Construamos a Paz mediante a Justiça e a não
violência!
Na passagem de ano, o autêntico espírito do
Natal deve perdurar e prosseguir em nossas comunidades, e a liturgia continua
nos convidando a penetrar mais profundamente o mistério da encarnação. Hoje,
contemplamos a chegada dos pastores à gruta Belém. Lá eles encontram Jesus no
seio de uma família pobre e migrante, ficam vivamente impressionados com o que
lhes é dado ver e comparam tudo com aquilo que tinham ouvido. Como pode uma
criatura tão frágil ser portadora da Paz a todos os homens e mulheres de boa
vontade? Esta é a pergunta dos pastores, de Maria e de José, e também a nossa!
Ao ser apresentado no templo e circuncidado, Jesus
recebe o nome proposto pelo Anjo a Maria no anúncio-convite. Ele se chama Jesus,
‘boa notícia da salvação’, pois Deus salva seu povo do pecado. De fato, ele
agirá libertando, perdoando. Nele a humanidade se descobre livre do débito que tinha
consigo mesma por não conseguir realizar a utopia que faz arder seu coração. Em
Jesus, todos estamos livres do peso de termos ficado aquém ou errado o alvo
(pois é isso que significa ‘pecado’). Deus não espera que cheguemos
heroicamente a ele: Ele mesmo vem decididamente ao nosso encontro. Ele é nossa
Paz!
Para os cristãos, o fundamento da Paz é a
relação com Jesus Cristo. Nascido de mulher e sob a violência feita lei, Jesus
conduz todas as pessoas à liberdade, começando pelas que são jogadas à margem.
Ele confirma que Deus reconhece todos como filhos e filhas, e nos convida a
superar as relações viciadas pelo medo, pela escravidão e pela violência. Todos
estão em Paz com Deus e podem proclamar “meu Papai querido!” E, na medida em que somos filhos e filhas,
somos também herdeiros do Reino de Deus, da “shalom” que possibilita o convívio
sadio que tem a justiça como base.
Perante esta realidade, o Papa lembra que a
resposta de Cristo e dos cristãos é radicalmente positiva e visceralmente
não-violenta. Jesus pregou incansavelmente o amor incondicional de Deus, que
acolhe e perdoa, e ensinou os seus discípulos a amar os inimigos e a oferecer a
outra face. Quando impediu que os acusadores apedrejassem a mulher adultera, e
quando, na noite antes de ser preso, pediu a Pedro para repor a espada na
bainha, Jesus traçou o caminho da não-violência que Ele mesmo percorreu até ao
fim, tendo assim estabelecido a Paz e destruído a hostilidade. E isso evidentemente
não tem nada de passividade, e muito de paixão pela Justiça e pela Paz! Este é
o caminho cristão para um Ano Novo!
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