de esperança está gerando em muitos a perda de confiança na vida. Nada vale a pena. É fácil, então, o niilismo total.
Nestes tempos de desespero, não se está pedindo a todos, crentes e não crentes, que coloquemos as questões mais radicais que carregamos dentro de nós? Esse Deus de quem muitos duvidam, a quem muitos abandonaram e por quem outros continuam a perguntar, não será o fundamento último sobre o qual podemos apoiar a nossa confiança radical na vida? No final de todos os caminhos, no profundo de todos os nossos desejos, no interior das nossas interrogações e lutas, não estará Deus como Mistério final da salvação que estamos a procurar?
Resultado de imagem para 32 DOMINGO DE TEMPO COMUM ANO C
A fé deveria ficar ali, encurralada em algum lugar do nosso interior, como algo pouco importante, que não merece a pena cuidar nestes tempos? Será assim? Certamente não é fácil acreditar, e é difícil não acreditar. Enquanto isso, o mistério último da vida está a pedir-nos uma resposta lúcida e responsável.
Essa resposta é a decisão de cada um. Quero apagar da minha vida toda a esperança última para além da morte como uma falsa ilusão que não nos ajuda a viver? Quero permanecer aberto ao Mistério supremo da existência, confiando que encontraremos a resposta, o acolhimento e a plenitude que andamos a procurar desde agora?
José Antônio Pagola.

sábado, 2 de novembro de 2019

CONTEMPLAÇÃO


 Qual a importância de voltar-se para a vida contemplativa? Em primeiro lugar, todos nós, batizados, estando em amizade com Deus, temos a inabitação trinitária, de forma que podemos, já aqui na Terra, experimentar um antegozo do Céu. Para chegar, no entanto, ao “matrimônio espiritual" com Deus, é preciso uma purificação ativa do coração. São João da Cruz diz que a “perfeita união com Deus" consiste “na transformação total da vontade humana na divina, de modo que não haja nela coisa contrária a essa vontade, mas seja sempre movida, em tudo e por tudo, pela vontade de Deus" [3]. Aqui já se encaixa a figura de Nossa Senhora, que, diante do anúncio do anjo, respondeu prontamente: “Fiat mihi secundum verbum tuum – Faça-se em mim segundo a tua palavra"



 A espiritualidade do Carmelo é a espiritualidade da união com Deus ou a intimidade divina. A união com Deus é a maneira de ser e de atuar do Carmelo, tanto em seu interior como no apostolado externo. É a ideia central de seu programa de vida, que está organizado em função desse fim.

Os elementos básicos do nosso ser Carmelita os encontramos na nossa Regra de vida. Na sua introdução está aquilo que é o básico de todas as Ordens e Congregações: “viver no obséquio de Cristo e a Ele servir com coração puro e em boa consciência”.
Ser, pois, carmelita, é aspirar à intimidade com Deus, meta sublime que se alcança mediante uma ascensão progressiva. É a “subida do Monte Carmelo”, tão belissimamente descrita por São João da Cruz, onde no cimo se realiza o encontro transformante com Deus.



ACREDITAR NO CÉU


Nesta festa cristã de Todos os Santos, quero dizer como entendo e trato de viver alguns aspetos da minha fé na vida eterna. Quem conhece e segue Jesus Cristo entender-me-á.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSAcreditar no céu é para mim resistir-me a aceitar que a vida de todos e de cada um de nós é apenas um pequeno parêntesis entre dois imensos vazios. Apoiando-me em Jesus, intuo, pressinto, desejo e creio que Deus está conduzindo para a sua verdadeira plenitude o desejo de vida, de justiça e de paz que se encerra na criação e no coração da humanidade.
Acreditar no céu é para mim rebelar-me com todas as minhas forças a que essa imensa maioria de homens, mulheres e crianças, que só conheceram nesta vida miséria, fome, humilhação e sofrimentos, fique enterrada para sempre no esquecimento. Confiando em Jesus, creio numa vida onde já não haverá pobreza nem dor, ninguém estará triste, ninguém terá que chorar. Por fim poderei ver aos que vêm nas barcas chegar à sua verdadeira pátria.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSAcreditar no céu é para mim aproximar-me com esperança a tantas pessoas sem saúde, doentes crônicos, inválidos físicos e psíquicos, pessoas afundadas na depressão e na angústia, cansadas de viver e de lutar. Seguindo Jesus, creio que um dia conhecerão o que é viver com paz e saúde total. Escutarão as palavras do Pai: “Entra para sempre no gozo do teu Senhor.”
Não me resigno a aceitar que Deus seja para sempre um “Deus oculto”, de quem não podemos conhecer jamais o Seu olhar, a Sua ternura e os Seus abraços. Não posso imaginar não me encontrar nunca com Jesus. Não me resigno a que tantos esforços por um mundo mais humano e ditoso se percam no vazio. Quero que um dia os últimos sejam os primeiros e que as prostitutas nos precedam. Quero conhecer aos verdadeiros santos de todas as religiões e de todos os ateísmos, os que viveram amando no anonimato e sem esperar nada.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSUm dia poderemos escutar estas incríveis palavras que o Apocalipse coloca na boca de Deus: “Ao que tenha sede, Eu lhe darei de beber grátis da fonte da vida”. Grátis! Sem o merecer. Assim saciará Deus a sede de vida que há em nós.
José Antônio Pagola.
Tradutor: Antônio Manuel Álvarez Perez.

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSHoje a festa é de todos os santos e santas. E esta é a oportunidade para lembrar que a verdadeira santidade se manifesta na vida das pessoas que ousam sair do estreito limite dos seus próprios interesses e se se aproximarem solidariamente dos últimos; que vão aos rincões mais distantes para levar a bandeira da paz; que são movidas por uma insaciável sede de justiça; que choram as dores dos povos de todas as cores, e provam o fel da violência e da perseguição; que transformam a terra pela mansidão. Celebremos a alegria de participar de uma imensa caravana de homens e mulheres que sonharam e viveram desse modo.
A recente canonização da Santa Irmã Dulce dos Pobres não deve nos induzir a esquecer das santas e santos esquecidos, daqueles que não chegaram aos altares e não têm um dia especial ou um nome conhecido, que gastaram a vida anonimamente e cujos milagres não cabem nas estreitas regras canônicas que enquadram os milagres; e até de gente que não rezou pelo nosso catecismo, como Lutero, Martin Luther King, Gandhi, Betinho e tantos outros. Hoje celebramos a memória de todos aqueles que nos antecederam na fé e cujo testemunho mantém a Igreja e a humanidade no caminho certo, apesar das suas ambivalências.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSMas a celebração de todos os santos e santas também não deve nos levar a olhar somente para o passado. É oportunidade e provocação para refletir sobre a vocação fundamental de todos os cristãos. É verdade que a santidade é um caminho estreito e uma vocação exigente, mas isso não significa que seja reservada a alguns grupos especiais de cristãos. Há quase 60 anos o Concílio Vaticano II proclama de forma clara e inequívoca, contra a ideia predominante nas Igrejas, que a santidade não é privilégio dos ministros ordenados e das pessoas consagradas. Muito antes, a história já havia comprovado o que agora é proclamado solenemente.
Na passagem do milênio, o hoje São João Paulo II nos provocava a não contentarmo-nos com pequenas medidas, com voos rasantes e ideais nanicos, e pedia que aspirássemos nada menos e nada mais que à santidade. E este chamado à santidade, que é para todos, precisa se transformar em desejo pessoal e em decisões e ações concretas. Como diz São João, nós somos chamados filhos de Deus e já o somos desde agora, mas somos desafiados a crescer na identificação com Jesus Cristo, a gravar no corpo e na mente as marcas de Jesus Cristo. “Seremos semelhantes a ele...” E isso deve ser mais que um simples sentimento.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSJesus Cristo é o verdadeiro e perfeito santo de Deus e, ao mesmo tempo, o caminho para a santidade. Não há santidade à margem do seguimento de Jesus Cristo, mesmo que tal seguimento seja implícito. Trata-se de refazer o caminho prático trilhado por Jesus: “amar como Jesus amou; sonhar como Jesus sonhou; pensar como Jesus pensou; viver como Jesus viveu; sentir como Jesus sentia...” Este é o caminho para que, no meio ou no fim do dia e no meio ou no fim da vida, sejamos felizes, bem-aventurados, santos. O caminho para santidade, percorrido pelo próprio Jesus Cristo, é pavimentado pelas bem-aventuranças!
A bela mensagem deste trecho do “sermão da montanha” apresenta os sinais que indicam o caminho da santidade. Jesus não fala de oito grupos específicos de pessoas, mas de oito características daqueles que percorrem este caminho. Esta via sagrada começa com a pobreza e termina com a perseguição, que não representa um obstáculo, pois o Reino de Deus é antes de tudo dos pobres e dos perseguidos. A consolação é para os aflitos, a terra é para os mansos, a saciedade é para os famintos, a misericórdia é para os compassivos, a visão de Deus é para os puros e a filiação divina é para os promotores da paz.
Resultado de imagem para TODOS OS SANTOSFelicidade e santidade não significam ausência de dificuldades, mas realização plena e profunda do ser humano. Mais que perfeição, santidade é perseverança no amor e no serviço solidário. Passa longe do Evangelho uma santidade que se resuma em práticas de piedade e devoções. Está distante da essência humana uma felicidade baseada no sucesso pessoal, indiferente à sorte dos semelhantes. As pessoas que se vestem de branco e trazem palmas nas mãos são aquelas que vieram da grande tribulação, que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro, que encarnaram o Evangelho no mundo e na própria vida.
Deus pai e mãe, fonte de toda santidade. Dá-nos a graça de permanecermos sempre de pé diante do teu Filho, em meio a uma nuvem de testemunhas, rodeados por gente de todas as nações, tribos, raças e línguas. Fica conosco e caminha à nossa frente, para que estejamos sempre prontos a amar e servir. E que a inexplicável alegria em meio às intermináveis lutas seja nossa arma e nosso triunfo. E então estaremos vivendo em comunhão com aqueles que te louvam no céu e na terra. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani