Ideia principal: Contemplemos o amor louco de Cristo. O
coração tem motivos que a razão não compreende- diria Pascal.
Síntese da mensagem: Neste ano da misericórdia a Solenidade
do Sagrado Coração de Jesus deveria ser celebrada com grande alegria e maior
fervor, pois no Sacratíssimo Coração de Jesus estão encerrados todos os
tesouros de ternura, compaixão e misericórdia divinas para todos os homens e
mulheres. Menos mal que Deus em Cristo se fez amor misericordioso e louco para
nos salvar! Do contrário, onde estaríamos agora?
Pontos da ideia principal: Em primeiro lugar, todas as leituras nos convidam a
comtemplar a loucura do amor de Cristo. O amor que manifesta o seu Coração é um
amor humano louco, que revela um amor divino ainda mais louco. Os escribas e
fariseus do evangelho de hoje não entendem esta loucura de amor de Jesus com os
pecadores e publicanos, têm o coração fechado no legalismo e nos pergaminhos.
Quem se atreveria a deixar as 99 ovelhas e ir detrás da ovelha perdida e indócil
que se afastou do rebanho? Só quem tem um amor louco. A perda da ovelha provoca
no pastor um sentimento de privação que invade todo o seu coração e faz com que
ele esqueça todos os outros afetos. E quando a encontra, alegra-se, coloca-a
sobre os ombros, acaricia, e quando chega em casa, faz festa, e compartilha a
sua alegria com os vizinhos. Gestos todos de um coração louco e cheio de
misericórdia. Humanamente, este comportamento do pastor é criticável, porque
não é justo reservar o amor para quem merece menos. Não é razoável este
comportamento. Mas o amor de Deus não faz cálculos, raciocínios. O que quer é
salvar todos. Quanto teve que lutar Jesus na sua vida pública com esses homens
quadrados na lei, mas sem caridade! Mas a mensagem de Jesus era justamente
isto: o amor misericordioso. Não estamos celebrando o Ano Jubilar da
Misericórdia para tomar mais consciência do núcleo do evangelho de Jesus?
Em segundo lugar, Paulo na segunda leitura volta à mesma
verdade: “Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,6). Já
sabemos que os pecadores- e cada um de nós é- não merecem senão castigos. Não é
razoável que um inocente se ofereça à morte, e uma morte infame- pregos,
espinhos, bofetões, desprezos…-, em benefício de uns homens culpáveis. Desde o
ponto de vista da razão, morrer por outro, embora se trate de um justo, é já um
excesso. Ninguém se oferece voluntariamente à morte: um homem morre quando a
morte lhe é imposta naturalmente. O Coração de Jesus não seguiu a lógica da
razão, mas a do amor divino. E continua se entregando por nós na Eucaristia:
entrega-nos o seu Corpo e o seu Sangue derramado por nós para a remissão dos
pecados. A sua morte na cruz é a maior
loucura de amor que se pode conceber. E em cada confissão, o sangue de Cristo
se derrama sobre a nossa alma, lavando-nos, purificando-nos, renovando-nos e
santificando-nos. Não é isto amor misericordioso?
Finalmente, alguns cristãos santos e mártires sem
compreenderam este amor louco. Perguntemos a São Maximiliano Maria Kolbe. Em 1941
é novamente feito prisioneiro e desta vez é enviado à prisão de Pawiak, e logo
levado para o campo de concentração de Auschwitz (campo de concentração
construído depois da invasão da Polônia pelos alemães). Ali prosseguiu o seu
ministério apesar das terríveis condições de vida. Os nazis que os chamavam por
números; a São Maximiliano lhe deram o número 16670. Apesar dos difíceis
momentos no campo, a sua generosidade e a sua preocupação pelos demais nunca o
abandonaram. No dia 3 de agosto de 1941, um prisioneiro escapa; e em
represália, o comandante do campo ordena escolher a 10 prisioneiros para ser
condenados a morrer de fome. Ente os homens escolhidos estava o sargento
Franciszek Gajowniczek, polonês como São Maximiliano, casado e com filhos. “Não
há maior amor do que este: dar a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). São
Maximiliano, que não se encontrava dentro dos 10 prisioneiros escolhidos,
oferece-se para morrer no seu lugar. O comandante do campo aceita a troca. Logo
10 dias depois da sua condena e ao encontrá-lo ainda com vida, os nazis
aplicaram-no uma injeção letal no dia 14 de agosto de 1941. Não é isto amor
louco por parte de Maximiliano Maria Kolbe?
Para refletir: Como é o meu amor por Jesus: só sentimental,
esporádico, interessado, inconstante? Ou é forte, firme, demonstrado em obras?
O que estaria disposto a fazer por Cristo, se me pedisse um duro sacrifício:
fugiria, protestaria, claudicaria? Ou colocaria o meu peito para dar a vida por
Cristo e pelos irmãos?
Para rezar: rezemos com o cardeal, agora beato, John Henry
Newman:
Amado Senhor, ajudai-me a espalhar a vossa fragrância por
onde eu for. Inundai a minha alma de espírito e vida. Penetrai e possui todo o
meu ser até o ponto que toda minha vida só seja uma emanação da vossa. Brilhai
através de mim, e morai em mim de tal maneira que todas as almas que entrem em
contato comigo possam sentir a vossa presença na minha alma. Fazei que me olhem
e já não me vejam, mas somente Vós, ó Senhor. Ficai comigo e então começarei a
brilhar como brilhais Vós; a brilhar para servir de luz para os outros através
de mim. A luz, ó Senhor, irradiará toda de Vós; não de mim; sereis Vós, quem
ilumineis os demais através de mim. Permiti-me pois louvar-vos da maneira que
mais gostais, brilhando para os que me circundam. Fazei que pregue sem pregar,
não com palavras mas com o meu exemplo, pela força contagiosa, pela influência
do que faço, pela evidente plenitude do amor que vos tem o meu coração.
Amém.
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