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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


domingo, 2 de novembro de 2014

Dia dos Finados


Partilhamos uma linda reflexão de Pe. Itacir Brassiani sobre este dia em que lembramos todos aqueles que partiram deste mundo.
A morte não têm nenhum poder sobre a vida de quem ama.
 É possível celebrar a morte, o fim sem volta da existência humana? Não seria a morte sempre uma tragédia, uma perda irreparável? É verdade que procuramos desesperadamente construir pontes – com os tijolos das palavras e dos ritos e dos símbolos, do amor saboreado e da fé teimosa – sobre o abismo que separa os que estamos aqui e as pessoas queridas que se foram. Mas a morte seria mesmo apemas um abismo ou um muro entre duas terras firmes, o aqui e o além, o fim obscuro e lamentável da nossa bela, apesar de tudo, mas sempre precária existência?
Não lamentamos a morte das pessoas que consideramos más, ou que não tiveram uma influência positiva sobre nós. Conhecemos gente que se dispõe a antecipar o fim da vida de pessoas a quem consideram inimigas, e até da própria vida, quando lhes parece difícil, triste, sem sentido e sem futuro. Mas tudo muda de figura quando se trata do fim de uma vida plena de sentido ou de uma pessoa que queremos bem e nos é preciosa. A morte das pessoas que nos são caras abre as portas da crise e nos chama à busca de sentido. Se a morte não assusta, ao menos entristece.
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No evangelho de hoje, Maria, irmã de Marta e Lázaro, procura em Jesus um sentido para a morte de uma pessoa justa, boa e querida. Começa cobrando a demora e o aparente descaso de Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!...” Jesus tinha sido informado da enfermidade do amigo Lázaro, e o desejo de prolongar e tornar menos difícil a vida das pessoas que amamos é muito normal. Jesus se comove com a dor de Maria, de Marta e dos amigos e amigas que as acompanham. Sua comoção e suas lágrimas suscitam admiração. “Vejam oq uanto era amigo dele!...”
Mas, na boca de outros, aparece um questionamento que também nos ronda, especialmente quando da partida mais ou menos trágica dos nossos entes queridos: “Se ele curou os cegos e os mudos, se ele nos ama de verdade, porque permite que isso aconteça?” Jesus começa onde colocaram Lázaro, mas Maria o adverte que já está se decompondo e cheirando mal. Então é a vez de Jesus questionar: “Eu não lhe disse que, se acreditar, você verá a glória de Deus?” Não é o milagre que nos leva a crer; é a fé que abre nossos olhos e nossas mãos para uma dimensão indestrutível da vida!
Por trás do diálogo tenso entre Jesus e Maria está uma questão muito importante e atual: o que esperamos de Jesus? Cura, prolongamento da vida, reestabelecimento de uma situação do passado, ou vida plena, vida com uma densidade e uma força que nenhuma forma de morte pode estancar? Porque é Vida e caminho de amor e compaixão que a ela conduz, Jesus é ressurreição, é expressão da glória de Deus e caminho de vida plena. Com seu modo de ser e de agir, com sua proposta de vida, ele suscita vida e, por isso, também a re-suscita. Nele encontramos a vida saborosa e intensa que desejamos.
Como Lázaro, quem adere a Jesus Cristo e escuta sua Palavra, quem refaz o seu caminho, quem vive sob impulso do seu Espírito e por ele se deixa guiar, sai para fora, não se deixa amarrar por nada, continua suscitando vida. A vida de tais pessoas é mais que uma história a ser recordada, louvada ou lamentada: é percurso que continua aberto, Travessia ainda em curso, beleza que continua atraindo, dinamismo que continua movendo e sustentando outras vidas. E isso sem entrar na complicada questão de uma existência pós-histórica, em moldes semelhantes à nossa vida presente.
Como cristãos, cremos que a vida humana, e todas as expressões da vida, é pascal, ou seja: é Travessia, Passagem, Caminho. A história – nas suas dimensões de passado, presente e futuro – e o corpo – nas suas dimensões de interioridade e exterioridade – são a paisagem, o chão e a expressão da vida, mas não a esgotam, nem a detém. Quem desiste de peregrinar rumo ao outro mundo possível, renega a fé em Jesus Cristo e morre definitivamente, mesmo que continue biologicamente vivo. Mas uma vida doada pela Vida não pode ser tragada pela morte.

Jesus de Nazaré, Unigido do Pai para suscitar e ressuscitar a Vida! Também tu viveste a fragilidade e amaste desmedidamente. Como a tua, também nossa existência é pó que o vento leva, é erva que o vento seca. Ajuda-nos a vivê-la em ti, no teu espírito, no dinamismo da tua compaixão humanamente divina e sem medo do nada da morte, pois a bondade tua e do teu e nosso Pai vem desde sempre e dura para sempre. Ensina-nos a cumprir a apaixonante Travessia do nosso viver, e que a lembrança daqueles que entraram na morada definitiva ilumine e perfume nossa estrada. Assim seja! Amém!
Pe. Itacir Brassiani msf

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