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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 5 de agosto de 2017

TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

Resultado de imagem para transfiguração do senhorNeste ano, a festa da transfiguração de Jesus coincide com o domingo com o qual iniciamos a semana dedicada à vocação aos ministérios ordenados, particularmente o padre. O padre, há muito tempo colocado no coração pastoral e institucional da Igreja católica e da sociedade cristã tradicional, classicamente identificado com o ensino e a pregação, é hoje objeto de muitos questionamentos, vindos de fora e dos próprios ministros. De que modo e em qual perspectiva a festa da transfiguração e a Palavra de Deus nela proclamada podem nos ajudar a compreender e reconfigurar esse ministério?
O contexto teológico da narração da transfiguração de Jesus é o evento fundante do êxodo. A montanha remete ao monte Sinai, lugar da Aliança num contexto de crise e tensão. As tendas propostas por Pedro recordam a tenda do encontro e a tenda da Aliança, companheiras de um povo em saída. A nuvem que encobre e envolve Pedro, Tiago e João acena para a nuvem luminosa que guiou e protegeu o povo peregrino. No imperativo “escutai!” ressoa o mandato central “escuta, Israel!” e o anúncio da vinda futura de um profeta grande como Moisés. E Moisés e Elias estão visceralmente referidos ao êxodo e à Aliança. Ouvir, crer e sair são verbos e dinamismos centrais na transfiguração e na vida do padre!
Não podemos deixar de notar também onde acontece esse evento no qual Jesus é confirmado em sua filiação divina, e também a quem se dirige essa revelação. A experiência é feita em um lugar remoto, longe de Jerusalém e de Roma. E o destinatário dessa revelação não é a elite religiosa e política do judaísmo, mas um pequeno grupo de discípulos, oriundo das camadas sociais mais baixas, suspeitos aos olhos dos lideres religiosos. As periferias e margens são relevantes aos planos de Deus! Para ele e no seu reino, os últimos da escala social devem ser os primeiros! Eis o horizonte do ministério ordenado!
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Mas não pode passar despercebido também o contexto temático no qual transcorre a cena da transfiguração de Jesus. Os fariseus lhe pediam um sinal vindo do céu, menos material e menos exigente que a compaixão que saciara a fome do povo. Os discípulos, mesmo reconhecendo formalmente que Jesus está entre os profetas e é filho do Deus vivo, murmuram e resistem a ele porque não conseguem assimilar um Deus e um Messias despojado de poder e essencialmente compassivo. Como Pedro, se o padre não se coloca atrás de Jesus, não leva a sério o que ele diz, não é discípulo mas pedra de tropeço!
Jesus de Nazaré, o filho de Deus que chama os diversos ministros e ministras e se lhes oferece como modelo, é substancialmente Servo, e não usa a roupagem do poder e da violência imperial. Ao contrário, se dá inteiramente ao sofredor povo que ele ama, compartilhando com ele a utopia e o destino de morte e ressurreição. Os discípulos não conseguem ouvir e entender este convite a tomar a cruz e seguir Jesus, não conseguem aceitar que é perdendo a vida pela Boa Notícia que a encontram. É mentirosa a pregação de um Jesus glorioso feita por ministros que se portam mais como vencedores que como servidores!
Resultado de imagem para transfiguração do senhorO brilho do sol no corpo de Jesus e o esplendor das suas vestes mostram claramente que se trata de uma experiência e uma manifestação e da presença divina. Mas as figuras de Moisés e de Elias querem recordar as situações e riscos de rejeição e perigo de morte que envolvem aqueles que são seduzidos e chamados por Deus. O ardor pela gloria divina e o empenho para faze-la valer em favor dos oprimidos, conduz frequentemente ao dissabor escuro da perseguição... Na sua carta, Pedro diz que é a palavra da profecia aquela que brilha como lâmpada no escuro, até clarear o dia. A fidelidade do padre não se mostra apenas na observação das normas morais litúrgicas, mas também na defesa dos injustiçados.
Impressionado com a visão, Pedro toma a palavra e expressa seu desejo de congelar aquela que deveria ser uma experiência que leva para fora, para baixo e para frente. Deus interrompe a fala de Pedro e sublinha que, antes de falar e propor, é preciso escutar e assimilar o caminho de Jesus, o esvaziamento e o serviço. Escutar Jesus é uma qualidade central do discipulado, é entender Jesus tomando a própria cruz do esvaziamento e da compaixão. Para pregar a Boa Notícia de Jesus, o presbítero precisa antes se familiarizar com ela, viver como discípulo e servidor, compassivo e misericordioso.
Resultado de imagem para transfiguração do senhorJesus de Nazaré, profeta do Deus Vivo, em cujo rosto brilha o Sol da justiça! Tu revelas de modo admirável nossa gloria de filhas e filhos adotivos. Manda teu Espirito, para que ele abra nossos ouvidos à tua Palavra e nos torne herdeiros da tua infinita compaixão. Suscita ministros que te escutem e te sigam de verdade, que sejam, como tu, “filhos do Homem humano” e não se refugiem em gloriosas tendas; que se mostrem generosos no dom de si mesmos pela humanidade, especialmente pelos oprimidos. Assim seja! Amém!

Itacir Brassiani msf

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