EUCARISTIA:
PRISIONEIRO DE AMOR
Por Antonio Orozco Delclos
Há um Prisioneiro num cárcere pequeno. O cativo é Rei de
reis, Senhor de senhores. Esse cárcere diminuto é o Sacrário: chama-se Prisão
de Amor.
Há um Prisioneiro num cárcere pequeno. O cativo é Rei de
reis, Senhor de senhores. Esse cárcere diminuto é o Sacrário: chama-se Prisão
de Amor (cfr. São Josemaría Escrivá, Forja, nº 827), porque o delito é de amor.
Sendo Deus, veio a ser homem. Eterno, assumiu o tempo. Invulnerável, quis
padecer. Onipotente, ficou inerme sobre o Presépio de Belém. Todo poderoso, foi
fugitivo, cruzando desertos de amor cheios de areia. Criador do Universo,
trabalhou com fadiga por muitos anos na oficina de José. Onipresente, caminhou
passo a passo, incansável, pelos caminhos da Palestina. Grossas gotas de sangue
escorreram da sua pele até o chão de Getsêmani. Entregou-se – porque quis – a
uma flagelação cruel, à coroação de espinhos. Abraçou a Cruz e deixou-se cravar
nela, entre dois ladrões, ao som dos insultos blasfemos das suas criaturas.
Tudo sem necessidade, por puro amor, para redimir os pecados de todos e de cada
um dos homens e para abrir-lhes as portas do Paraíso.
“Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente
presente com o Seu Corpo e com o Seu Sangue, com a Sua Alma e com a Sua
Divindade. Juntando-se a isso um infinito amor, o que haveria de obter-se senão
o maior milagre e a maior maravilha?” (João Paulo II, Homilia, 9 VII 1980)
Poderia alguém dizer que é “justo” que estejas aí, Jesus, na
tua prisão, indefeso, mais do que em Belém, do que em Nazaré, do que no
Calvário? Pois sim, digo que é justo, justíssimo, porque nos roubaste o
coração, e o fizeste com “agravantes”. Por que te excedeste tanto no teu amor? Por
que nos amas assim, com essa loucura incrível? Não bastava uma só gota do teu
Sangue para redimir um bilhão de mundos? Não bastava apenas um só dos teus
suspiros? Por acaso não era suficiente apenas a tua Encarnação no seio virginal
de Maria Santíssima? Por que tanta dor, por que tanto tormento, por quê?...
É justo, Senhor, que agora estejas aí, cativo na tua pequena
prisão escura! Roubaste-nos o coração! É justo com essa justiça maravilhosa,
que na sublime simplicidade divina funde-se com o amor, com a misericórdia, com
a generosidade, com a verdade, com a liberdade, com a beleza, com a harmonia,
com a alegria... É justo que estejas preso porque amas infinitamente, porque te
excedeste, e quem se excede tem que pagar por isso! Cumpres a tua expiação no Sacrário.
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