
Mas Jesus não deixa de apresentar suas
credenciais de Messias, de missionário e enviado do Pai: as ações que realiza
em favor da humanidade, especialmente em favor dos últimos da escala social. No
debate com as autoridades do judaísmo, ele nega a legitimidade de uma fé que
não tenha apoio nas ações. Para Jesus, quem é profundamente solidário e
compassivo está ao lado do ser humano e também está com Deus. E quem está de
alguma maneira contra o ser humano, mesmo que invoque o nome de Deus e
participe de ritos religiosos, está, de fato, contra ele. Este é o critério que
confere a autenticidade à nossa fé!
É neste mesmo contexto que Jesus diz que dá a
vida eterna ao seu rebanho, que ninguém o toma da sua mão. Mas ser ovelha do
rebanho de Jesus Cristo, implica em escutar sua Palavra, aderir a ela e seguir
seus passos; exige assumir sua pró-existência como dinamismo fundamental da
vida. Crer nas obras que defendem e resgatam a dignidade humana e
multiplica-las é mais importante que crer na sua Palavra (cf. Jo 10,38). Crer
em Jesus significa segui-lo, dar continuidade à sua ação, entregar-se sem
reservas à luta pelo bem da humanidade, especialmente das pessoas humilhadas.
“Eu as conheço e elas me seguem...”
A autenticidade e a fecundidade da nossa fé em
Jesus não está na multiplicação de atividades desconexas e sem alma. O
denominador comum das múltiplas ações que expressam nossa fé é o amor, o
dinamismo básico e permanente que nos move no reconhecimento do outro como
outro, na defesa da sua dignidade inviolável e na priorização das suas
necessidades humanas fundamentais, inclusive em detrimento das nossas. É o amor
que faz da vida de Jesus e da nossa uma existência descentrada, uma vida
empenhada em favor dos outros, dos pobres e necessitados. É o amor que nos faz humanos, que nos dá à
luz como pessoas.
O amor autêntico também não reconhece nenhum
tipo de fronteira: ele rompe com os muros levantados em nome da religião, da
raça, da classe, do sangue, dos interesses individuais. Porque parte do outro,
o amor é o único dinamismo capaz de globalizar verdadeiramente o mundo, sem
excluir ninguém. É isso que testemunham Paulo e Barnabé quando abrem as
fronteiras rígidas do judaísmo aos povos não-judeus. E, experimentando esta
acolhida e respeito, os cristãos de origem não-judaica vivem uma grande
alegria, que nem a violenta perseguição movida por mentes medrosas e violentas
conseguem fazê-los voltar atrás.
Mas aqui precisamos lembrar de novo que o amor
não se resume a um princípio formal ou um sentimento interior. Sem deixar de
ser uma opção fundamental e um horizonte iluminador e crítico, o amor não
existe fora das infinitas e pequenas ações que o encarnam na realidade.
Poderíamos dizer que o amor não existe em si mesmo, que ele não é isso ou
aquilo, mas ‘vai sendo’ na imensa constelação de ações que afirmam, confirmam e
potencializam a vida e a dignidade das pessoas, começando pelas que nos são
próximas e chegando àquelas que deslocamos para longe. O amor não é
substantivo, é verbo, é ação!

Jesus de Nazaré, Cordeiro de Deus e Bom
Pastor! Através dos homens e mulheres que vivem a vocação como serviço e
compaixão fazes teu amor libertador chegar a todas as gerações. Faz com que
nossa palavra e nosso testemunho ajude a Boa Notícia do teu Reino a chegar a
todos os rincões da terra. Tu nos fizeste, nos chamaste e somos teus. Possamos
então realizar com desvelo e criatividade a missão que nos confiaste, membros
diferentes de um único corpo no qual bate um único coração. Assim seja! Amém!
Itacir Brassiani msf
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