Ideia principal: A salvação de Deus é para todos,
e não privilégio exclusivo de uma raça. Deus pede a fé em Cristo Jesus para que
essa salvação se faça realidade.
Síntese da mensagem: Deus, abrindo a sua salvação a
todos sem exceção, está demonstrando a sua grande e infinita misericórdia (1
leitura). Para nós será muito bom meditar na mensagem deste domingo, justamente
quando estamos vivendo e celebrando o ano da misericórdia. Deus quer a salvação
de todos. Só pede que o homem e mulher se aproximem de Deus com uma fé firme em
Cristo Jesus e lhe exponha com humildade as suas necessidades (2 leitura e
evangelho).
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, Salomão deixa bem claro na primeira
leitura de hoje que a salvação é universal. Por isso eleva a sua oração a
Deus para que escute não somente os judeus que virão ao templo, mas também os
pagãos e estrangeiros. Deus não é somente o Deus monopólio de Israel, mas o
Deus de todo o mundo. É o Deus de todos e, por conseguinte, todos deverão
conhecê-lo na oração, honrá-lo no culto e ter as mãos abertas para receber toda
classe de graças que o bom Deus quiser conceder-lhes, para depois reparti-las
com os outros. Salomão mostra aqui um espírito universal, que logo não imitarão
desgraçadamente muitos povos. Quanto custou ao profeta Daniel abrir-se a esta
salvação universal oferecida por Deus e até mesmo fica bravo com Deus, por ser
tão clemente e misericordioso.
Em segundo lugar, Paulo na segunda leitura coloca em
guarda com relação aqueles que querem anunciar outro evangelho distinto que
certamente não levará a essa salvação. Paulo escreve aos Gálatas, que eram
pagãos antes de tornarem-se cristãos. Pregou-lhes a fé em Cristo e eles se
aderiram a esta fé, aceitaram o batismo e obtiveram as graças de Deus para conseguir
a salvação. Porém, mais tarde chegaram alguns judaizantes perturbadores
dizendo-lhes que, ademais da fé em Cristo, necessitavam a observância da lei
antiga de Moisés (circuncisão, observâncias alimentarias, pureza ritual). Paulo
é firme e forte: basta a fé e a adesão a Cristo para se salvar. É certo que a
fé em Cristo nos pedirá coerência de vida, isto é, faz-nos agir e realizar as
“obras da fé”, e não tanto as obras da lei, com as quais os judeus acreditavam
alcançar para eles a salvação.
Finalmente, Cristo no Evangelho, louvando a fé desse
centurião romano, abriu a sua mão compreensiva a esse criado a ponto de morrer
e ofereceu a sua salvação a esses pagãos. Esse oficial pagão tinha a alma
preparada para receber essa salvação oferecida por Deus, porque era um homem
bom, honesto e humilde, simpatizante do povo de Israel, tanto que tinha
construído para eles a sinagoga. Os mesmos judeus o reconheceram diante de
Cristo. Jesus fica admirado com a atitude do centurião e elogia a sua fé, que
lhe arrancou o milagre para o seu servo. Se tiver algo claro no evangelho de
Lucas, que nos acompanha neste ano litúrgico, é justamente a salvação universal
trazido por Cristo, desde que nasce em Belém. Depois, quando Jesus sai para
pregar presta atenção aos marginalizados, louva o leproso estrangeiro ou o
samaritano que teve entranhas de misericórdia com esse machucado na beira do
caminho.
Jesus, curando o criado do centurião romano, pertencente às “forças de
ocupação”, hoje diríamos, está demonstrando-nos que a sua salvação não tem
fronteiras nem pede passaporte nem papéis, como exigem os países quando as
pessoas viajam; a feliz, chata e cansada burocracia que todos sofremos. Cristo
abre o seu coração e a sua salvação a todos, sem distinção de raça, língua,
cor. Só pede fé Nele. Ele é o único e universal Salvador (cf. “Dominus
Iesus”, Declaração da Congregação da Doutrina da fé, 6 de agosto de 2000).
Cristo é o único mediador da salvação de Deus (1 Tm 2,5). A Igreja leva mais de
dois mil anos pregando-o: “Em nenhum outro há salvação, porque não existe
outro nome debaixo do céu dado aos homens, no qual possamos ser salvos” (Atos
4,12).
Para refletir: Sou de mentalidade aberta ou fechada em
alguma classe de racismo ou nacionalismo? Sei reconhecer os valores que têm os
“outros”, os que não são da nossa cultura, raça, língua, religião? Sei dialogar
com eles, ajudá-los no que posso? Reconheço que a verdade e o bem não são
exclusivamente minhas? Alegro-me em saber que Deus é um Deus aberto, universal,
que “faz sair o sol sobre justos e pecadores”? Inclusive permanecendo fiel e
coerente na minha fé e pregando com convicção esta verdade “Em Cristo
todos podem ser salvos”, sou uma pessoa aberta ao diálogo e ao respeito
dos que pensam diferentemente de mim?
Para rezar: Senhor, que a vivência da Eucaristia nos
ensine e nos estimule a viver este universalismo na nossa vida cristã, pois é
na Eucaristia onde formamos uma assembleia comunitária heterogênea, mas
fraternal, com pessoas de cultura e de idade distinta. É aí, Senhor, onde
elevamos na oração universal as nossas súplicas a Deus, solidarizando-nos com
todo o mundo. É aí, meu Deus, onde no gesto simbólico de paz damos e desejamos
paz para os vizinhos. E é aí, onde comemos o único pão partido, sentindo-nos
irmãos uns dos outros, porque cremos em Vós, Cristo Jesus.
Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C.,
Doutor em Teologia Espiritual, diretor espiritual e professor de Humanidades
Clássicas no Centro de Noviciado e de Humanidades da Legião de Cristo em
Monterrey (México
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