Continuando a história de nossa santinha.
A harmonia entre a vida mística e vida social
Sem ser
rica, a senhora Catez goza de um conforto suficiente para assegurar a formação
de suas filhas. Por volta dos sete anos, Elisabete recebe as primeiras aulas
particulares de Francês da senhorita
Gemaux, sem dúvida para prepará-la para um ofício de professora de piano, sua
mãe a inscreve no Conservatório de Dijon aos oito anos de idade.
Dotada de
peculiares dons musicais, Elisabete começou a estudar no Conservatório de
Dijon, aos oito anos, onde foi várias vezes elogiada. Com apenas treze, recebeu
o primeiro prêmio de piano, num concerto que repercutiu na imprensa local e a
tornou conhecida na cidade como instrumentista de talento. Além do
Conservatório, não frequentou escola. Como era costume nesse tempo, as meninas
recebiam educação em casa, com professoras contratadas pelas famílias. Ademais,
o estudo do piano lhe tomava muito tempo e era constantemente convidada para
concertos ou soirées musicais.
A senhora
Catez e suas filhas mantinham um grande círculo de amizades. Na França do
século XIX, ainda perfumada pela “doceur de vivre”, o relacionamento social
proporcionava inúmeros prazeres inocentes, tais como sessões musicais, jogos de
tênis, piqueniques e excursões às montanhas ou a encantadoras cidadezinhas
Francesas. Todas essas atividades mantinham Elisabete e suas amigas constantemente
ocupadas, dentro de um ambiente de alegria difícil de imaginar hoje em dia.
Assim,
passeios, música e muitas outras diversões faziam parte do dia a dia de
Elisabete. Ela se encantava
com as montanhas e bosques, com os jogos, as igrejas e as vilas Francesas.
Desfrutava também intensamente das frequentes viagens que a família fazia pelo
sul do país. Era feliz no meio de uma sociedade que em nada impedia a prática
das virtudes nem criava dificuldades para a vida interior daquela contemplativa
adolescente.
No decorrer
de uma festa, enquanto dançava e se divertia, a Sra. Avout, surpreendeu um
olhar dela e lhe segredou: “Elisabete, não estás aqui, estás vendo Deus..”.
Havia nos seus olhos “um não sei quê e luminoso que irradiava”, disse Louise de
Moulin.
Um de seus
amigos de juventude, que a tinha encontrado várias vezes quando todos os dias
ia ver a sua grande amiga, a vizinha Marie Louise Hallo, Charles, irmão desta,
não economiza superlativos quando descreve Elisabete como “muito simples e duma
espantosa franqueza... muito querida pelas suas companheiras... muito alegre,
muito musical... a sua doçura se refletia em um olhar extraordinário e
luminoso... a pureza transparecia-lhe no olhar”. A Senhora Hallo confirmará o esplendor
do olhar de Elisabete, especialmente quando voltava da comunhão: “nunca poderei
esquecer o seu olhar. O rosto de Elisabete, quando voltava da comunhão, não se
pode explicar”.
A própria
Elisabete narra um acontecimento decisivo para seu itinerário espiritual, ocorrido
nessa época, pouco antes de completar catorze anos: "Um dia, durante a
ação de graças, senti-me irresistivelmente impelida a escolher Jesus como meu
único esposo; e sem mais dilações, uni-me a Ele pelo voto de virgindade. [...]
minha resolução de ser toda sua tornou-se mais definitivo ainda".
Terminadas
as viagens de férias, a primogênita dos Catez regressava a Dijon carregada de
saudades do Carmelo, cujo carrilhão escutava com gosto, cujo jardim divisava de
sua janela e para cuja capela dirigia seus pensamentos. Um impulso místico a
transportava para aqueles muros benditos, tão próximos e ao mesmo tempo tão
distantes.
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