Queremos o melhor, podemos fazê-lo acontecer, mas, se ele
não está de acordo com os nossos padrões, dizemos não.
Abrir os olhos para perceber o quanto somos egoístas é um
exercício tão raro quanto a saúde da alma. A maioria de nós nem percebe que
busca seus próprios interesses quase o tempo todo. Pensamos a partir de nós
mesmos, sem levar em consideração a realidade dos outros. Isso acontece de
forma tão natural que é mais fácil acusar o outro de egoísta do que perceber o
próprio egoísmo.
A maioria das pessoas deseja o melhor para suas vidas.
Querem ser felizes, ter casamentos sensacionais e famílias que sejam aprovadas
pela sociedade. Desejam ser admirados por todos. O problema não está em desejar
ser melhor a cada dia, mas sim em buscar ser melhor apenas para receber a aprovação
para ser visto pelos outros. Cobramos do outro o que não temos condições de
dar. Exigimos do outro o fruto do nosso egoísmo. Quando nos é conveniente,
queremos que ele esteja perto de nós, quando não é mais, desejamos seu completo
distanciamento.
As relações humanas são baseadas em atos egoístas, não em
altruístas. Raras são as exceções nas quais se deseja a liberdade do outro ou
mesmo sua felicidade, mesmo que distante de nós. Pais querem que os filhos
fiquem com eles até a morte, abrindo mão da construção de suas próprias vidas.
Esquecem que já viveram e agora precisam seguir deixando que outros também
vivam. Líderes preferem castrar seguidores que possuem potencial, do que
estimular neles um crescimento e desenvolvimento que os faça voar independentes.
Parceiros da vida amorosa preferem competir entre si do que estimular o outro a
ser mais.
A vida humana precisa de evolução. Para que ela floresça,
precisamos nos desapegar do egoísmo que gera morte, paralisia e doenças
relacionais. Estimular o outro a seguir, a voar e ser livre é um ato de
maturidade, altruísmo e parceria com a vida. Incentivar o outro, seja ele quem
for, a ser melhor, é facilitar a existência em um espírito de cooperação e
vida. Quanto mais prendemos as pessoas, mais deterioramos as formas da vida
humana. Queremos a mudança, podemos fazer a transformação das relações, mas
precisamos entender que isso não acontece conforme nossas próprias regras.
Precisamos de pessoas que incentivem a qualidade de vida, a liberdade, a
coerência. Chega de castradores da alma e da vida. Desapegar-se do egoísmo é
vida!
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