Vão pelo mundo e sejam uma luz que sempre
brilha...”
Os discípulos e discípulas que vivem uma
condição bem concreta de injúria e perseguição, que são os destinatários da última
bem-aventurança, são agora chamados de sal da terra e luz do mundo. Dizendo
isso, Jesus afirma que são as pessoas que promovem a paz, as pessoas que tem sede
de justiça, as pessoas misericordiosas e coerentes, as pessoas mansas e
lutadoras, e todas as pessoas que por isso sofrem perseguição as que iluminam
caminhos, dão sabor à vida e conservam sua qualidade. Estas vidas
bem-aventuradas purificam a história e mostram uma direção!
As imagens do sal e da luz lembram a
identidade testemunhal, missionária e proativa dos discípulos e discípulas de
Jesus. A luz deles deve brilhar para todos os homens e mulheres, vendo o Reino
de Deus em ação, glorifiquem a bondade de Deus. Ter fome e sede de justiça,
promover a paz e enfrentar perseguições são atitudes que refletem um
posicionamento ativo, uma ação que incide sobre as nefastas forças das culturas
e instituições que tendem a oprimir e marginalizar. Na visão do profeta Isaías,
nossa luz brilha quando demonstramos compaixão e solidariedade com os
oprimidos.
Por sua vez, Paulo, no texto da Carta aos
Coríntios recortado e proposto para este domingo, nos recorda que o brilho do
anúncio do mistério de Deus não está na linguagem elevada e exata, nem se
alimenta do prestígio social ou das estratégias do poder de quem o anuncia. A
luz e a força do Evangelho brotam de Jesus Crucificado por amor, da sua
generosidade e compaixão pelos últimos da sociedade. E é também na proximidade
que se faz presença solidária, mesmo quando acompanhada de fraqueza, receio e
medo, que a pregação cristã brilha como luz e cumpre sua função de ser sal que
dá sabor.
A história testemunha que nem sempre os
cristãos estiveram à altura dessa vocação. Efetivamente, o sal pode perder o
sabor e a luz pode se esconder e até desaparecer. A pregação também pode
adquirir ares de arrogância e de imposição que intimida e oprime. Mais que uma
possibilidade remota, isso é fato historicamente comprovado e tentação que nos
ronda permanentemente. Não é por acaso que já as primeiras comunidades cristãs,
através do evangelista Mateus, fazem questão de nos lembrar e advertir: o que
se pode fazer e esperar quando o próprio sal perde sua qualidade?
Quando a comunidade dos discípulos e
discípulas de Jesus esquece sua responsabilidade com a transformação do mundo,
para que as iniciativas, projetos e instituições se subordinam à tarefa de
produzir o bem-estar da comunidade humana, ou quando, por medo ou por preguiça,
deixa de viver a ética das bem-aventuranças, perde o sabor e não serve para
mais nada, nem para aquilo que chamam de santificação pessoal. É como sal
arruinado ou como uma lanterna escondida debaixo de uma caixa. Infelizmente
temos muito sal insosso e muita luz que perdeu o brilho e se refugiou em si
mesma...
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