Intenções do Apostolado da Oração

Fr. Ciro Garcia, ocd

Geral: Que cresça o respeito à natureza, obra de Deus confiada à responsabilidade humana.

Missionária: Que os bispos, Padres e Diáconos sejam  incansáveis anunciadores ​​do Evangelho até os confins da terra.

Como todas as intenções missionárias, o primeiro é sempre mais fundamental social e cultural, e a segunda é mais especificamente missionária. Mas ambas se dão as mãos. E é que o anuncio do Evangelho abraça toda a criação. A Igreja se preocupa de chamar a atenção para a relação entre o Criador o ser humano e a criação como a base de uma correta relação com o universo. Este  apelo se faz hoje ainda mais apremiante com a crescente crise ecológica, que desafia a própria sociedade.
O tema escolhido por Bento XVI paraa Jornada Mundial da Paz de 2010 era precisamente este: "Se queres promover a paz, preserva a criação". A criação é o princípio e o fundamento de todas as obras de Deus, e sua preservação tornou-se essencial para a convivência pacífica da humanidade.
Fenómenos como as alterações climáticas, a desertificação, a poluição de rios e aquíferos, a perda da biodiversidade, a exploração descontrolada dos recursos naturais, o desmatamento das areas equatoriais e tropicais, são questões que têm um impacto profundo no exercício dos direitos humanos como o direito à vida, alimentação, saúde e desenvolvimento.
Em sua encíclica "Caritas in Veritate" o Papa sublinhou que "o desenvolvimento humano integral está estreitamente relacionado com os deveres decorrentes da relação entre o homem com o entorno natural, considerado como uma dádiva de Deus para todos, cuja utilização envolve um responsabilidade comum com respeito a toda a humanidade, especialmente os pobres e as gerações futuras "(n.48).
Além de uma compreensão da natureza como um mero fruto do acaso ou do determinismo evolutivo, temos de aprender a valorizá-lo, como é em realidade, como um dom de Deus para a humanidade. Assim a canta São Francisco de Assis em seu "Cântico das Criaturas". Isto ajuda-nos a compreender a vocação e o valor do ser humano. Por isso não se deve obstaculizar o ressurgimento da consciência ecológica, mas sim favorecé-la, para que se desenvolva e amadureça em programas e iniciativas concretas.
Devemos também fazer uma revisão profunda do modelo de desenvolvimento, do sentido da economia e sua finalidade. O exige o estado de saúde ecológica do planeta, ameaçada pelo aquecimento global e poluição ambiental. Mas os crentes nos obriga, em particular, a mudar nossos hábitos e estilos de vida, a uma forma de vida evangélica marcado pela sobriedade e solidariedade. Assim colaboremos nesta primeira intenção missionária do Papa, não só com a oração, mas promovendo efetivamente o respeito pela natureza ea responsabilidade humana, perante a criação.
A segunda intenção, especificamente missionária, emarca-se novamente na celebração do Ano da fé. Neste sentido urge a evangelização até os confins da terra aos primeiros responsáveis por isso: bispos, presbíteros e diáconos. "Também hoje, a missão ad gentes deve ser o horizonte permanente e o paradigma em todas as atividades da eclesiais, porque a própria identidade da Igreja é constituída pela fé no mistério de Deus, que se revelou em Cristo, para nos trazer a salvação , e pela missão de testemunhá-lo e proclamá-lo ao mundo, até que Ele venha "(Bento XVI, 2012/06/01).
Este convite obedece a uma renovada compreensão missionária da Igreja, proposta pelo Concílio Vaticano II: é uma proclamação da prioridade da evangelização de toda a Igreja. Esta existe para evangelizar e anunciar Jesus Cristo a todos os povos. Este anúncio requer hoje particulares exigncias: o desconhecimento de Cristo e da fé cristã na cultura contemporânea, o secularismo e a rejeição de Deus na vida dos povos, o materialismo desenfreado de nossa civilização, a crise de valores na nossa sociedade, a confusão religiosa. Tudo isso reflete uma crise de fé, o que dificulta a evangelização.

Bento XVI em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2012 destaca como "um dos obstáculos para o impulso da evangelização é a crise da fé, não só no mundo ocidental, mas na maioria da humanidade que, no entanto, tem fome e sede de Deus. " E acrescenta: "Esta nova realidade requer, acima de tudo, um uma renovada adhesão de fé pessoal e comunitária no evangelho de Jesus Cristo." Devemos estar cientes, ao mesmo tempo  da atualidade de sua mensagem, que "entra no coração da história e é capaz de dar uma resposta às inquietações mais profundas de cada ser humano."

Por isso termina exortando a renovar o entusiasmo da fé: "É necessário renovar o entusiasmo de comunicar a fé para promover uma nova evangelização das comunidades e dos países de antiga tradição cristã, que estão perdendo a referência de Deus, de modo que possam redescobrir a alegria de crer ".

Esta é a responsabilidade da nossa fé, que o Papa quer suscitar em toda a Igreja. A fé é um dom que nos é dado para compartilhar, um talento para dar frutos, a luz  que não deve ser escondida, para iluminar toda a casa. Este é o propósito da intenção missionária deste mês: tornar-nos conscientes do dom da fé e da necessidade de o comunicar.