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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 29 de novembro de 2014

Tempo deAdvento


A segunda metade da noite já é o começo da aurora!

Estamos iniciando um novo tempo litúrgico, marcado pela expectativa, pela vigilância e pelo serviço. Somos convidados a compreender vitalmente o núcleo central da esperança do povo de Israel e das comunidades cristãs. Serão quatro semanas para reviver os milênios de expectativa messiânica do povo de Israel e os nove meses de espera da Sagrada Família. Será um tempo para convergir nossos esforços no reconhecimento e na acolhida daquele que vem na fragilidade humana, nas brechas da história. Será um tempo propício para acariciar nossas mais belas e profundas utopias.

O convite de Jesus à vigilância se situa no contexto da crise e relativização dos poderes considerados absolutos e do advento do humano (ou da vinda do Filho do Homem). Ele usa uma linguagem apocalíptica, dizendo que as estrelas caem, os poderes são abalados e as estruturas basilares da ordem social e política sofrem um eclipse. Como as folhas novas da figueira indicam a chegada dos frutos, esses sinais históricos anunciam que uma nova ordem social e uma nova humanidade estão batendo às nossas portas. Tudo o que é histórico é transitório, só a Palavra viva de Deus permanece.

Mas, para os discípulos do tempo de Marcos, a questão crucial era como chegaria e se consolidaria o humano desejado e a ordem justa esperada. Jesus ressalta que o Reino de Deus e o ser humano renovado vêm de baixo, lançam raízes na família humana, que experimenta a noite escura da fragilidade e da injustiça. Ou, dizendo de outro modo, a nova humanidade vem de cima, do alto da cruz, da doação generosa e solidária de nós mesmos e de tudo o que possuímos em favor da vida dos últimos. A Palavra que não passa é aquela que Jesus pronunciou silenciosamente no alto da cruz!

“O que eu digo a vocês, digo a todos: fiquem vigiando!” Nesse pedido, Jesus antecipa o que dirá pouco mais adiante, no Getsêmani: “Minha alma está numa tristeza de morte. Fiquem aqui e vigiem” (Mc 14,34). Essa vigília deveria se estender em quatro momentos sucessivos: a prisão, a negação, a espera e o amanhacer. Mas os discípulos não conseguiram vigiar nem uma hora, e dormiram. Eles não conseguiram assimilar o getsêmani da história, a vulnerabilidade de Deus. A vigilância se fez disfícil porque os discípulos não sabiam o momento e o modo da manifestação do reino de Deus.

O problema se agrava porque hoje muitos cristãos não alimentam mais qualquer espécie de esperança. Não esperam o advento do humano. Não crêem na possibilidade de um mundo outro. Não querem ser perturbados no sono tranquilo e indiferente à sorte dos irmãos e da natureza. E há cristãos que mantêm a esperança, mas continuam confiando nos meios potentes. Não conseguem conceber uma Igreja dos pobres e pelos pobres. Preocupam-se mais com rúbricas litúrgicas que com a justiça e a misericórdia. Preferem dormir sob a proteção dos impérios que transformá-los com a força da fé.

Por isso, precisamos permanecer vigilantes, e não só no Advento! A vigilância é hoje escassa e urgente. E deve ser permanente. O mundo é um grande getsêmani, e nós somos convocados a uma insônia histórica, a manter os olhos abertos e a inteligência lúcida para discernir os sinais de advento do humano. Precisamos cultivar a generosidade que gera o Homem Novo e a Nova Sociedade, permanecer vigilantes para acolher o que está sendo gerado, inclusive fora do ventre da Igreja. Esperar que Deus se revele ao mundo e no mundo, que seja gerada e se manifeste uma Nova Ordem humana e social.

Paulo nos lembra que o próprio Deus é avalista desta esperança, que Aquele que nos chamou é fiel. Sua graça é experiência já no presente: em Jesus fomos enriquecidos na Palavra e no conhecimento. Nele recebemos tudo, e nada de essencial nos falta. Nele já recebemos todas as riquezas que poderíamos desejar. Ele nos fortalecerá até o fim. É claro que é preciso acolher essa riqueza como herança, fazê-la frutificar. Mas temos motivos para confiar, sem nos inquietar, pois “é ele também que vos dará perseverança em vosso procedimento irrepreensível, até o dia de Nosso Senhor, Jesus Cristo”.

Deus pai e mãe, ventre e pátria de todas as criaturas, sonho e promessa dos inconformados e inquietos! Tu sempre vens, e teu movimento é de descida. Ouvido algum escutou, olho nenhum viu um Deus igual a ti. Vens ao encontro de quem pratica a Justiça, e pouco te interessam ritos e cânticos. Em Jesus, vens a nós como agricultor e videira, como pastor e cordeiro, como salvador e irmão, como paz e justiça. Caminha conosco e guia-nos nas estradas do serviço solidário! Desperta nossa  nossa fé anestesiada por práticas  que pouco têm a ver contigo. Salva-nos das trevas, da escravidão! Amém! Assim seja!

Itacir Brassiani msf

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