Mateus narra a Epifania com riqueza de detalhes, lançando
mão de outras pequenas epifanias ou revelações que adicionam beleza ao evento
principal. Sobre qual desses detalhes será que vamos falar hoje?
Que tal sobre o rei Herodes, que representa os poderes civis
do mundo? Ele fica obviamente perturbado com a profecia e tem medo de perder o
seu poder. Por isso, ele quer matar o Rei dos Reis. Nós ainda vemos,
infelizmente, manifestações desse tipo o tempo todo em nosso mundo, por parte das
autoridades civis que tentam matar o Evangelho.
E que tal falarmos da estrela? A estrela no céu, visível
para todos aqueles que procuravam o conhecimento (a verdade), serve para nos
lembrar de que Deus sempre guia a todos para Si. Vivemos num mundo em que as
pessoas tantas vezes pensam que a verdade está no fundo delas mesmas; embora a
reflexão sobre si próprio seja muitas vezes uma coisa boa, o fato é que as
pessoas, ultimamente, precisam olhar mais para fora delas mesmas e para o céu a
fim de enxergar que Deus brilha para quem olha para cima.
E os presentes dos Reis Magos, o ouro, o incenso e a mirra?
Esses três presentes (a partir dos quais inferimos que os Reis Magos eram três,
embora o número deles não seja explicitado) nos dizem quem é aquela criança. O
ouro significa que Ele é rei; o incenso significa que Ele é sacerdote e
intercede junto a Deus em nosso favor; e a mirra, especiaria usada no
embalsamamento, atesta que Jesus sofreria e morreria pelos nossos pecados. Mas
disso tudo nós já sabemos.
Que tal então falarmos dos “nossos” presentes a Ele?
E quanto ao cenário? Todas as coisas citadas acima são
dignas de contemplação, mas, para hoje, eu gostaria de sugerir que nos
concentrássemos neste aspecto da Epifania: o cenário.
Comemoramos o Natal tantas vezes que é fácil nos esquecermos
da sua magnitude. O Deus do Universo, infinito, todo-poderoso e eterno, desceu
dos céus e se fez homem por amor a nós. Mas não apenas homem: ele se fez bebê!
Profetas e anjos, durante séculos, proclamaram a Palavra de Deus, mas Deus
sabia que nós, em nossa teimosia, precisávamos realmente vê-lo e ouvi-lo;
assim, Ele veio a este mundo como um bebê para compartilhar a nossa experiência
humana e para que nós pudéssemos relacionar-nos com Ele.
Este grande evento não aconteceu dentro de um grande templo,
nem de um palácio, nem de qualquer outro local grandioso. Aconteceu num
estábulo, com ninguém por perto a não ser a Sagrada Família. Nem mesmo o mais
sábio de todos os sábios poderia ter previsto algo tão humilhante e ridículo.
Além disso, quando os Reis Magos viajaram seguindo uma estrela milagrosa no
céu, eles muito dificilmente devem ter imaginado que seriam levados até uma
pequena cidade na periferia da capital, nem a um abrigo tão simplório. Que
coisa mais ordinária! E foi exatamente esse, no entanto, o lugar onde eles encontraram
o Rei dos Reis.
Talvez esta seja uma das maiores epifanias da Epifania. Num
mundo de brilho, glamour e espetáculo, é fácil pensarmos que qualquer coisa que
vale a pena ter ou fazer tem que ser grande e espetacular. Somos tentados a
pensar que, para tocar no divino, precisamos fazer grandes coisas e ir para
grandes lugares. Não estou sugerindo de forma alguma que não há espaço para as
grandes coisas. Tanto vamos a igrejas e capelas grandes quanto pequenas para
nos inspirar e para adorar a Deus e ser alimentados por Ele, mas temos que nos
lembrar sempre de que o Rei dos Reis não fica restrito àquelas paredes.
Jesus Cristo se encontra nas pessoas e nos acontecimentos
comuns da nossa vida e nós somos chamados a reconhecer e ampliar essa
realidade. Os sábios deste mundo, homens e mulheres que procuram a verdade,
podem não estar seguindo uma estrela nem se sentindo atraídos a entrar numa
grande igreja, mas eles podem encontrar você!
A Epifania não é simplesmente algo que aconteceu uma única
vez, há mais de dois mil anos, e sim um evento que deve repetir-se em nossa
vida de todos os dias, em cujo decorrer nos transformamos em ocasiões para que
os outros encontrem a Cristo.
Seja uma epifania!
Nenhum comentário:
Postar um comentário