Por conseguinte, numa natureza perfeita e integral de
verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, perfeito na sua divindade, perfeito
na nossa humanidade. Por “nossa humanidade” queremos significar a natureza que
o Criador desde o início formou em nós, e que assumiu para renová-la. Mas
daquelas coisas que o Sedutor trouxe, e o homem enganado aceitou, não há nenhum
vestígio no Salvador; nem pelo fato de se ter irmanado na comunhão da
fragilidade humana, tornou-se participante dos nossos delitos.
Assumiu a condição de escravo, sem mancha de pecado,
engrandecendo o humano, sem diminuir o divino. Porque o aniquilamento, pelo
qual o invisível se tornou visível, e o Criador de tudo quis ser um dos
mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não uma falha do seu
poder. Por conseguinte, aquele que, na sua condição divina se fez homem,
assumindo a condição de escravo, se fez homem.
Aquele que é verdadeiro Deus, é também verdadeiro homem; e
nesta unidade nada há de falso, porque nele é perfeita respectivamente tanto a
humanidade do homem como a grandeza de Deus.
A natureza divina resplandece nos milagres, a humana,
sucumbe aos sofrimentos. E como o Verbo não renuncia à igualdade da glória do
Pai, também a carne não deixa a natureza de nossa raça.
É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repetir –
verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. É Deus, porque no
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus: e o Verbo era Deus. É homem,
porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,1.14).
Das Cartas de São Leão Magno, papa
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