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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

A VOCAÇÃO DE ELISABETE DA TRINDADE

Fomos escolhidos em Cristo para testemunhar e louvar a glória de Deus!
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Elisabete da Trindade foi profundamente tocada pela carta de Paulo aos Efésios. A primeira referência que ela faz ao hino da carta aos Efésios no texto espiritualmente e humanamente denso do Último Retiro (UR) está no § 1, do primeiro dia, e é uma citação indireta de Ef 1,12. Aqui Elisabete destaca que Deus "me elegeu nele" (em Cristo) na história e na eternidade para ser "o louvor da sua glória". O contexto literário é o da disposição para iniciar o retiro e viver o final de sua vida cristã: não desejar conhecer outra coisa ou realidade senão Jesus Cristo e tomar parte nos seus sofrimentos, identificar-se com Ele no seu ministério de compaixão.
Inspirando-se na metáfora do canto coral, Elisabete escreve que o refrão que deve ser repetido no hino de louvor cantado com a vida é a identificação com Jesus Cristo na sua compaixão para com a humanidade, porque é isso que o próprio Deus fez através de Jesus Cristo em benefício dos pagãos e, ao mesmo tempo, essa é a herança dada aos cristãos e assumida pessoalmente por ela mesma.
A glória de Deus é o ponto final e culminante da salvação, a integração e comunhão plena do universo em Jesus Cristo, e isso leva o discípulo de Jesus a estar diante dele em atitude de adoração. Isabel entende que essa adoração se realiza na transposição pessoal (assumir a posição dele) em Cristo ou na identificação (assimilar sua identidade ou sua atitude) com Ele, "exemplar divino", com seus sofrimentos e sua morte "por amor". É evidente que aqui está presente o pressentimento de sua própria morte, que Isabel conta como próxima. De qualquer maneira, sua intuição de Elisabete é muito interessante: o discípulo de Cristo será o "louvor da glória de Deus" na medida em que viver com Ele sua paixão pelo mundo.

Image result for Elisabete trindadeA ideia da eleição por parte de Deus (Ef 1,4) reaparece no 9° dia, § 23, dentro da meditação sobre a santidade, que Elisabete concebe como "caminhar na presença de Deus sendo perfeita". Aqui, a ênfase está na expressão "para que sejamos santos e sem defeito, diante dele no amor". Assim, Elisabete chama a atenção para a relação de proximidade entre santidade ou perfeição e amor. Ao mesmo tempo, registra que Paulo mergulhou no abismo dos conselhos de Deus e, por isso, ela deseja segui-lo para não errar na "senda magnífica da presença de Deus". Aparecem com destaque as sugestivas imagens do caminho (para Deus) e da presença (de Deus).
Nas anotações do 14° dia (§ 36), ao ensaiar respostas ao chamado à santidade no amor e ser o "louvor da glória de Deus", Isabel cita de novo Ef 1,4.10-11, relacionando-o com Fil 3,7-14. Diz explicitamente que "é preciso ser transformado em Jesus Cristo" (§ 37), ser a sua imagem (cf. Rm 8,29), o que supõe "estudar o divino modelo". Citando também Hb 10,9, Isabel diz que o caminho para isso é fazer a vontade do Pai, como Cristo mesmo a fez. Sem isso não há como "exprimi-lo continuamente aos olhos do Pai". Realizar essa vontade é o alimento e a imolação de todo discípulo, sua paixão com Cristo e em Cristo. Quando despojado de outra vontade ou interesse, o discípulo pode então rezar verdadeiramente. A pessoa louva e glorifica a Deus na medida em que encarna a atitude (forma) de Cristo e realiza, como ele, a vontade do Pai.

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No texto do 3° dia (§ 6), ao desenvolver o tema do caminho para a santidade, Elisabete começa citando Ef 1,11-12: "Conforme o projeto daquele que tudo conduz segundo sua vontade, fomos predestinados a ser o louvor da sua glória..." Com a ajuda de São Paulo, ela entende que é este "o mistério que esteve sempre escondido em Deus" (Ef 3,9). E essa predestinação se realiza quando somos "santos e sem defeitos diante dele no amor" (Ef 1,4). Para ser o louvor da glória de Deus, a jovem carmelita entende que deve manter-se sempre e em tudo na sua presença, no amor, isto é, no próprio Deus. Essa forma de viver a comunhão com o Ser ou com o Amor divino é que nos faz santos. Elisabete entende o amor como o repouso no abismo insondável de Deus, como conhecer Deus como Ele nos conhece, desenvolver um olhar simples e intuitivo, transformar-se na sua imagem, ser seu esplendor.
O amor é atitude, relação, vontade, e não um mero sentimento. Assim, repousar no abismo insondável de Deus significa estabelecê-lo como fundamento e dinamismo de todas as relações, de forma que é agindo em conformidade com Deus e seu projeto, tratando as pessoas como Deus mesmo as trata, vale dizer, com compaixão e solidariedade, que o discípulo permanece na sua presença e se torna um louvor de sua glória.

Itacir Brassiani msf

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