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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 9 de abril de 2016

3º DOMINGO DA PÁSCOA



Estimulados por Pedro, outros seis discípulos, representantes de uma comunidade aberta aos pagãos, estão em plena missão. Aparentemente fazem tudo do jeito certo, mas a frustração enche o barco e faz pesar o coração. “Não pescaram nada naquela noite...” Jesus lhes havia dito que era preciso realizar as obras de Deus enquanto é dia, porque “vem a noite, quando ninguém poderá trabalhar” (Jo 9,4). Não estaria faltando a eles um vínculo profundo com Jesus Cristo? Ou será que faltava colocar em prática a lição do despojamento radical?... “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só...” (Jo 12,24).

Os discípulos não haviam percebido que Jesus continuava presente e próximo nos altos e baixos da missão. “Já de manhã, Jesus estava na praia, mas os discípulos não sabiam que era Jesus...” Cegos pela catarata do fracasso, não conseguiam mais ver o essencial. Mas, mesmo que aqueles olhos cansados não conseguissem ver, Jesus Cristo continuava sendo uma presença discreta e fecunda nas idas e vindas dos discípulos. E continuava tratando-os com amizade e afeto: “Filhinhos, tendes alguma coisa para comer?” Com esta pergunta, Jesus também os leva a mergulhar na própria e dura realidade das carências.
Obedecendo a Jesus, os discípulos recomeçam o trabalho e são surpreendidos pelos resultados. Pegam ‘uma multidão’ de peixes. Será que não era exatamente ali, no lado direito do barco, que estava a ‘multidão’ de doentes, cegos, coxos e paralíticos que não conseguiam caminhar por si mesmos? Não seriam eles os primeiros interlocutores e beneficiários da missão da comunidade cristã? O segredo do êxito da missão da Igreja não estaria exatamente em voltar-se aos oprimidos? De qualquer modo, os discípulos obedecem à Palavra de Jesus Cristo e o trabalho dá frutos.

Na obediência ao pedido de Jesus Cristo está embutida uma relativização dos próprios conceitos e, frequentemente, uma desobediência às ordens vindas dos sistemas de coerção. Perseguidos, presos e ameaçados pelas autoridades, os apóstolos obedecem a Deus, deixam a prisão e, ao invés de fugir, vão à praça e continuam intrepidamente a missão! E os frutos inesperados do trabalho abrem os olhos deles para a presença de Jesus, embora só o discípulo amigo seja capaz de reconhecê-lo e passar a notícia adiante. Então Pedro, fazendo as vezes de líder, ‘amarra a túnica na cintura’ e se lança, no mar, no serviço.

Em seguida, todos são recebidos por Jesus com pão e peixe, e o alimento oferecido por Jesus é completado pelo que eles produziram com o próprio trabalho. Ninguém pergunta pela identidade de Jesus, pois, agora, isso estava claro para todos. Para arrematar a ceia à beira da praia, Jesus se dirige a Pedro perguntando: “Simão, filho de João, tu me amas mais que estes?” Ele interroga o líder do grupo e faz questão de sublinhar sua origem e sua expectativa de um Messias poderoso e bem-sucedido. No fundo, quer fazer Pedro revelar se sua liderança tem motivação e horizonte evangélicos. Amar Jesus significa dedicar-se ao seu rebanho, e não há missão e autoridade eclesial sem amor a Jesus.

Quem pergunta é o Cordeiro imolado, o humilhado exaltado e confirmado por Deus. Só ele é digno de receber honra, glória e poder para sempre. E Pedro responde afirmando sua amizade por Jesus. Estaria ele lembrado das palavras ditas por Jesus na última ceia: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando” (Jo 15,13-14)? A cada resposta afirmativa de Pedro, Jesus acrescenta um mandato: “Cuida dos meus cordeiros. Sê pastor das minhas ovelhas. Cuida das minhas ovelhas.”

Trata-se de providenciar segurança e alimento para os mais pequenos e humildes (cuidar dos cordeiros); liderar conduzindo à liberdade (pastorear as ovelhas); guiar à vida dando a própria vida (cuidar das ovelhas). São variações de uma mesma e única missão. A missão confiada a Pedro e à comunidade está voltada para fora. As ovelhas e os cordeiros pertencem a Jesus, e não de Pedro ou da Igreja... De qualquer modo, sem amor pelo Cristo despojado e sem disposição de dar a vida pelo próximo não há autoridade evangelicamente legítima, não há missão frutuosa.

Jesus de Nazaré, pão da vida, pescador de outros mares, mestre na escola do bem viver: queremos ser teus discípulos e aprender na tua escola. Estamos dispostos a estar contigo onde quer que estejas, participando da tua missão. Queremos permanecer unidos a ti, alimentando-nos à tua mesa, obedientes e livres, dispostos a testemunhar um amor mais forte do que a morte. Queremos seguir teus passos, passos de um humilhado no qual reside toda glória desejável e possível. Oxalá aprendamos a te amar antes e mais que tudo e que todos, pois nos ensinas que não há verdadeira autoridade sem amor a ti. Assim seja! Amém!

Itacir Brassiani msf

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