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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


domingo, 20 de setembro de 2015

DIA DO GAÚCHO



Neste dia em que celebramos o Dia do Gaúcho nada melhor que deixar falar aquele que muito amou a tradição e o Rio Grande o Padre Paulo Aripe que nos brinda com uma linda poesia.


PORQUE RESOLVI SER PADRE

Por que será que um rapaz,
Bem na flor da mocidade,
Resolve estudar pra padre
Perdendo sua liberdade
E tantos outros prazeres
Que o mundo tem à vontade?

Por que escolher a batina
E não outra profissão?...
Com tanta prenda bonita,
Pra que ficar solteirão?...
Quando um rapaz quer ser padre,
Não será desilusão?!...

Pois eu vou dizer porque
Resolvi ser Sacerdote:
Eu vi que a tropa de Cristo
Era comprida e grandote;
Senti que Deus precisava
Mais um tropeiro no lote.

Eu vi a tropa com tome.
— De dia sempre a viajar,
— De noite sempre
Nos manqueirões, sem pastar,
Pois com tão poucos tropeiros
Era impossível rondar.

Eu vi nas encruzilhadas,
A boiada em escarcéu,
Por falta de mais tropeiros,
Muita rês correndo ao léu,
Disparando, a trote largo,
Do rastro certo do céu.
 
Muitas ficavam pra trás;
Outras, sem dono na estrada,
Se misturavam na tropa
Numa confusão danada,
Por falta de peão ponteiro
Que repontasse a boiada.

Vi que os tropeiros lutavam
Naquela atucanação
Muitos Pingos já mancando
Das patas, e foi então,
Que um dos tropeiros me disse:
Não quer nos dar uma mão”?

Vi como é grande o Rio Grande
Para tão poucos Vigários...
Vi sete POVO5 em ruínas
Pedindo braço operário...
Vi brotar sangue de mártir
Convocando Missionários

 
Eu vi o coração do padre
Roque Gonzales, clamando,
Que eu ajudasse a manter
O lampião da fé brilhando
Nos corações rio-grandenses
Por quem morrera sangrando;

 
Eu quis fugir do serviço,
Porque essa tropa cansava.
Seria muito mais fácil
Seguir a estrada que andava.
Mas por fim achei um crime
Não ajudar quem lutava.

Foi então que eu Compreendi,
Que coisa grande é o amor!
Não pensei mais em mim mesmo,
Só na tropa do Senhor,
Deixei pra sempre meu rancho
Pra viver no corredor

 
Já que o preço dessa tropa
Foi o Sangue do CORDEIRO,
Deixei o pago e a família.
Larguei prazer e dinheiro
Para apanhar sol e chuva
Tropeando sem paradeiro.
 
Hoje vivo satisfeito
Na maior felicidade,
Ajudando a conduzir
A tropa da Cristandade
Para a invernada final
Da Estância da Eternidade.

Tropeio alegre, assobiando,
Lá onde o Bispo quiser;
Já sou potrilho enfrenado;
Encilhem-me o que puder
Não fiquei padre pra mim,
Mas para o que der e vier.

 
Fonte livro A Igreja nos Galpões de Padre Palo Aripe.

Viamão, 11 de junho 1962

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