Não adianta se iludir: a família cristã não é mais aquela.
E,talvez nunca mais ela volte a ser a mesma de outrora. A semelhança da
liturgia e da catequese, a família também percorre o caminho da renovação, em
busca de um novo modo de ser.
Firmes precisam permanecer os valores fundamentais, como o
amor, a fidelidade, a indissolubilidade —enquanto outros serão fatalmente
substituídos. De maneira que a obediência dos filhos passará a ser
“colaboração’ A autoridade paterna cederá o lugar ao “serviço”. Os filhos
deixarão de ser propriedade da família, para se tornarem membros da comunidade.
A profissão dos filhos não será imposta pelos pais, de
acordo com seus pontos de vista ou suas ambições. Os filhos é que vão optar, de
acordo com suas aspirações.
A formação e a orientação dos filhos já não ocorrerão à base
de sermões, preceitos e imposições, e sim de exemplos e de testemunho. Nos
casos em que o testemunho de vida vier a
faltar, os pais perderão toda credibilidade e os filhos acabarão tomando
rumos traiçoeiros.
Os limites e os confins da nova família não serão
constituídos pelas paredes domésticas; serão ampliados, segundo as aspirações
exigidas pela solidariedade humana — que faz ver em cada pessoa um membro da
grande família de Deus.
A coragem para se renovar e assim sobreviver, a família vai
encontrá-la no exemplo da Família de Nazaré, Maria jamais considerou seu Filho
como propriedade exclusiva — e nunca interferiu na perigosa missão que ele
livremente assumiu. Ainda que, por causa disso, ela acabasse com o coração
traspassado por uma espada de dor, ao encontrá-lo lá onde mãe nenhuma gostaria
de encontrar seu filho: suspenso numa cruz.
Mas a vida cristã, do serviço e do amor, também é uma cruz.
E nós vamos abraçá-la, assim como Jesus, Maria e José.
Pe. Virgílio, ssp
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