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By Ferramentas Blog

VOCAÇÃO

Já pensou alguma vez que você é chamado a se comprometer com o Reino de Deus aqui na terra? Já pensou em comprometer-se com o próximo de algum jeito particular? Já pensou que esse jeito pode ser o
do Carmelo?


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

São João da Cruz

O dia 14 deste mês, no coração do Advento, as e os Carmelitas, celebramos a solenidade de Nosso pai S. João da Cruz.
É por isso que Ir. Maria Celeste partilhou conosco ulguns pensamentos seus, que têm como pano de fundo a vida do "Grande Santo", para que possamos saborear um pouco de sua bela espiritulidade.

Sem a experiência da oração, da solidão em que se torna possível a intimidade com Jesus e com Deus no Espírito, não chegaremos a experimentar a profundidade do amor que nos é dado gozar. O Cântico Espiritual é muito revelador nesse sentido. Depois que a amada fica ferida de amor porque o Amado fugiu, sai pelos caminhos a perguntar aos caminhantes e a todas as criaturas se o viram passar (estrofe 2-12). O mundo se torna o espaço da busca do Amado. Porém, logo após o reencontro (estrofe 13), começa um dinamismo de intimidade cada vez maior, de uma crescente separação dos outros e do mundo.



Se quisermos que seja o amor de Deus a fonte e o cume de tudo o que somos e fazemos, temos que entrar em intimidade com Ele e cultivá-la em meio às nossas atividades diárias. Aqui se tornam fundamentais a solidão, o silêncio, a oração. O afastar-se para uma maior intimidade com Deus e com Jesus, no Espírito, possibilitará uma liberdade total, uma entrega sem limites de nós mesmos a Deus e aos irmãos. Com certeza, esta experiência de intimidade com o Senhor nos ajudará a unificar nossa vida em torno a um único centro: Deus.

Na vida espiritual o mais importante é justamente esta experiência pessoal do amor de Deus que nos revigora, que suscita em nós forças escondidas e, por assim dizer, alarga nosso coração para acolhê-lo no Seu dom total, amplia o horizonte de nossa vida, de nossa liberdade, de nossa consagração, de nossa capacidade de amar e nos deixar amar. A amada não se conforma somente com a lembrança do Amado, mas sai em busca, peregrina, procura, porque quer o Amado por inteiro.



Nossa experiência crescente de Deus também nos faz desejar encontrá-lo, vê-lo, abraçá-lo até perder-nos Nele e por Ele. Mas nesta experiência de estarmos unidas à Ele, quanto mais buscamos e desejamos, mais aumenta em nós a necessidade do amor, de buscá-lo, amá-lo, de estar junto Dele, de deixar-nos amar e consumir por Ele. E isso deve repercutir no nosso dia-a-dia, para que nosso amor a Deus fecunde as realidades diárias de nossa vida.


Mas não podemos esquecer um detalhe lendo e conhecendo a história de vida de nossos Santos, doutores e místicos da Igreja, e particularmente do Carmelo, mas também acolhendo atentamente nossa experiência, percebemos que é como homem ou como mulher, com toda nossa corporeidade, nossa humanidade, nossa bagagem histórica, que experimentamos a presença do Absoluto em nossa vida e chegamos à íntima união de amor com o próprio Deus.


Importantíssimo: não somos somente nós que buscamos a Deus, que saímos clamando com desejos veementes atrás Dele; é Ele também, o Amado que nos busca, que nos deseja, que quer todo nosso coração, todo nosso ser para Ele; e mais ainda, é Ele que ‘se perde’ nos buscando, que ‘gasta’ a vida atrás de cada um de nós, que entrega sua vida por nós, porque nos ama e dá Sua vida em resgate pela nossa.



Lendo e conhecendo a história de vida de nossos Santos, doutores e místicos da Igreja, e particularmente do Carmelo, mas também acolhendo atentamente nossa experiência, percebemos que é como homem ou como mulher, com toda nossa corporeidade, nossa humanidade, nossa bagagem histórica, que experimentamos a presença do Absoluto em nossa vida e chegamos à íntima união de amor com o próprio Deus.


Por isto, é de fundamental importância o discernimento vocacional, a formação inicial e permanente, onde lançamos os fundamentos da construção de nossa vida humana e consagrada, que a formação permanente aprimora e aprofunda, para crescermos como pessoas e como consagrados/asa na verdadeira liberdade e autenticidade e para que assim nossa vida possa atingir as dimensões que Deus sonhou para cada um e cada uma de nós ao chamar-nos para o Carmelo.


São João da Cruz viveu e buscou viver sempre com integridade, retidão, liberdade e simplicidade sua vida e sua vocação. Lutou pelos seus objetivos e para realizar plenamente sua vocação, sua consagração, seu sacerdócio. Teve sempre um amor muito particular à Maria, que o protegeu e libertou, e que sem dúvida também o ajudou no processo de amadurecimento humano e espiritual e de ascensão ao Monte Carmelo, o Monte da Perfeição.



Olhando a vida de Frei João da Cruz – tudo o que viveu, sofreu e gozou da suavidade em Deus – vemos como a santidade corresponde à sanidade. O Santo uma pessoa sã, inteira, íntegra, livre e capaz de ajudar a outros no seu processo de libertação. E João, tendo alcançado o cume do Monte, goza de alto estado de justiça. Para pessoas como ele “já não há caminho, porque para o justo não há lei, ele para si é lei”. A caridade se transforma na única verdadeira norma de vida. Mas não podemos esquecer que tal liberdade é própria do “homem novo”, e que movendo-nos por apetites desordenados próprio do “homem velho”, não alcançaremos o cume do Monte.


Com sua doutrina e seu exemplo, São João da Cruz nos encoraja a romper com nossos apetites e gostos, com nosso ‘homem velho’ e a dispormo-nos a abrir mão de tudo para alcançarmos a comunhão plena com o Todo, que é o Deus Trindade.


Pessoalmente, vejo Frei João da Cruz uma pessoa resolvida, humana, afetiva e espiritualmente. Foi uma pessoa reconciliada com a vida, com seu passado, capaz de fazer uma purificação de sua memória afetiva e histórica. Ele não manifesta mágoas e ressentimentos por aquilo que viveu e sofreu; não se deixou bloquear pelas coisas da vida, como veremos na primeira parte de sua história pessoal; sobretudo, ele foi capaz de surpreendeu a vida com sua resposta generosa de amor.



São João da Cruz foi alguém que assumiu e trabalhou sua própria humanidade, que se deixou polir pela vida e pelas situações e fez de cada momento, dos sofrimentos e perdas que a vida lhe brindou, uma escola onde aprendeu as lições do despojamento, da entrega de si, da solidariedade, da luta para realizar seus sonhos e seus próprios objetivos. Confiou profundamente em Deus e naquilo que Deus lhe fazia entender que queria dele, e em Maria, que o protegia e conduzia com Sua mão materna.


Frei João foi alguém que conheceu seu próprio lado sombrio: vícios, apegos, paixões, impulsos, condicionamentos, tendências. Mas soube também superar-se, trilhando um caminho de amadurecimento humano e espiritual e propondo este caminho de conhecimento próprio e de libertação às pessoas a quem orientava e dirigia. E através deste conhecimento próprio, conseguiu também o conhecimento de Deus e, mais ainda, Deus lhe concedeu a graça de chegar ao estado de união com Ele.


São João da Cruz foi uma pessoa resolvida em suas questões fundamentais. Possuía metas claras, tinha clareza do seu ideal e do que Deus queria dele e através dele, porque possuia um grande equilibrio de espirito. Por isto, não teve medo de se lançar neste caminho. Jogou-se nele por inteiro, sem olhar para trás ou a olhar o que isto lhe custaria. Não se perde em ninharias. Assim, demonstrou que o caminho mais rápido para subir o Monte é o do despojamento, o caminho dos “NADAS”. Com este objetivo à frente, João da Cruz empenha todo seu potencial humano, afetivo, espiritual e intelectual no conhecimento e domínio de si, na superação dos vícios, apetites, paixões, a vida fraterna, consagração, alicerçado sobre a Palavra de Deus.



É impressionante a quantidade de citações bíblicas em seus escritos. Dá para perceber como buscava na Palavra de Deus, luz, força e inspiração para o seu viver. Na força da Palavra de Deus e da experiência com Ele, nosso Santo não se detém no caminho: segue firme a subida do Monte Carmelo, aceita ‘pagar o preço’ pela própria libertação, tendo como meta chegar ao cume do Monte, onde mora a “honra e a glória de Deus”, a liberdade verdadeira.


São João da Cruz foi uma pessoa que sofreu muito, mas que conseguiu integrar suas forças e energias, sua história num projeto de vida. Não foi uma pessoa que ficou se lastimando ou reclamando pelo que sofreu ou por aquilo que a vida lhe negou. Não ficou falando e criticando as pessoas e seus co-irmãos de Ordem, pelo mau que lhe causaram. Foi alguém que assumiu a vida, que teve um grande auto-domínio, que soube se renunciar, silenciar, batalhar e integrar tudo no empenho de viver seu ideal e para viver com intensidade o amor.


Para entendermos sua doutrina precisamos fazer uma imersão mais profunda e existencial na própria vida. Não podemos ser pessoas que vivem na superficialidade. São João da Cruz soube viver e inserir-se com força e totalidade na Igreja, na Ordem, na realidade social, cultural e religiosa de seu tempo. A experiência de Deus e a união com Ele não fez de João da Cruz uma pessoa alienada. Ele conseguiu como que impregnar todas estas realidades, com a sua experiência pessoal de Deus.


Hoje São João da cruz no convoca e desafia a viver e expressar também em nossa realidade pós-moderna a riqueza do Carisma Teresiano-sanjuanista de que somos portadores, centrando nossa atenção no valor apostólico do dom generoso de nós mesmos e da oração no coração da Igreja.



Nosso Santo foi uma pessoa que se abriu à ação transformadora do Espírito e se deixou conduzir. Viveu intensamente o amor e soube surpreender a Deus com sua resposta de amor. Empreendeu um esforço ascético a fim de não se atrasar ou perder no caminho para Deus. Dizia que “na tarde da vida seremos julgados pelo amor” (Ditos de Luz e Amor. Nº 58), e que “onde não há amor, coloque amor e colherás amor”. Por isto, ele é o cantor do amor. E suas poesias proclamam este amor que vive com Deus.



São João da Cruz tem para nós e nosso tempo também uma palavra firme e capaz de nos ajudar na “Subida do Monte Carmelo”, nos amparar nas “noites” e nos conduzir a gozar, já nesta vida, da “Chama Viva do Amor” que é Deus


Ir. Maria Celeste da Cruz, fragmento de sua obra "Liberdade em S. João da Cruz"

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