Ideia principal: Dois cortejos deambulam pelo nosso mundo: o
cortejo ou comitiva da morte, representado por esses filhos mortos da liturgia
deste domingo (1 leitura e evangelho), e o cortejo ou comitiva da vida,
representado por Cristo, que é a vida e que tem o poder sobre a morte. A qual
caravana queremos nos juntar?
Síntese da mensagem: As leituras de hoje nos colocam de
frente com um tema trágico, o da morte. Na primeira leitura, do livro dos Reis,
escutamos como o profeta Elias ressuscitou, ou melhor, fez reviver, com o poder
de Deus o filho da viúva de Sarepta. O evangelho nos apresenta outra viúva,
nascida em Naim, cujo filho era conduzido ao cemitério para ser enterrado.
Cristo, cheio de compaixão e ternura, aproxima-se dessa pobre mulher e lhe diz:
“Não chores”; depois, detém o cortejo e ordena com a força do seu amor e poder:
“Jovem, levanta-te!”. Comitiva da morte e comitiva da vida frente a frente. Quem
ganhará?
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, aí está o cortejo e a caravana ou
comitiva da morte, representados nesses filhos mortos e nos que os acompanham.
Mas também em muitíssimos que estão em tantas esquinas, praças, bairros,
favelas, vilas miseráveis. Basta abrir os olhos e dar uns passos para ver esta
comitiva da morte e tristeza: tantos desempregados em cujos olhos se refletem a
angústia e a desesperança; tantos drogados, que buscaram paraísos psicodélicos
e evasivos, e agora se encontram numa rua sem saída devido ao lucro de alguns;
tantos analfabetos e marginalizados, que estão discriminados para tantas coisas
belas da vida; tantos sem teto que não têm lar, porque as casas e apartamentos
estão nas nuvens; tantos terroristas que semeiam a morte por onde for; tantos
doentes ou anciões jogados em casas ou hospitais, e ninguém os visita, pois já
não são úteis para a sociedade; tantas mulheres que gritam sobre o direito do
seu corpo ou que o oferecem aos que passam pelas calçadas dessas áreas
vermelhas; tantos pobres que nada têm para levar à boca e estão no chão
deixando-se lamber pelos cachorros ou comidos pelos vermes. Que imensa e longa
comitiva da morte! E aí vão, lamentando-se, chorando, maldizendo e talvez
blasfemando. Terão a graça de se encontrar com a comitiva da vida, encabeçada
por Cristo e pelos seus autênticos seguidores?
Em segundo lugar, aí está também o cortejo e caravana ou
comitiva da vida. Também encontramos esta comitiva por todas partes, graças a
Deus. Quantos “Lares de Cristo”, fundados no Chile por São Alberto Hurtado!
Quantos Lares das Irmãzinhas dos Anciãos desamparados, fundados pela Santa
Teresa de Jesus Jornet e Ibars! E não digamos já as Servas de Maria, ministras
dos enfermos, que cuidam a domicilio de tantos enfermos e cuja congregação foi
fundada por Santa Soledad Torres Acosta. E Cotolengos, Orfanatos, Oratórios,
Vicentinos. Sacerdotes dedicados à promoção humana e cristã de tantos pobres,
construindo centros, casas, e até do que era uma estrumeira, construir uma
cidade inteira, com a ajuda dos habitantes, como acontece em Madagascar, com
trabalho, teto e pão para todos. Mas também são comitiva da vida esses monges e
freiras de clausura que passam o dia inteiro orando, trabalhando nas suas
hortas e tecendo ornamentos sagrados para a glória de Deus. Ou esses leigos que
deixam a sua pátria e vão com toda a sua família para missionar em terras
estrangeiras e necessitadas de evangelizadores a tempo completo, como fazem os
Neocatecumenais ou o movimento Regnum Christi. Comitiva da vida em tantos
colégios dos salesianos ou escolápios, onde ademais das letras injetam piedade
e dignidade humana e cristã, ensinando-lhes artes e ofícios. Esta comitiva da
vida teve a graça de se encontrar com Cristo que é a Vida, abriram o seu
coração e os seus lares, e em muitos casos houve uma autêntica ressurreição da
fé, esperança, amor, alegria, entusiasmo e sentido na vida. Bendita comitiva da
vida!
Finalmente, a qual comitiva queremos nos juntar: à da vida
ou à da morte? Em qual estamos neste momento? Se nos invade a tristeza e os
remorsos por tantos pecados não confessados, o que estamos esperando para
passar à comitiva da vida, onde Cristo está nos esperando para nos perdoar na
confissão? Se estivermos carcomidos pelo ódio, pela inveja, pelos
ressentimentos, pelas mentiras, pelos maus desejos… estamos na comitiva da
morte. Se, ao contrário, repartirmos paz, perdão, magnanimidade, estamos na
comitiva da vida. Se ajudarmos os nossos irmãos mais pobres e necessitados, estamos
ressuscitando-os na sua dignidade e na sua esperança, repartindo por onde
formos bilhetes para a comitiva da vida. Se fecharmos o bolso para garantir a
nossa velhice, sem compartilhar o pouco ou o muito que possuímos, levamos em
frente um título: “Comitiva da morte”. E assim, quem se aproximará de nós? Sim,
diante das desgraças que Deus permite na nossa vida, gritamos aos profetas,
como fez a mulher da primeira leitura a Elias, certamente vamos seguindo a
comitiva da morte. Menos mal que Elias, confiado em Deus, devolveu a vida a
esse filho morto, e a alegria a essa pobre viúva que estava de luto. Elias,
homem de Deus. E todos nessa casa se colocaram na comitiva da vida.
Para refletir: Em que comitiva me encontro hoje: na comitiva
da vida ou na comitiva da morte? O que estou esperando para passar à comitiva
da vida? Mudaria por alguma coisa está comitiva da vida, onde está Cristo e os
valores do evangelho? O que me atrai da comitiva da morte?
Para rezar: Senhor, quero vos pedir que cruzeis todos os
dias pela minha vida e que me digais a mesma coisa que a esse jovem: “Jovem,
levanta-te”. Quero escutar dos vosso lábios as mesmas palavras que dissestes a
essa pobre viúva: “Não chores”. Que os que estão do meu lado, vejam-me feliz e
radiante porque me encontro na comitiva da vida e possa convidá-los com o meu
testemunho e a minha palavra a juntarem-se a Vós, que sois a Vida.
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