Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de
Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e penetrar o
significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão
humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a
imitá-lo.
Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem
é o Cristo. Aqui se descobre a necessidade de observar o quadro de sua
permanência entre nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as
práticas religiosas, tudo de que Jesus se serviu para revelar-se ao mundo. Aqui
tudo fala, tudo tem um sentido.
Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma
disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser
discípulo do Cristo.
Mas estamos apenas de passagem. Temos de abandonar este
desejo de continuar aqui o estudo, nunca terminado, do conhecimento do
Evangelho. Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase
furtivamente algumas breves lições de Nazaré.
Primeiro, uma lição de silêncio. Que renasça em nós a estima
pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós,
assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna
barulhenta e hipersensibilizada. O silêncio de Nazaré ensina-nos o
recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e
as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor das
preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que
só Deus vê no segredo.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a
família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter
sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é
doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.
Das Alocuções do papa Paulo VI
(Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de 1964)
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