Síntese da mensagem: Cristo, no longo discurso de despedida
aos Apóstolos, está preparando-os, eles e também nós, para a vinda do Espírito
Santo. Mestre divino interior, Luz para as mentes, Doce Hóspede e Consolador
das nossas almas, Arquiteto da nossa santidade, Escultor da imagem de Cristo no
nosso interior, Estratego nas nossas lutas, Bálsamo para as nossas feridas.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, quem é o Espírito Santo? A teologia nos
ensina que o Espírito Santo é visto na vida íntima da Trindade como o que
procede do Pai e do Filho, e constitui a comunhão inefável entre o Pai e o
Filho. Na vida do que crê o Espírito Santo instalará a sua morada,
transformando-se em luz, consolo e mestre interior. Na vida da Igreja, o
Espírito Santo será a testemunha vivente de Jesus, a guia interior para o
descobrimento de toda a verdade e força para se opor ao mundo malvado,
convencendo-o do pecado. O Espirito Santo guia a Igreja nas suas máximas
decisões e a ajuda a se manter unida (1 leitura). E ao longo dos séculos, com
os hinos dedicados ao Espírito Santo, a Ele tem sido dado atributos profundos:
Mestre interior que nos ensina e nos explica as verdades de Cristo; doce
Hóspede da alma que nos consola nos momentos de aflição; Escultor da santidade;
Estratego nas batalhas que devemos travar com os grandes inimigos da nossa
santidade; ei-lo aí animando-nos e fortalecendo-nos na luta.
Em segundo lugar, o efeito que este divino Espírito deixa na
alma é a paz (evangelho). Os romanos desejavam a saúde (“salus”), os gregos a
alegria da vida (“Xaire”), os judeus a paz “schalom alechem” (paz para nós),
que era a prosperidade material e religiosa, pessoal, tribal e nacional. Por
isso nos seus livros sagrados é a palavra que mais aparece: 239 no Antigo
Testamento, e 89 no Novo. Esta paz que nos dá o Espírito Santo é a paz de
Cristo. Não é a paz dos cemitérios. Nem a paz que deixa as armas que se calam.
Nem a paz que as nações assinam com concordados com canetas de ouro e nas
poltronas de luxo. A paz do Espírito Santo é a paz pessoal, íntima,
insubornável. A serenidade do lago da consciência e a sua honradez de vida; o
gozo do coração e as bondades humanas; a alma de Deus com as suas vivências
divinas, que é tanto como dizer a vida de cara ao sol e as estrelas.
Esta paz
ninguém pode tirar de nós; nem uma doença nem a vizinha do lado, nem o negócio,
nem o meu chefe de trabalho. Ninguém pode tirá-la de nós, simplesmente porque
nenhum de todos eles nos deu essa paz, e porque é divina.
Perguntemos, se não,
a Edith Stein, judia conversa ao cristianismo e depois freira carmelita, e hoje
santa Benedita da Cruz, detida pela polícia alemã no dia 2 de agosto de 1942, e
que terminou no campo de Auschwitz, morrendo na câmara de gás. Nunca perdeu
esta paz divina.
Ou a paz de Teresa de Jesus, que nunca perdeu nem sequer entre
as panelas sujas da cozinho do seu convento nem no carroças das fundações pelas
terras da Espanha e quando teve que estar cara a cara com o rei mais poderoso
do mundo, Felipe II.
Finalmente, e com a paz o Espírito Santo nos proporciona
também o gosto pelas coisas espirituais. O homem natural preza as coisas e as
vantagens materiais: saúde, dinheiro e amor… mas não é capaz de prezar as
coisas espirituais: a fé em Cristo, a vida de união com Ele, inclusive através
dos sofrimentos da vida, o amor autêntico. Ajuda-nos a compreender a
relatividade e a fugacidade das coisas, comparadas com as coisas divinas. Ele
nos ensina a docilidade interior à vontade divina, como manifestação concreta
do nosso amor real a Deus.
Não fechemos a porta a este Doce Hóspede interior
com a nossa surdez. Não tapemos a boca deste maravilhoso Mestre interior com as
nossas rebeldias. Não machuquemos este maravilhoso Escultor divino com as
nossas resistências. Escutemos os seus gemidos inenarráveis, quando o
ofendemos, e procuremos estar sempre à sua escuta, na hora de discernir na
nossa vida pessoal e comunitária (1 leitura). Deixemos que seja o Espírito
Santo quem eleve o nosso pensamento e afeto continuamente à cidade santa, o
céu, para deixar-nos envolver pelo fulgor divino e o transmitamos ao nosso
redor (2 leitura).
Para refletir: Como trato o Espírito Santo na minha alma?
Escuto-o? sou dócil ao que Ele me pede? Deixo-me modelar por Ele? O que estou
fazendo com a paz que Cristo me deixou, como fruto do Espírito Santo: sei
saboreá-la, defendê-la ou a pisoteio?
Para rezar: Rezemos as estrofes do famoso hino ao Espírito
Santo:
Vinde, Espírito Santo
Mandai a vossa luz desde o céu.
Dom, nos vossos dons esplêndido;
Luz que penetra as almas;
Fonte do maior consolo.
Vinde, doce hóspede da alma,
Descanso do nosso esforço,
Trégua no duro trabalho,
Brisa nas horas de fogo,
Gozo que enxuga as lágrimas
E reconforta nos duelos.
Entra até no fundo da alma,
Olhai o vazio do homem,
Se Vós não estais dentro dele;
Olhai o poder do pecado,
Quando não enviardes o vosso sopro.
Regai a terra seca,
Sanai o coração enfermo,
Lavai as manchas, infunde
Calor de vida no gelo,
Domai o espírito indômito,
Guia o que está fora do caminho.
Reparti os vossos sete dons,
Segundo a fé dos vossos servos;
Pela vossa bondade e graça,
Dai-lhe ao esforço o seu mérito;
Salvai o que busca se salvar
E dai-nos o vosso gozo eterno. Amém.
Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C.,
Doutor em Teologia Espiritual, diretor espiritual e professor de Humanidades
Clássicas no Centro de Noviciado e de Humanidades da Legião de Cristo em
Monterrey (México).
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