Vitória sobre um temperamento irascível
Elisabete filha e neta de oficiais, herda um temperamento ardente, pronto a replica.
Nasceu na manhã de 18 de Julho de 1880, no acampamento militar de
Avor, perto de Bourges, onde seu pai Francisco José Catez era capitão. Maria
Elisabete Catez foi batizada quatro dias depois.
Menina de gênio forte e impetuoso, personalidade decidida, olhar
chamejante, buliçosa, faladeira e muito carinhosa, Elisabete uniu-se com enorme
afeto à irmã, Margarida, três anos mais nova, que tinha uma índole oposta: era
tranquila e até tímida.
Quando contava apenas sete anos, Elisabete viu falecer o pai em seus
braços, vítima de um ataque cardíaco. Esse fato marcou-a profundamente e
deu-lhe uma sensível experiência da efemeridade das coisas terrenas. Poucos
meses depois, a viúva mudou-se com suas duas filhas para um apartamento de onde
se podia ver, a pequena distância, o Carmelo de Dijon.
Possuindo um caráter violento e irascível, desde a mais tenra idade,
aquela criança batalhava por dominar-se, com uma vontade de ferro. Sua irmã
testemunha a esse respeito: "à força de lutar consigo mesma, chegou a uma
doçura angelical. Lembro-me dela bem pequena com verdadeiros acessos de cólera,
gritando e batendo os pés... Esta menina tão difícil transformou-se numa jovem de
grande serenidade".
Numa carta dirigida à mãe, em 1º de Janeiro de 1889, bem demonstra
esse desejo de vencer o próprio temperamento: "Ao desejar-lhe um feliz Ano Novo, tenho a
alegria de prometer-lhe que serei bem comportada e obediente; que não lhe darei
mais oportunidade para que se zangue; que não chorarei mais e que serei uma
mocinha exemplar para que a senhora sinta prazer em tudo".
Meses depois, em nova carta à mãe, escreve: "Espero que bem em
breve terei a felicidade de fazer a Primeira Comunhão; por isso, serei ainda
mais bem comportada porque pedirei a Deus Nosso Senhor que me torne ainda
melhor".
De fato, em 19 de Abril de 1891, dia em que recebeu sua primeira
comunhão, o anelado Pão dos Anjos, o temperamento da jovem Catez transformou-se
de forma súbita e profunda. Depois da cerimônia, confidenciou a Maria Luiza
Hallo, sua íntima amiga: "Não tenho fome; Jesus alimentou-me".
Aquele
primeiro contato com Jesus escondido na Sagrada Hóstia fora decisivo para seu itinerário
espiritual. A partir de então, "o Mestre tomou posse total do seu
coração", afirma o Padre Philipon.
No próprio dia em que recebeu a Eucaristia pela primeira vez, fez uma
visita ao Carmelo e sentiu profunda emoção quando a priora, Madre Maria de
Jesus, lhe explicou que o nome Elisabete significa "Casa de Deus".
Tais palavras marcaram indelevelmente a menina, chamada a um convívio singular
e profundo com a Santíssima Trindade, com os "meus Três", como ela
mesma diria mais tarde, habitando com especial intensidade em sua alma.
“Sinto-O tão vivo na minha alma.
Só tenho que recolher-me para encontrá-Lo dentro de mim,
e faz toda a minha felicidade.
Ele colocou no meu coração uma sede infinita
uma tão grande necessidade de amar, que só Ele pode saciar”.
"Como compreendo, agora, o recolhimento e o silêncio
dos santos
Que não conseguiam mais abandonar a sua contemplação".
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