Em pleno
mês dedicado à Palavra de Deus, somos convidados a dizer, como o profeta
Isaías: “O Senhor Javé abriu os meus ouvidos e eu não fiz resistência nem
recuei.” Na estrada longa e bela estrada do discipulado, precisamos pedir a
cada manhã que o Senhor abra nossos ouvidos e que sejamos capazes de acolher
sua Palavra e fazer dela a luz dos nossos passos, mesmo quando ela nos indica
rumos e práticas deveras exigentes. É dessa escuta atenta, inteligente e
despojada que pode brotar um anúncio correto e uma prática coerente. Então o
ouvinte se torna testemunha e mensageiro.
A
resposta a esta pergunta não pode ser teórica. Crer em Jesus significa
aceitá-lo como definidor das nossas relações e como elemento fundamental na
construção da sociedade. É muito mais que aceitar de forma resignada e
inconsequente alguns conteúdos religiosos. Alguns pregadores lamentam que hoje
as pessoas crêem em Jesus Cristo mas não aceitam a Igreja. Será que não é pior
aceitar e defender a Igreja sem crer de forma consequente na pessoa e na
prática de Jesus? São Tiago pergunta: “Que adianta alguém dizer que tem fé
quando não a põe em prática?”
Por isso,
Jesus censura nossas fantasias de sucesso e de poder e, ao mesmo tempo, fala
abertamente que o Filho do Homem deve sofrer muito, e experimentar a rejeição e
a morte. Ele substitui o título de Messias por “filho do homem”, vinculando-se
assim profundamente à humanidade e suas aspirações. Enquanto a idéia messiânica
de Pedro contém necessariamente o triunfo e o nacionalismo, o caminho assumido
por Jesus leva ao confronto político com a ordem estabelecida e à rejeição. O
sofrimento, que ele prevê, é o custo da luta da sua humanização e não uma
espécie de capricho de Deus.
Jesus, força de Deus na fragilidade humana, Palavra
divina nas tramas da história, mestre do serviço num mundo de senhores e
senhoras. Sustenta e corrige nosso desejo de receber teu batismo, de enfrentar
os rechaços e de seguir teus passos. Ajuda-nos a negar nossos interesses
egoítas para não renegarmos a ti, fonte de vida sem limites. Convence-nos de
que salvar nossa própria vida é um mau investimento, e que arriscá-la pelo teu
Reino nos assegura o que há de bom e que realmente necessitamos. Abre hoje
nossos ouvidos à tua santa Palavra, e não nos deixes voltar para trás. Assim
seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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