“Eu creio num mundo novo, pois Cristo ressuscitou!”
A Páscoa celebra o reconhecimento de Jesus – o
profeta perseguido e assassinado, o irmão e servidor da humanidade – como Filho
de Deus. Proclama que nele Deus vence todas as formas de morte, desde a morte
física até a morte progressiva e massiva, resultado das estruturas iníquas e
dos poderes despóticos. Anuncia que Jesus, considerado uma pedra sem utilidade
e problemática na manutenção do mundo velho, foi considerado por Deus como
pedra fundamental da construção de um mundo novo. Afirma que nossa esperança
dance na corda bamba, é teimosa e tem futuro.
A Páscoa de Jesus de Nazaré e dos cristãos
celebra as milhares de possibilidades escondidas na vida de cada pessoa e na
história da humanidade. Afirma que a última palavra não será sempre do discurso
frio daqueles que impõem sua injusta ordem e mandam calar os profetas. Proclama
que a ação realmente eficaz e grávida de futuro é aquela que estabelece a
absoluta superioridade do outro necessitado. Evidencia que a direção certa e o
sentido da vida está na atitude permanente de irmandade e serviço, no fazer-se
semente de uma outra vida, tão possível quanto urgente.
E essa ressurreição não é algo que se
manifesta apenas depois da morte. Paulo nos surpreende afirmando que os cristãos
já foram ressuscitados! Ele se refere ao dinamismo pascal do nosso batismo, que
possibilita e pede a passagem de uma vida individualista para uma vida plena e
solidária. “Procurem as coisas do alto”, exorta Paulo. E isso significa assumir
um estilo de vida centrado no amor, no serviço e na partilha, na busca de uma
segurança que tenha a justiça como mãe, na superação de todas as formas de
violência mediante uma fraternidade lúcida e profunda. O pecado ainda não perdeu totalmente sua
influência, mas está mortalmente ferido, e não domina mais sobre nós.
Lembremos que a Páscoa de Jesus de Nazaré
inaugura uma Nova Criação. Ressuscitando e trazendo no corpo as marcas dos
pregos e da lança, ele é o Homem Novo, o Novo Adão, o Irmão primogênito e solidário
de todos os homens e mulheres. Os discípulos e discípulas se reúnem em torno da
sua memória e organizam comunidades que continuam seu sonho e seu caminho. E as
pessoas acolhidas nestas comunidades estabelecem vínculos que formam um Novo
Povo de Deus, a comunhão dos grupos e movimentos de servidores, de gente que
luta por vida abundante para todos.
Na entusiasmada catequese que desenvolve na
manhã de pentecostes, Pedro sublinha que Jesus andou por toda parte fazendo o
bem e agindo sem medo, apesar da violência que havia levado João Batista à
morte. Enfatiza que Deus estava com ele, inclusive no vazio e escuro da cruz,
quando parecia havê-lo abandonado. Ensina que Deus o ressuscitou dos mortos, e
transformou em juiz aquele que fora réu de morte. E lembra que os discípulos e
discípulas, apesar da dificuldade de acreditar nele e da permanente tentação de
abandoná-lo, são constituídos testemunhas e pregadores dessa Boa Notícia.
Itacir Brassiani msf
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