O último compromisso do Papa Francisco no Egito foi o
encontro de oração com o clero, religiosos e seminaristas neste sábado, dia 29. O
Santo Padre encorajou os religiosos a não temer as dificuldades da realidade em
que vivem e destacou sete tentações que eles devem vencer para poderem ser
semeadores de esperança.
A primeira delas é a tentação de deixar-se arrastar e não
guiar. “O bom pastor tem o dever de guiar o rebanho, de o conduzir a pastagens
verdejantes e até à nascente das águas. Não pode deixar-se arrastar pelo
desânimo e o pessimismo”.
A segunda tentação é lamentar-se continuamente. O Papa
ressaltou que o consagrado é alguém que, pela unção do Espírito, transforma o
obstáculo em oportunidade, e não cada dificuldade em desculpa. “Na realidade,
quem se lamenta sempre é uma pessoa que não quer trabalhar”.
Francisco falou ainda da tentação da crítica e da inveja. “O
perigo é sério, quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar os pequenos a
crescer e a alegrar-se com os sucessos dos irmãos e irmãs, se deixa dominar
pela inveja tornando-se numa pessoa que fere os outros com a crítica (…) A
inveja é um câncer que arruína qualquer corpo em pouco tempo”.
Comparar-se com o outro também é uma tentação que os
consagrados são chamados a vencer. O Papa frisou que a riqueza está justamente
na diversidade e na unicidade de cada pessoa. “Quem tende sempre a
comparar-se com os outros, acaba por se paralisar. Aprendamos de São Pedro e
São Paulo a viver a diferença dos caráteres, dos carismas e das opiniões na
escuta e docilidade ao Espírito Santo”.
A quinta tentação elencada por Francisco é aquela do
“faraonismo”, ou seja, endurecer o coração e fechá-lo ao Senhor e aos irmãos,
sentir-se acima dos outros, ter a presunção de ser servido em vez de servir. “O
antídoto para este veneno é o seguinte: ‘Se alguém quiser ser o primeiro, há de
ser o último de todos e o servo de todos’ (Mc 9, 35)”.
O individualismo foi outra tentação citada pelo Papa,
referindo-se aos egoístas, aqueles que pensam em si mesmos, sem sentir qualquer
vergonha. “O individualista é motivo de escândalo e conflitualidade”, pontuou.
Por fim, o Papa falou sobre a tentação de caminhar sem
bússola nem objetivo. Dessa forma, a pessoa consagrada perde sua identidade,
explicou Francisco, vive com o coração dividido entre Deus e a mundanidade. “Na
realidade, sem uma identidade clara e sólida, a pessoa consagrada caminha sem
direção e, em vez de guiar os outros, dispersa-os”.
Francisco admitiu que não é fácil resistir a estas
tentações, mas é possível se o consagrado mantiver o foco em Jesus. “Quanto
mais enraizados estivermos em Cristo, tanto mais vivos e fecundos seremos. Só
assim pode a pessoa consagrada conservar a capacidade de maravilhar-se, a
paixão do primeiro encontro, o fascínio e a gratidão na sua vida com Deus e na
sua missão. Da qualidade da nossa vida espiritual depende a da nossa
consagração”.
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