Para muitos silencio simplesmente é a ausência de sons. Mas será que podemos reduzi-lo a um conceito tão pobre e estreito como esse?
Sabemos que o silencio é um encontro intimo com alguém, que dispensa palavras, apenas consta da intima companhia, repleta de presença, de olhares de cumplicidade. Há também o silencio imposto pelos fortes deste mundo, aquele que dói porque as pessoas devem calar a verdade; para elas nosso silencio deve ser profético e nossa fala, coerente.
Porém não poderíamos falar também de silencio como uma realidade mais abrangente, como um estado de reserva? Reserva da ostentação, do alarde, da vontade de aparecer e figurar nos primeiros lugares. Reservar-se para Aquele que é silencio, que age na mais profunda discrição, como no dia de sua encarnação, no seu nascimento e, enfim, sua vida toda e Ressurreição.
Na noite santa, em Belém, longe do barulho, dos pontos de referencia tanto politica como religiosa, nascia o Salvador, anunciado por uma estrela que atraía pela sua luz.
Agora, onde está sua presença, brilha uma estrela. Brilhou em Teresa, em João, no exército de filhos e filhas que, atraídos pela luz do exemplo quiseram reservar-se no anonimato e no escondimento para que Cristo aparecesse neles.
Silenciar é desaparecer para aparecer Cristo em nós, é calar para que fale Ele em nós, diminuir para que Ele cresça.
Silenciar é anunciar o Reino sem que a própria imagem seja o centro.
Silencio é a musica que fala ao coração e o prepara para adorar e ser preenchido.
Silencio é a fala que chega para devolver a vida.
Silencio é a imagem que se torna transparente para que o Invisível seja visto através dela.
“O Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer está aqui ou está ali, pois o Reino de Deus está no meio de vós”.
Onde há Reino há silencio. Onde há amizade, partilha, paz, justiça, igualdade, estão presente a musica, a fala, a imagem que em sua transparência indicam Alguém detrás, dentro e fora delas.
Silencio, por fim, é um estar em si, em constante companhia, um habitar consciente na própria casa, sentir o que se sente, viver o que se vive, dizer o que se fala. A nogueira dá saborosos frutos porque ano a ano enche de silencio a sua vida. Durante um período aparentemente triste e sombrio, seu aspecto é tétrico: os galhos secos, esbranquiçados, sem folhas. Nesse período a seiva corre vigorosa em seu interior para, na hora certa, criar folhas, flores e frutos.
O silencio em nossa vida é o tempo da reserva, da atividade escondida e discreta da seiva-Espírito, que nos prepara para o tempo das flores e dos frutos, que começa aqui na terra e chega à plenitude no céu.
Ir. Milagros de Jesus Sacramentado
Somente no silêncio a pessoa penetra nas profundezas de Deus. Somente no silêncio ela capta grandes relações, sente a dor, a busca, os anseios e a alegria do outro. Se nos afastamos, é para enxergarmos mais longe. Para abranger na totalidade do amor de Deus, o mistério do mundo tão carente de amor e de paz. O mistério dos homens e mulheres, nossos irmãos e irmãs. Especialmente dos excluídos. Nas dificuldades da vida nunca deixe de olhar mais além! No horizonte sempre brilha uma nova luz!
VOCAÇÃO
Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?
do Carmelo?
2 comentários:
Finalmente uma definição com sensibilidade e profundidade do que é o silêncio,tão necessário em uma sociedade que cada vez mais se impõe pelo barulho e superficiabilidade.
Muito boa leitura... Mas quanto nos falta esta retidão! É tão bom quando o silêncio toma conta de nossos corações... Quando conseguimos esquecer de nós mesmos e lembrar apenas do AMOR que se fez carne... Quando tudo mais torna-se desnecessário e pequeno demais diante da grandiosa misericórdia e do infinito amor!
Queria ser mais silêncio do que essas próprias palavras! Nossa Senhora nos acompanhe sempre e nos ajude a ser como Ela que "meditava tudo em silêncio"...
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