As diversas vocações expressam o amor do bom
pastor.
Uma das mais belas imagens que o povo de
Israel usou para falar de Deus e da sua relação conosco é a metáfora do pastor.
Essa imagem ressalta vários aspectos da relação entre Deus o seu povo: a) Deus é
como um pastor porque apascenta e guia seu o povo; b) Ele providencia o que é
necessário para a vida do seu povo-rebanho; c) Ele também defende as ovelhas
fracas e procura pessoalmente as ovelhas perdidas até encontrá-las; d)
Finalmente, Deus trata seu povo-rebanho com ternura e amizade, gratuidade e
paciência, e com ele faz aliança especial.
Ao lado da imagem de Jesus como Mestre, os
evangelhos nos apresentam claramente Jesus como o Bom Pastor vislumbrado antecipadamente
pelo povo de Israel. Sua vida é uma cotidiana realização do amor pastoral: ele tem
compaixão das multidões porque estão cansadas e abatidas, como ovelhas sem
pastor (Mt 9,35-36); ele procura as ovelhas dispersas e em situação de risco,
como as mulheres, os doentes e pecadores marginalizados (Mt 18,12-14); ele festeja
o reencontro, e diz que é maior sua alegria por um marginalizado resgatado que
por noventa e nove que se consideram perfeitos (Lc 15,3-7).
No evangelho de hoje, apresentando-nos Jesus
como bom pastor, João tem presente sua vida e suas ações concretas. Jesus é bom
e excelente como o vinho abundante servido nas bodas de Caná. Ele é bom e
porque não é mercenário: não foge nem esmorece diante das perseguições, mas
arrisca sua vida para que os mais fracos tenham plenas condições de vida. Mas
ele é o Pastor bom e excelente também porque estabelece um relacionamento
próximo e personalizado com seu povo, bem diferente de um herói ou benfeitor
distante, incapaz de se misturar com as pessoas comuns.
Pedro e João demonstram que aprenderam do Mestre
o que significa ser um pastor bom. Eles não dão as costas ao paralítico que
depende de esmolas: voltam a ele o olhar e o convidam a caminhar com as
próprias forças. Não se trata do poder de fazer milagres, mas da coragem de
enfrentar a inércia do templo, que não faz mais que manter e reforçar a
dependência e a inferioridade das pessoas. Por essa ousadia, os apóstolos
acabam sendo presos, mas, assim que são libertados, continuam afirmando que é
em nome de Jesus de Nazaré, daquele que as autoridades condenaram, que o
paralítico foi curado.
Em Jesus e nos seus discípulos temos o
paradigma de todas as vocações. Precisamos sim pedir ao dono do campo que chame
mais gente para seu trabalho, mas não esqueçamos de pedir também que eles sejam
pastores e pastoras inspirados no Bom Pastor. Para que servem vocações que
conhecem apenas dogmas e leis e ignoram as necessidades concretas do rebanho?
Qual é o valor de um clero e de uma vida consagrada que matou o gérmen da
profecia e se deixa seduzir pela carreira e pela comodidade, que se preocupa
mais consigo mesmos que que as necessidades do rebanho?
Jesus Amigo, bom e belo pastor. Tu nos conheces,
nos amas e nos chamas pelo nome para que sejamos parecidos contigo, filhos do
teu coração, amigo dos teus amigos, continuadores da tua missão. Com a vida e
com a Palavra, nos ensinas que onde há amor sem fronteiras também há vida sem
limites. De ti aprendemos que, para viver plenamente, precisamos fazer-nos dom
e identificar-nos com teu e nosso Pai. Faz de nossas famílias e comunidades
eclesiais verdadeiras sementeiras de gente capaz de amar e servir como tu amas
e serves, tratando os últimos da sociedade como primeiros do Reino. Assim seja!
Amém!
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