Ideia principal: A caridade é a contrassenha e a novidade do
cristianismo.
Síntese da mensagem: Nas leituras de hoje o adjetivo novo
saiu cinco vezes. Quatro vezes na segunda leitura, e uma vez no evangelho. O
antigo- antônimo de novo- já terminou (2 leitura). É o chamado a viver uma vida
nova na fé. Mas sobretudo, viver o mandamento novo da caridade. Aqui está a
novidade e a contrassenha do cristão: “amai-vos uns aos outros como Eu vos
amei”.
Pontos da ideia principal:
Em primeiro lugar, este Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C.,
Doutor em Teologia Espiritual, diretor espiritual e professor de Humanidades
Clássicas no Centro de Noviciado e de Humanidades da Legião de Cristo em
Monterrey (México). Perguntemos aos santos e aos mártires: a Santo Estevão, a Santa Inês, a
Santo Inácio de Antioquia, a São Maximiliano Maria Kolbe, a Santa Maria
Goretti, ao beato Miguel Pro, etc.
Em segundo lugar, onde reside a novidade deste mandamento?
Antes de Cristo, claro que existia o amor. Assim lembra Jesus ao letrado que
lhe perguntou pelo primeiro mandamento da lei: “Amarás ao Senhor teu Deus com
todo o coração, com toda a alma, com toda a mente. Este é o preceito mais
importante; mas o segundo é equivalente: amarás ao próximo como a ti mesmo” (Mt
22, 37-39). Contudo, se existia esse mandamento, era pura teoria, um ideal
abstrato. Era simplesmente algo distinto. Certamente, teve homens que se amaram
também antes de Cristo; mas, por que? Porque eram parentes, porque eram
aliados, amigos, pertenciam ao mesmo clã ou ao mesmo povo: ou seja por algo que
os ligava entre si, distinguindo-os de todos os demais. Agora tem que ir além:
amar os que nos perseguem, amar os inimigos, os que não nos cumprimentam e nem
nos amam. Isto é, amar o irmão por si mesmo e não pelo útil que ele possa
resultar para nós. É a palavra “próximo” a que mudou o conteúdo: dilatou-se até
compreender não só quem está perto de nós, mas também cada homem ao qual
podemos nos aproximar.
Novo é, portanto, o mandamento de Cristo porque novo é o
seu conteúdo. Novo também, porque Jesus acrescentou isto: Amai-vos, como Eu vos
amei”. Não podia existir um modelo ato perfeito de amor no Antigo Testamento.
E, como nos amou Jesus? Com um amor generosíssimo, sem limites, um amor universal,
e misericordioso; amor que sabe transformar o mal em ocasião de amor maior,
como fez Jesus na sua Paixão e Morte.
Finalmente, o Catecismo da Igreja Católica no número 1856
assinala a importância vital da caridade para a vida cristã. Nesta virtude se
encontram a essência e o núcleo do cristianismo, é o centro da pregação de
Cristo e é o mandado mais importante (cf. Jo 15, 12; 15,17; Jo 13, 34). Não se
pode viver a moral cristã deixando de um lado a caridade. A caridade é a
virtude rainha, o mandamento novo que Cristo nos deu, portanto é a base de toda
espiritualidade cristã. É o distintivo dos autênticos cristãos. A caridade é a
virtude sobrenatural pela qual amamos Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos por amor a Deus.
É a virtude por excelência porque o seu
objeto é o mesmo Deus e o motivo do amor ao próximo é o mesmo: o amor a Deus.
Porque a sua bondade intrínseca, é a que nos une mais a Deus, fazendo-nos parte
de Deus e dando-nos a sua vida (cf. 1 Jo 4, 8). A caridade dá vida a todas as
outras virtudes, pois é necessária para que estas se dirijam a Deus. Sem a
caridade, as outras virtudes estão como mortas. A caridade não termina com a
nossa vida terrena, na vida eterna viveremos continuamente a caridade. São
Paulo menciona sobre a caridade em 1 Cor. 13,13; e 13,87. Ao falar da caridade,
tem que falar do amor. O amor “não é um sentimento bonito” ou a carga romântica
da vida. O amor é buscar o bem do outro. A caridade é mais do que o amor. O
amor é natural. A caridade é sobrenatural, algo do mundo divino.
A caridade é
possuir em nós o amor de Deus. É amar como Deus ama, com a sua intensidade e
com as suas características. A caridade é um dom de Deus que nos permite amar
na medida superior às nossas possibilidades humanas. A caridade é amar como
Deus, não com a perfeição com que Ele o faz, mas sim com o estilo que Ele tem.
Referimo-nos a isto quando dizemos que estamos feitos à imagem e semelhança de
Deus, por termos a capacidade de amar como Deus.
Para refletir: 1 Cor 13, 4-7: “O amor é paciente, é bondoso.
O amor não tem inveja; o amor não é jactancioso, não é arrogante. Não se
comporta indecorosamente; não busca as suas próprias coisas, não se irrita, não
considera o mal recebido. O amor não se regozija com a injustiça, mas se alegra
com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor não
passa jamais. Mas se existem dons de profecia, acabar-se-ão; se existem
línguas, cessarão; se existir conhecimento, acabar-se-á”. A minha caridade o
meu amor têm estas características? Tenho pregado este distintivo na minha vida
cristã?
Nada melhor do que o Hino de São Francisco, onde
se resume a essência do amor.
Fazei-me um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio que eu leve o vosso amor;
Onde houver injúria que eu leve o vosso perdão, Senhor;
Onde houver dúvida que que leve a fé.
Mestre, fazei que eu procure mais
Consolar que ser consolado;
Compreender que ser compreendido;
Amar que ser amado.
Fazei-me um instrumento da vossa paz;
Que eu leve esperança por onde for
Onde houver escuridão que eu leve a luz
Onde houver sofrimento que eu leve o vosso gozo, Senhor.
Comentário sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C.,
Doutor em Teologia Espiritual, diretor espiritual e professor de Humanidades
Clássicas no Centro de Noviciado e de Humanidades da Legião de Cristo em
Monterrey (México).
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