Intenções do Apostolado da Oração do Mês de Fevereiro

Famílias de imigrantes

Um futuro de paz

Fr. Ciro García, ocd

Por ocasião do dia mundial do migrante e do refugiado e com o olhar colocado na Sagrada Família de Nazaré, ícone de todas as famílias, o Papa, em sua intenção missionária geral de fevereiro, nos convida a refletir sobre a situação da família emigrante: "para que as famílias de migrantes sejam amparadas e acompanhadas em suas dificuldades, sobretudo as mães”.

O Evangelho relata que, logo após o nascimento de Jesus, José foi forçado a sair à noite para o Egito levando consigo a criança e sua mãe, para fugir da perseguição de Herodes: "a família de Nazaré no exílio, Jesus, Maria e José, emigrantes no Egito, e ali refugiados para escapar da ira de um rei ímpio, são o modelo, o exemplo e a consolação dos emigrantes e peregrinos de cada época e país, de todos os refugiados de qualquer condição que, assolados por perseguições ou necessidade, são obrigados a abandonar a pátria, a amada família e amigos entranháveis para dirigir-se "(Pio XII(, Exsul família 1952).

No drama da família de Nazaré, forçada a refugiar-se no Egito, percebemos as dificuldades de cada família emigrante, penúrias, humilhações, a estreitez e a fragilidade de milhões e milhões de migrantes, fugitivos e refugiados, agravada com a desagregação familiar: rompen-se os vínculos originários e criam-se outros novos, que colocam em dura prova a distância e a solidão.

A família do imigrante é um fenômeno estrutural das nossas sociedades, agravado pela pobreza dos povos, guerras, mudança climática e desastres naturais. Se não se garantir a estas famílias uma possibilidade real de inclusão e participação, não é possível promover o seu desenvolvimento harmonioso nem o progresso integral das nossas sociedades.

A Convenção Internacional de 2003, relativa à protecção dos direitos de todos os trabalhadores migrantes e de suas familias, visa proteger os trabalhadores e trabalhadoras migrantes e membros das respectivas famílias. Neste contexto, a igreja pretende enfatizar o seu compromisso não só favor do indivíduo emigrante, mas também sua família, lugar e recurso da a cultura da vida e início da integração dos valores.

Instar os instrumentos jurídicos internacionais propostos para defender os direitos dos migrantes, refugiados e suas famílias, é uma das prioridades pastorais das comunidades cristãs. Mas não é suficiente. No contexto da crise económica, cultural e religiosa das sociedades ocidentais, as comunidades cristãs são chamadas a oferecer, suas instituições e associações para a integração das famílias imigrantes, evitando que estes caiam na exploração. Nos últimos tempos tem aumentado o número de mulheres que deixam o país de origem em busca de melhores condições de vida, mas existem algumas que acabam sendo vítimas de tráfico de seres humanos e da prostituição.

Tudo isso nos convida a refletir sobre as causas e conseqüências da migração e a comprometer-nos, cada um segundo suas possibilidades, neste drama familiar e humano das famílias emigradas. Com isso contribui-se também para a edificação da família humana e o progresso das nossas sociedades.

A intenção Missionária especial do mês quer focar nosso interesse mais uma vez no futuro da paz: "que os que sofrem por causa das guerras e conflitos sejam protagonistas de um futuro de paz".Também neste campo, a Comunidade Internacional elaborou um direito internacional humanitário para limitar as consequências devastadoras da guerra. A comunidade cristã e missionária é chamada a manifestar o seu apoio a este direito internacional humanitário, ciente da verdade e do valor da paz em si mesma, trabalhando com estas organizações internacionais.

Existem actualmente mais de 40 conflitos armados significativos em todo o mundo. O conflito armado destrói ecossistemas e comunidades, provoca o deslocamento interno e obriga as pessoas a deixar seus países. A guerra é inerentemente destrutiva do desenvolvimento sustentável. Os povos lutam por vencer ou superar a pobreza, quando membros da família morreram ou foram dispersos, e qundo seus povoados, lares, escolas e hospitais foram destruídos; seu gado, animais e colheitas dizimadas; seus rios e águas subterrâneas contaminadas e sua terra cheia de lixo com minas e toxinas mortais.

O papa Bento XVI orando "para que os povos que estão em guerra e em conflito possam conduzir à"construção de um futuro de paz", reconhece o potencial ou a capacidade dos civis, soldados e políticos para contribuir para uma paz duradoura , sem a qual não há nenhum progresso material nem desenvolvimento integral da humanidade. O desejo de paz é uma aspiração essencial de cada homem e coincide de certa forma com o desejo de uma vida plena, feliz e bem sucedida. O homem é feito para a paz.

Todos devemos colaborar coralmente na construção de um futuro de paz. Os crentes também temos que intensificar a oração, porque a paz é, antes de tudo, dom de Deus que deve ser continuamente suplicado. A técnica e as estratégias são importantes, mas os pacificadores mais eficazes, que trazem ao mundo uma transformação positiva são aqueles que têm chegado a ser homens e mulheres não-violentas, mas pessoas de paz.