O Espírito Santo é dom, presença gratuita e
força vital de Deus nas suas criaturas e nos caminhos da história. Ele suscita
e sustenta a comunhão entre o Pai e o Filho; possibilita e mantém a comunhão
dos cristãos entre si e com Cristo, sua cabeça; possibilita a comunhão entre as
diferentes Igrejas; abre todas as criaturas para a interdependência e
colaboração essencial e vital. E cumpre esta obra maravilhosa criando e
sustentando a riqueza da diversidade. Um mundo uniforme seria feio, frio, falso,
morto...
A diversidade de línguas e culturas também é
dom do Espírito, bênção de Deus e uma forma de proteger a humanidade. Sendo uma
e única, a humanidade vê, sente, pensa, age, trabalha, crê, celebra e se
comunica mediante diferentes linguagens. A imposição de um pensamento único é
meio caminho para construir impérios que asseguram a dominação dos mais fortes
e espertos sobre os mais fracos. O próprio Deus dispersa os povos e arruína os
projetos de implantar uma cultura uniforme e prepotente.
Mas será que podemos afirmar isso também em
relação às religiões e Igrejas cristãs? Jesus é muito aberto em relação às
diferenças religiosas: mesmo sendo judeu, ele respeita o movimento samaritano e
demonstra apreço pela postura religiosa de pessoas pagãs. Chega a dizer que o
que importa não é a religião, mas a prática e a lealdade (cf. Jo 4,23). E as
primeiras comunidades cristãs seguem o mesmo rumo, louvando a Deus pela
experiência e pelos valores espirituais de gente de diferentes religiões.
Na evangelização e na ação pastoral, o valor
da diversidade se expressa na inculturação. Não deixa de impressionar como o
relato dos Atos dos Apóstolos sublinha que cada um os diferentes grupos étnicos
e culturais reunidos em Jerusalém na manhã do pentecostes escuta a pregação dos
apóstolos na sua própria língua de origem (cf. At 2,6.8.11). É isso que causa,
além de uma certa confusão nas mentalidades muito arrumadinhas, muito espanto e
admiração. O que impressiona é propriamente a diversidade!
Mas o Espírito Santo não se coaduna com o
silêncio omisso, com o individualismo espiritual, com a submissão medrosa ou
com a passividade irresponsável. Ele é a força de ação de Deus na história, a
força da ação libertadora de Jesus Cristo. Ele nos é enviado como dinamismo
missionário, como capacidade de gerar o homem novo e a nova sociedade:
partilhar o pão, curar doenças, perdoar e acolher pecadores, anunciar o
Evangelho, denunciar as opressões, partir em missão. O Espirito suscita a
profecia!
Finalmente, segundo o Evangelho, os discípulos
são enviados por Jesus com o “Sopro” do Espírito para, como ele, “tirar o
pecado do mundo”: para superar e eliminar as práticas de dominação em si mesmos
e nas instituições sociais, políticas e religiosas. E isso com sentido de
urgência, sem deixar para depois, pois o pecado que for tolerado continuará
produzindo seus frutos amargos. Nada de portas fechadas, nem de braços
cruzados! A afirmação da diversidade vai de mãos dadas com a comunhão e a missão!
Itacir Brassiani msf
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