Síntese da mensagem: Seguir a Cristo requer levar a sério as
condições que hoje Cristo nos coloca: “Se alguém quiser vir detrás de mim, que
não se busque a si, que tome a sua cruz de cada dia e me siga”. Não buscarmos a
nós mesmos, que é egoísmo, mas a vontade de Deus. Pegar cada um a sua própria
cruz de cada dia, participação de alguma farpa da cruz de Cristo: cruz física,
cruz psicológica, cruz moral, cruz espiritual. Seguir a Cristo, pois Ele deixou
bem nítidas as pegadas no evangelho, no Sacrário e no pobre necessitado.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, não foi fácil seguir a Cristo durante a
sua vida terrena. Perguntemos a esse jovem rico do evangelho que deu as costas
a Cristo (cf. Mc 10, 17-30). Perguntemos a esses escribas e fariseus, que
embora escutavam, não se abriram à fé Nele e preferiram seguir atados aos seus
pergaminhos, tradições e sobretudo, à sua soberba. Perguntemos a quantos Cristo
deu de comer e encheu o estômago deles de pão material, mas quando lhes
vaticinou o outro Pão, o Pão do seu Corpo (cf. Jo 6), retiraram-se muitos e o
abandonaram. Perguntemos a Pedro que quando Cristo fez o se anúncio da paixão e
morte, quis dissuadi-lo para mudar de ideia; e Cristo somente lhe disse bem
firme: “Afasta-te de mim, Satanás, pensas como os homens e não como Deus”.
Perguntemos aos mesmos apóstolos, escolhidos por Cristo, que demoraram tanto em
entender a mensagem de Jesus, e falharam justamente na hora da Paixão,
deixando-o sozinho, a exceção de João. Perguntemos a quantos escutaram aquelas
palavras: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, pegue a sua cruz e siga-me”
(Mt 16, 24); fizeram como que não ouviram e seguiram outro caminho, em busca
talvez de um profeta que lhes prometa a felicidade sem cruz e sem renúncia. Com
quantos amigos terminou Cristo na sua vida terrena? Podemos contar com os dedos
das mãos. Sim, seguir a Cristo é difícil, porque é subida, o caminho é
espinhoso em muitas ocasiões, poucos momentos de oásis e muito suor e lágrimas.
Mas a presença de Cristo consola, anima, fortalece e fortifica a nossa alma e o
nosso corpo. E hoje encontramos essa presença especialmente na oração, nos
sacramentos e na caridade com o pobre, onde Ele se faz também carne necessitada
de um gole de água, de um pedaço de vestido, de um teto para abrigar-se.
Em segundo lugar, não foi fácil seguir a Cristo durante os
primeiros séculos do Cristianismo, quando Jesus subiu ao céu. “Crucifica-o”.
Este grito dos judeus contra Jesus continua sendo escutado durante três
primeiros séculos contra os cristãos. “Christiani ne sint” (morram os
cristãos), reza o edito imperial. Mas os discípulos de Cristo crucificado, sem
outras armas que a sua paciência e a sua verdade, superam todas as ciladas. Até
o governo de Nero a Igreja pôde se propagar com certa liberdade. Deste este
imperador até o século IV se perseguiu à morte os cristãos, procurando
aniquilá-los por todos os meios. Eles mantiveram firmes a sua fé até a morte,
com o auxílio divino: homens, mulheres e crianças sofreram alegres os tormentos
e a morte por se confessarem cristãos. Muitos pagãos se converteram ao ver o
seu valor nos tormentos e o exemplo na sua vida impecável: Quantas
perseguições? Houve 10 perseguições gerais, que se estendiam por todo o
Império; e muitas perseguições locais que afetavam só tal o qual província. Que
tormentos? Às vezes serviam de espetáculo à plebe ávida de sangue e emoções
fortes: crucifixão, bestas no circo, fogo lento, tochas… Estes tormentos foram
sem dúvida terríveis nas últimas perseguições, nas que se pretendia quebrantar
a vontade e conseguir a sua apostasia: fome, dentes de ferro, flagelação até
deixar descobertos os ossos, azeite fervendo e pele derretendo, etc.
Como
sofriam e morriam os primeiros cristãos? Serenos e em paz, com ânsias de se
unirem a Cristo. Humildes e caridosos, perdoando os seus verdugos e rogando
pela sua salvação. Às vezes discutiam com os seus juízes demonstrando-lhes a
verdade da religião. O Espírito que neles habitava colocava na boca deles as
palavras que tinha que responder. Causas das perseguições? A verdadeira causa
era que a vida exemplar dos cristãos constituía uma constante repreensão dos
vícios pagãos. Jesus tinha anunciado claramente: “Sereis perseguidos porque não
sois do mundo”. Os pretextos que punham os perseguidores eram: são inimigos do
estado, poia não acatam às ordens do imperador, são ímpios e atraem as
maldições dos deuses, não querem tributar-lhes culto. Tertuliano lhes
respondeu: “Ide aos vossos cárceres e vede quantos pagãos criminais há neles e
quantos criminais cristãos: depois julgai vós”. Outros pretextos: cometem
crimes tremendos na celebração dos seus mistérios: p.e., comem crianças… São
causa de divisão dentro do império.
Finalmente, não será fácil para cada um de nós, os seus
seguidores. Seguir a Cristo na política não é fácil. Como acabou sir Thomas
Moro, primeiro ministro, na Inglaterra do século XVI, com o rei adúltero
Henrique VIII? Seguir a Cristo na medicina não é fácil. Quantos médicos diante
da objeção de consciência, por não aceitar o aborto, foram despedidos das
clínicas! Seguir a Cristo na economia não é fácil. Como acabam os economistas
que fazem luz às corrupções? Seguir a Cristo no meio pagão e descristianizado,
não é fácil; esses cristãos honestos não conseguem postos e são marginalizados
e humilhados. Seguir a Cristo no matrimônio e na família, não é fácil. Seguir a
Cristo como jovem que não se deixa levar por esses ambientes que oferecem “pão
e circo”, não é fácil. Seguir a Cristo como religiosas e freiras, não é fácil.
Seguir a Cristo como sacerdotes fiéis ao celibato, não é fácil. Seguir a Cristo
cuidando e dedicando-se aos pobres, enfermos e anciãos, não é fácil.
Para refletir: Penso seguir a Cristo desde a comodidade?
Levo a minha cruz com serenidade e amor, unida à cruz de Cristo? Já coloquei os
meus pés nas pegadas que Cristo deixou no evangelho?
Para rezar: Nem sempre sois o meu tesouro, Senhor. Nem
sempre tenho-vos no centro da minha vida. Porém, quero lutar para optar cada
vez mais por Vós. Quero descobrir-vos e ter-vos como o único e mais prezado
tesouro da minha vida. Nem sempre sois o meu Senhor. As riquezas, o ter, o
consumo… me atraem demais e me acostumam ao cômodo, ao que é fácil. Sei que
seguir-vos exige sacrifício, que deixar-me levar por esses senhores,
afastar-me-á irremediavelmente de Vós. Quero ser livre e ter-vos como o meu
único Senhor.
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