Feliz de quem não se escandaliza com um Deus
frágil e compassivo!
A crise e o escândalo diante dos sinais
frágeis e aparentemente impotentes de Deus se aninhou até no coração do profeta
João Batista e dos discípulos de Jesus. Na prisão, o Profeta que batizava
recebe notícias sobre a ação missionária de Jesus de Nazaré, daquele sobre quem
ele vira descer o Espírito de Deus e de quem esperava ações cortantes como a do
machado na raiz das arvores estéreis e a do fogo na palha que não frutificou.
Mas o Profeta do rio Jordão só ouvia falar de perdão, acolhida e compaixão
solidárias. Seria esse o Messias prometido pelos profetas e esperado
ansiosamente pelo povo, ou a espera deveria continuar?
São Tiago vem em nosso auxilio, convidando-nos
a aprender com os agricultores e com os profetas, que nos apresenta como
mestres. Dos agricultores, ele destaca a espera firme e sem desânimo da chuva
sazonal que sempre vem, mesmo quando atrasa, e garante os frutos. Dos profetas,
ele sublinha a capacidade de assumir o sofrimento por falar com firmeza em nome
do Senhor e interpelar o povo à fidelidade à aliança, ou seja: à solidariedade
com os estrangeiros, órfãos e viúvas, os grupos sociais mais vulneráveis do
tempo deles. Portanto, os profetas são modelos de uma espera ativa, engajada e
sempre arriscada.
Jesus responde às dúvidas de João Batista,e de
todos aqueles que não escondem a frustração diante dos pequenos sinais que
realiza, chamando a atenção para o significado eloquente e para a força
transformadora que neles se esconde. Ele nos convida a perceber e alegrarmo-nos
com os sinais de resgate da vida dos pobres: cegos que recuperam a vista, paralíticos
que voltam a caminhar, leprosos reinseridos na convivência social, surdos que
recuperam a audição, mortos que revivem, e pobres que recebem boas notícias.
Isso não é pouco, embora não passe de um sinal daquilo que está por vir!
Passemos, pois, do escândalo ao júbilo!
Se alguém nos perguntasse se a Igreja na qual
vivemos é a verdadeira ou deveremos esperar outra, nossa resposta deveria poder
ser a mesma de Jesus: olhem para aquilo que ela faz! Mas o caminho de conversão
da Igreja ainda é longo, pois a Salvação está na exatidão fria da lei, na
perfeição impressionante dos ritos, na grandeza material dos templos, no
funcionamento das instituições, na obediência servil dos seus ministros. Como
não está absolutamente nas medidas e posturas violentas e genocidas de governos
que mal conseguem disfarçar a maldade feroz dos seus pacotes, mesmo recorrendo
cinicamente ao nome de Deus.
Itacir Brassiani msf
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