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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sábado, 10 de novembro de 2018

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM


A religião não deve legitimar a exploração dos pobres!
Resultado de imagem para 32 domingo do tempo comum ano bÉ preciso sempre ter muito cuidado para não distorcer a Palavra de Deus. As passagens propostas para este domingo podem ser presas fáceis de uma exegese preguiçosa ou de uma edificante ideologia. A figura das duas viúvas, a do livro dos Reis e a do evangelho de Marcos, soa como canto de sereia para leituras superficiais e conclusões fáceis. A necessidade de resgatar virtudes como a hospitalidade e a partilha, assim como de angariar fundos para as Igrejas e suas obras, pode nos induzir a um louvor precipitado da atitude destas mulheres que são, antes de tudo, vítimas de sistemas injustos.
Depois de uma longa viagem, durante a qual procura incansavelmente formar os discípulos no seu caminho, Jesus chega com eles a Jerusalém (cf. 11,15). Visitando o templo, Jesus não se encanta nem se omite: classifica-o como esconderijo de ladrões e expulsa do seu interior os comerciantes que lucram com ele (cf. 11,17). Então, abre-se uma série de confrontos entre Jesus e os chefes dos sacerdotes, doutores da Lei (cf. 11,18.28) e saduceus (cf. 12,18-27). Estes grupos religiosos e políticos não apenas questionam o ensinamento de Jesus, mas procuram um modo de prendê-lo e matá-lo (cf. 11,18; 12,12).
Assim, o contexto literário da passagem do Evangelho deste domingo é o questionamento do templo e de confronto com as autoridades religiosas, especialmente com os doutores da Lei. Contra estes, Jesus levanta cinco acusações: pretendem demonstrar o saber religioso pelas roupas que usam; gostam de ser cumprimentados nas praças; disputam os primeiros lugares nas sinagogas e banquetes; exploram e roubam as viúvas; e usam a piedade como disfarce que encobre tudo isso. Jesus está longe de desconhecer a ambiguidade violenta do sistema do templo e daqueles que o sustentam.
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Por isso, Jesus desmascara a hipocrisia dos doutores da Lei, importantes autoridades religiosas do judaísmo da época, afirmando que eles não vivem o essencial da aliança, que é praticar o direito, amar a misericórdia e caminhar humildemente diante do Senhor (cf. Mq 6,8), assim como proteger os pobres, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros (cf. Dt 24,18-22). Eles correm atrás de status e privilégios especiais, e se aproveitam da fraqueza e insegurança das viúvas, das quais são legalmente constituídos administradores. Aos olhos de Jesus, a piedade dos doutores da Lei e dos escribas é falsa, e serve como um belo véu para encobrir o oportunismo e a exploração dos pobres e indefesos.
É neste contexto que a passagem da viúva que vai ao templo adquire sentido. Não passa pela cabeça de Jesus elogiar o templo, que há pouco havia desmascarado. Sentado diante das caixas de coleta, ele observa e descreve concretamente como se processa a exploração que o templo perpetra contra as viúvas e as pessoas mais pobres. Jesus não se deixa enganar pelas aparentemente volumosas contribuições dos ricos. Sua atenção se volta a uma viúva pobre que, depositando duas unidades da menor moeda em circulação, "depositou tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver".
Não me parece que Jesus queira elogiar a generosidade da pobre viúva.  Antes, o que ele pretende é desmascarar a exploração que se realiza através do templo: os ricos contribuem com o que lhes sobra, enquanto que os pobres são obrigados a dar praticamente tudo o que têm para viver. Jesus chama atenção para este contraste, e diz que há uma inversão inaceitável: diferente do que se pensa e se diz, o templo exige mais dos pobres que dos ricos. É assim que os escribas rapinam as viúvas pobres: justificando tudo pela contabilidade financeira e pelas aparências piedosas...
Resultado de imagem para 32 domingo do tempo comum ano bJesus lamenta a exploração praticada pelo templo e justificada por mentiras matemáticas e teológicas. Ele não se impressiona com a grandiosidade do templo, e se irrita com a ausência de justiça e de equidade. Jesus percebe com clareza que atitudes e práticas piedosas podem esconder injustiças violentas, e a própria religião pode tornar-se meio de exploração dos mais pobres. Por isso, convida seus interlocutores a rever as práticas individuais, eclesiais e sociais. E acrescenta como profecia e ameaça: "Você está vendo estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído" (13,2).
Jesus, pregador do Reino, peregrino nas estradas da Galileia e observador crítico das práticas opressoras do templo em Jerusalém...  Concede-nos a coragem e a liberdade que necessitamos para denunciar que há um nexo entre a riqueza de poucos e a pobreza de muitos, e que a desregulamentação liberal das relações trabalhistas reduz a segurança social e aumenta a exploração sobre os trabalhadores.  Ajuda-nos a não sermos coniventes com isso, e inspira às nossas Igrejas e a cada um de nós palavras e ações que instaurem a justiça do teu Reino na terra. Assim seja! Amém!

Resultado de imagem para 32 domingo do tempo comum ano bItacir Brassiani msf

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