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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


domingo, 29 de março de 2015

28 DE MARÇO - CELEBRAÇÃO DOS 500 ANOS DO NASCIMENTO DE SANTA TERESA


Queremos partilhar com vocês uma mensagem preparada por nossa Irmã Ivone para esta data na celebração deste evento na Celebração Eucarística do dia de ontem. Agradecemos a ela sua disponibilidade.

Senhor Deus, nós vos agradecemos porque  suscitastes  santa Teresa na Igreja, para que ela seja  mestra de oração.

Teresa de Ávila ou Teresa de Jesus, recebeu tantos carismas, mas o carisma que mais resplandeceu na sua vida é o carisma da oração-amizade com Deus.
Teresa de Ávila teve onze irmãos: "eu fui a 'mais querida'”, nos diz a santa. Seus pais eram virtuosos. Nas páginas iniciais de sua Autobiografia, descreve  o perfil de seu pai, D. Alonso de Cepeda: “homem reto, amigo da verdade, sem excessos, socialmente bem orientado, afeito à leitura, interessado pela Eucaristia, de muita caridade para com os pobres e piedade para com os enfermos e criados”. Muito similar é o perfil feminino de dona Beatriz de Ahumada, sua mãe: “sofrida, recatada, pacífica e de grande entendimento, propensa a cultivar a piedade mariana nos filhos e outras virtudes cristãs” (V 3 ).
Na idade de 13 anos, Teresa perde sua mãe, Dona Beatriz e a experiência prematura da orfandade leva-a aos pés da Virgem Maria, a quem pede que seja sua mãe.
Teresa, que tão assídua e intensamente exerceu sua missão de mãe dos espirituais, dentro e fora dos Carmelos, cuidou também desse aspecto da vida familiar. Interessada pela vida espiritual de seu pai e seus irmãos (V 7,13).
Com este pano de fundo, Teresa vai viver seu processo vocacional entre os 18 – 20 anos de idade, momento em que foge de casa e ingressa no mosteiro da Encarnação das carmelitas em Ávila. Ali, toma consciência de unir-se a uma tradição espiritual de inspiração bíblica intensa e litúrgica. Encontra nas páginas da Sagrada Escritura, Jesus Cristo, o livro vivo.
Teresa será sempre amiga de bons livros, de letras e de letrados. Centra o valor da sua oração no coração da Igreja, na força apostólica, no dom generoso e gratuito de si mesma. O clero é a classe social mais próxima de Teresa e também a mais determinante para uma religiosa como ela. Está em contínuo contato com os eclesiásticos. Tem uma alta estima pelo bispo e pelos bispos por ela conhecidos, porém, sobretudo valoriza positivamente o clero. O sacerdote para ela é o que leva a bandeira de Cristo à frente, uma espécie de capitão dos cristãos. O defensor da causa de Cristo.
Teresa queria que sua comunidade religiosa fosse “o pequeno colégio de Cristo” e que suas irmãs canalizassem sua oração e vida para os defensores da Igreja.
Os escritos de Teresa são fundamentalmente relatos de sua experiência oracional. Relata seu dia-a-dia e diz: “até na cozinha anda o Senhor”. Relata especiais graças cristológicas, antropológicas, eclesiológicas, teológicas. Compreendia e vivia sua oração como amizade pessoal com o Senhor, com a Santíssima Trindade e como entrega incondicional a Ele. A oração é a porta que abre à pessoa o espaço de intimidade com Deus presente no mais profundo da alma (coração). Lugar onde se revela a Verdade que é Cristo ( V 19,12; F 10,13). Teresa compreende a oração como fiel e paciente atitude de amizade com o Senhor. Com frequência fala de acostumar-se a buscar a companhia daquele que sabemos que nos ama e caminha conosco (C 26. 29). Nenhum ser humano se permite não amar. A oração nos orienta para o amor, para amar.Para Teresa a oração não é outra coisa, senão tratar de amizade estando muitas vezes a sós com aquele que sabemos que nos ama (V 8,5). Elevar nosso coração para Deus, dirigir o nosso pensamento para o Senhor, lançar nosso olhar para o céu que esta dentro de nós. Disso nós temos experiência, sabemos que Deus está conosco, que sua presença nos envolve, que Ele caminha no  ritmo da nossa vida. O ritmo da oração é o ritmo do amor que nos aproxima de Deus e do irmão numa relação fraterna vendo  a presença de Jesus no outro. Respeitando o outro que é morada da Trindade.
Quando falamos em oração, o que é que nós entendemos? A oração exige silêncio, exige estar com Deus, exige nosso falar com Deus com plena liberdade. Falar com Deus sobre o que perturba nosso coração. Falar com Deus sobre nossa fé, sobre nossa salvação. Falar sobre as pessoas que sofrem, que se recomendaram as nossas orações, as que nos comprometemos rezar. Falar sobre as vocações, a perseverança de todos. O nosso coração é agitado, a nossa mente é inquieta, o nosso corpo está motivado por instintos que devem ser canalizados. A nossa história é cheia de preocupações constantes:  de como pagar o aluguel, de como pagar a prestação do carro, de como pagar o telefone, a conta da luz, de como comprar o pão, de como pagar o gás, a padaria, o colégio das crianças, a farmácia  e outras... falar com Deus as feridas do nosso coração, tudo isso perturba o nosso  coração, nos afasta  de Deus e de nós mesmos. Falar as coisas da vida com Deus para que Ele vá pacificando-nos por dentro. Ele nos escuta, Ele está conosco.  A oração, a meditação, a reflexão, esse meditar sobre a Palavra de Deus, o entrar no nosso sacrário interior, isso não é outra coisa que tratar de amizade, amizade que vai crescendo na medida que estamos juntos nesse conhecimento mútuo. Os amigos não têm segredo. A verdadeira cura só acontece pelo amor. Deus nos ama.
A amizade é partilhar a vida. Deus é nosso amigo, nós somos amigos(as) de Deus.  Santa Teresa via Deus nos afazeres cotidianos, nas suas andanças de fundadora, e nessas andanças não perde de vista seu ideal da intimidade com o Senhor, da contemplação, da sua profunda comunhão com Ele. Todos nós somos chamados a essa oração de amizade, precisamos de humildade, simplicidade, confiança, esforço para estar com Deus, Ele está sempre conosco. A oração tem graus, quanto mais rezamos mais avançamos no caminho e o Senhor mesmo vai nos conduzindo. Teresa dá seu testemunho: “passei mais de 14 anos sem poder rezar sem a ajuda de um livro para ir lendo e meditando”. Às vezes estamos bem adiantados no caminho da oração, mas o egoísmo, o pecado e outros “ismos” nos colocam fora da morada onde Deus mora e precisamos recomeçar com humildade tudo outra vez...
A oração nos leva a uma consciência e um discernimento de quanto acontece ao nosso redor, no mundo marcado pela secularização com uma cultura globalizante que vai impregnando e deixando irmãos na margem, na pobreza, na miséria.
A experiência da oração não pode realizar-se no alienamento, na indiferença, na falta de atenção ao sofrimento da humanidade. A oração teresiana nos leva a uma abertura aos acontecimentos de nosso mundo, a uma responsabilidade eclesial, apostólica, numa renovada consciência da dignidade da pessoa humana. Se lermos os escritos de santa Teresa,iremos percebendo como ela vai relatando esses e outros jeitos de rezar sempre com o pano de funda da amizade com Deus e com as pessoas.

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