O Evangelho do Filho Pródigo nos fala, entre outras
mensagens, das relações afetiva e serviçal. O filho mais novo tem para com
o pai uma grande confiança, apesar de, no início, ter agido de modo egoísta.
Quando se reconheceu pecador, quando percebeu o erro cometido, não ficou
com medo do pai, mas ao contrário, recordou a bondade, a prodigalidade de seu
pai e resolveu voltar para casa. Ele sabia quem era seu pai e o respeitava
bastante. Por isso voltou. No fundo ele havia experimentado o que era ser
amado.
O mais velho, apesar de jamais ter se afastado do lado do
pai, tinha uma relação de empregado com seu patrão. Ele está preso ao que fez e
ao que deixou de fazer. Não conheceu o verbo amar, o verbo perdoar, o verbo
querer, no sentido de querer bem. Sua relação não era de ternura, mas de
trocas.
A grandeza de um homem não está em cumprir leis como um
servo, mas em viver o amor, a grandeza do perdão, saber entender o outro e
abraçá-lo.
Deus nos criou para isso, para sermos sua imagem e
semelhança e não para termos uma relação empobrecedora. Não nos deixemos
apequenar por nada. Nossa vocação é sermos sacramento do amor, do perdão, do
acolhimento de Deus em meio aos homens.
A segunda leitura complementa este pensamento quando diz:
“Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo nos reconciliou consigo
e nos confiou o ministério da reconciliação
A sociedade julga as pessoas pela aparência, pela
cultura, pelas posses. No ambiente de Igreja se julga as pessoas pelo
engajamento, pela boa ou má conduta. Paulo diz que Deus não imputou ao mundo as
suas faltas. Ao contrário, mais adiante acrescenta: “Aquele que não cometeu
nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de
Deus”.
Ora, estar em Cristo significa estar em relação íntima com
Deus e com o outro, é ser nova criatura. O cristão é nova criatura porque
pelo batismo renasceu pelo Espírito, e isso provoca atitudes novas.
O filho mais novo, aparentemente grande pecador, mostrou ser
nova criatura porque baseou sua atitude de retornar à casa confiando
exclusivamente na misericórdia do pai. Já o mais velho, cobrando do pai a
justiça, por causa de seu trabalho, não entendeu a gratuidade do amor e
permaneceu do lado de fora, na escuridão, sem provar a alegria da gratuidade.
Somente com uma atitude como a do caçula, confiando
unicamente no amor e no perdão do pai, poderemos ressuscitar na Páscoa e ser
novas criaturas!
(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o IV Domingo
da Quaresma)
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