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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 7 de fevereiro de 2015

QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - ANO B


Jesus nos toma pela mão, nos liberta e nos torna servidores.
 


Com a presença de Jesus, a casa de André e de Pedro se converte em espaço de acolhida e recuperação de doentes. Jesus desconhece a separação rígida entre espaço público e espaço privado. Sua ação libertadora não conhece fronteiras: supera a oposição entre religião e política; desconhece a divisão entre espaço público e espaço privado; une oração e ação; não reconhece a prioridade aos homens em detrimento das mulheres; vai além do moralismo que impõe o respeito às autoridades e faz pouco caso do povo simples; une de forma indissolúvel o amor a Deus ao amor ao próximo...

Na casa de Simão e André, Jesus fica sabendo que a sogra de Simão estava acamada. Aquela mulher anônima é o símbolo da humanidade oprimida por doenças, dominações  e doutrinas que discriminam e condenam. Constritas ao mundo privado, quando adoeciam as mulheres eram ainda mais segregadas, inclusive no próprio espaço doméstico. Ao machismo que lança profundas raízes na mente e no coração dos homens vinha se somar a ideologia da impureza. E isso sem falar na visão preconceituosa que até entre nós recai sobre a figura da sogra...

Jesus não faz pouco caso daquilo que seria uma simples febre, não faz de menos por ser a doente uma mulher, nem espera que a conduzam a ele. “Jesus foi onde ela estava, segurou a sua mão e ajudou-a a se levantar.” Este gesto de Jesus é uma espécie de parábola que evidencia um Deus que se aproxima da humanidade oprimida, para tomá-la pela mão e firmá-la sobre os próprios pés. Num mundo no qual predominava a figura masculina, Jesus se importa com a febre de uma mulher. E mais: rompe as barreiras culturais e toca no corpo de uma pessoa doente.

E seu gesto não se restringe a isso. Numa sociedade que sujeita os mais fracos e  mantém multidões na dependência frente aos que detém o poder, Jesus ajuda o povo caminhar com os próprios pés. Aquela mulher, que antes estava segregada e dependente por causa da doença, se descobre livre e capaz de servir. “Então a febre deixou a mulher e ela começou a servi-los.” E não se trata de um simples serviço subalterno ao qual são submetidas as mulheres. Ao servir Jesus e os presentes, a sogra de Pedro exerce a diaconia emancipada, característica dos discípulos de Jesus.

Fica a impressão de que Jesus até desrespeita a casa dos seus amigos, e a transforma em lugar de resgate da dignidade e da autonomia de um povo cansado e abatido, doente e oprimido. “À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. A cidade inteira se reuniu na frente da casa...” Como diz o salmista, Deus “cura os corações despedaçados e cuida dos seus ferimentos”. Jesus não se cansa de atender às necessidades das pessoas desamparadas e lhes devolve a possibilidade de cidadania e de vida plena, de um bom viver.

Mas é evidente que Jesus não receita um simples tratamento para as doenças, pois não é enfermeiro nem médico. Ele cura, ou seja, reintegra plenamente as pessoas no convívio social, mesmo que isso signifique negar radicalmente as leis que separam e excluem os doentes, considerados impuros e culpados do próprio mal-estar. Mas, devolver ao povo a dignidade e autonomia que lhe pertence é um trabalho exigente, e corremos o risco de imaginar-nos auto-suficientes, ou de reduzir as pessoas às suas necessidades e carências. E é aqui que entra a oração...

Daí a importância de tomar distância para inserirmo-nos de modo coerente e profundo na missão. Jesus não se deixou envolver pela fama, nem ser dominado pelo que parecia mais urgente. “Todos estão te procurando...” Ele sabia distinguir aquilo que éra urgente e aquilo que era essencial. “Quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.” Para ele, a oração nunca foi álibi para não se importar com as necessidades do povo, mas seu jeito de manter abertura a todos. A oração foi também a pedagogia que o ajudou a centrar a vida na vontade do Pai e não em si mesmo.

Querido Jesus, tu vens à nossa casa, pois tua Boa Notícia não fronteiras. Ensina-nos a sair de nós mesmos e das nossas Igrejas para estendermos a mão a todas as pessoas encurvadas sob o peso de tantos fardos econômicos, culturais e religiosos. Dá-nos a coragem de seguir teu exemplo e fazer do serviço aos nossos povos nosso tesouro e destino, de fazermo-nos fracos com os fracos, tudo para todos. E isso, por causa do Evangelho, cujo anúncio é para nós uma necessidade que vem da profundidade da fé e o motivo das nossas maiores alegrias, como ensina Paulo. Amém! Assim seja!

Itacir Brassiani msf

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