Adoremos a Deus em espírito e verdade, em ação
e fidelidade!
No evangelho de hoje, João nos apresenta Jesus
como sacramento vivo de um Deus que vem ao nosso encontro. Ele se aproxima
cansado, sedento, necessitado, pedinte. O mesmo Deus que, na travessia do
deserto, fez brotar água da rocha, aparece percorrendo nossas estradas e
pedindo água. E assim o faz para suscitar uma profunda troca de dons, para
ajudar-nos a descobrir nossas próprias sedes, nosso Desejo mais profundo:
conhecê-lo e viver plenamente. “Dá-me desta Água Viva!”
Como aquela mulher da Samaria, frequentemente
imaginamo-nos poderosos e entregamo-nos cegamente às regras e doutrinas,
tradições e leis, e não esperamos nada de novo. Cavamos poços e inventamos
muros que separam povos, religiões e culturas, e esquecemos nossa própria Sede,
aquilo que nos falta. Fazemos de conta que as instituições que criamos nos
bastam, e que fora delas não há vida possível e desejável. “Tu não tens balde e
o poço é fundo... Como vais tirar esta água viva?”
Jesus aparece e entra na nossa vida para nos
lembrar que as religiões e culturas, as tradições e leis não têm condições de,
por si mesmas, saciar as mais profundas sedes humanas. A função da religião não
é estancar, mas manter viva aquela Sede que dinamiza a vida do ser humano, que
convida a trilhar caminhos não conhecidos, que faz descobrir novas
possibilidades de organizar o mundo e a sociedade, que revela brechas
alternativas de comunhão e solidariedade entre os povos.
Precisamos compreender que Deus procura
verdadeiros adoradores, pessoas que o adorem em espírito e verdade, ou melhor, em
ação e fidelidade. Estes são os discípulos e discípulas que, como o Mestre, têm
como alimento o desejo de fazer a vontade de Deus, participam da sua obra e a
completam: produzem vida abundante para seu povo, geram mais solidariedade que
divisão, valorizam e cuidam dos diversos biomas, exercitam mais acolhida que a
doutrina, propõem mais ações que palavras.
Com seu jeito de se aproximar e sua acolhida
sem limites, Jesus leva aquela mulher da Samaria a descobrir sua própria
verdade. E então ela deixa de repetir mecanicamente as ações determinadas pelo
hábito, pela cultura e pela condição social e se torna “uma fonte de água que
jorra para a vida eterna”. Ela deixa o balde e corre à cidade para anunciar:
“Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não seria ele o Messias?”
Aquela que era desprezada renasce como missionária!
Como anuncia Paulo, por meio de Jesus Cristo
estamos em paz com Deus e somos dinamizados pela esperança. Esta esperança não
engana, pois o amor de Deus já nos envolve e guia, mediante o Espírito Santo. E
isso não porque já estejamos plenamente convertidos ou isentos de pecado. Deus
demonstra seu amor porque se entrega por nós sem se importar com o fato de
ainda sermos pecadores e na compreendermos e vivermos adequadamente seu
Evangelho. Eis a razão de nossa esperança!
Itacir Brassiani msf
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