Hoje celebramos a solenidade de Nossa Senhora Maria a Mãe Imaculada. partilhamos um pouco desta festa na igreja do livro "Quem és Tu Maria" de Jean-Claude Michel.
A Imaculada Conceição de Maria é com certeza o maior
mistério concernente à filha de Sião, à filha de Jerusalém, tal qual é descrita
nas profecias do Antigo Testamento.
Esse deveria ser o primeiro mistério a ser abordado quando
se evoca Maria. Ora, ele só foi notado tardiamente, e não sem sofrimento e
dificuldade, a tal ponto de a Igreja não definir o dogma — que, aliás, há muito
se encontra na consciência cristã — senão recentemente, em 8 de dezembro de
1854, após 19 séculos de história da Igreja e de experiências espirituais. Essa
“lentidão” mostra tão simplesmente que se trata de um grande e delicado
mistério. De fato, a Imaculada Conceição de Maria é a pedra fundamental sobre
a qual toda a vida da Virgem vai fundamentar-se. E a primeira manifestação de
Deus na vida dessa mulher excepcional, a primeira efusão do sobrenatural.
Porém, antes de explicar o que é a Imaculada Conceição para Maria e para os
cristãos, e quais têm sido as consequências para ela e para nós, é-nos
necessário primeiro dizer o que ela não é.
Antes de tudo, ela não deve ser confundida com a concepção
virginal de Jesus. A Imaculada Conceição traduz a pureza e a preservação de
Maria de todo pecado. É uma realidade espiritual que toca a vida da Virgem bem
antes da visita do anjo em Nazaré.
O segundo erro que precisamos evitar é aquele que foi
professado por alguns, sobretudo entre o povo, que relaciona a Imaculada
Conceição de Maria à sua concepção por Ana, sua mãe, e Joaquim, seu pai. Maria
foi concebida segundo a carne, e não segundo o espírito, como o foi Jesus no
ventre de Maria. Maria é um ser natural, unicamente natural, que nasceu da
consumação do amor de Ana e Joaquim. É preciso, pois, excluir toda doutrina que
afirme que Maria foi concebida à maneira de Jesus.
Dito isso, que representa a Imaculada Conceição de Maria, a
que se refere ela, então?
Um mistério de misericórdia
Antes de tudo, nós podemos ver na intervenção de Deus pelo
Espírito Santo sobre essa jovem um imenso mistério de misericórdia, aberto a
toda a humanidade. Por mais excepcional que seja a graça da qual se beneficia
Maria, ela não é senão o reflexo de urna vontade particular de Deus para todos
aqueles que são criados à sua imagem e semelhança. Deus quer salvar e para isso
ele erradica o pecado fazendo misericórdia; ora, sua vontade é que o Amor não
seja seletivo, ele é para todos, sem exceção, que queiram acolhê-lo. Como toda
obra tem um começo, o livro do Gênese o testemunha, Deus não revoga essa lei e
coloca as primeiras estacas da salvação na vida de uma criatura escolhida.
Maria aparece assim como a primeira beneficiária da Misericórdia divina a fim
de que, por um lado, a salvação seja realizada e manifesta e, por outro, que
todo homem, neste mundo, creia e espere na infinita bondade do Criador. O que
nós percebemos em Maria corresponde ao que esperamos secretamente para nós
mesmos.
A Misericórdia que Deus quer confiar a toda a humanidade se
expressa pela libertação do pecado e da morte. É o sentido da Imaculada
Conceição de Maria, que se tornou pura desde a concepção, isto é, preservada de
todo pecado desde os primeiros instantes de sua vida. Deus inaugura o dom da
Misericórdia para toda a humanidade numa criança, uma jovem moça frágil e fraca,
mas que é ao mesmo tempo a mulher forte
e virtuosa evocada no livro dos Provérbios. Deus, visitando Maria desde sua
concepção, encarna como uma profecia, ou seja, ele deixa entrever a purificação
que vai realizar para cada uma de suas crianças. É a vitória da Misericórdia,
diz-nos Ph. Ferlay, que anuncia: “Deus, tendo mostrado ser capaz de preservar
uma só de suas criaturas, revela-se como o Deus para todos, mais forte que o
pecado. A vitória de Deus em Maria não é casual, um feliz êxito isolado, tanto
mais valorizado quanto único. É o anúncio libertador dos tempos novos, quando
Deus destruirá finalmente o egoísmo que encarcera o homem numa prisão dourada,
podendo enfim ser tudo em todos.
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