Neste Domingo 08 de novembro no Carmelo celebramos a Beata Elisabete da Trindade que está em processo de canonização. Esta irmã viveu profundamente a vocação contemplativa carmelitana, buscando a cada momento a presença de Deus no profundo do seu ser. Partilhamos uma carta que ela escreveu a um seminarista. Nesta carta revela a sua profundidade e a união profunda com Jesus na Eucaristia.
Ao Seminarista Chevignard
Carmelo de Dijon 14 de junho de 1903
Reverendo!
Creio que nada manifesta tanto o amor de Deus aos homens com
Eucaristia, E a união, a consumação. E ele em nós e nós nele. Não é isto o céu
na terra? O céu na fé, enquanto esperamos a visão face a face tão desejada.
“Então seremos saciados quando aparecer a sua glória” (SI 16,15) e quando o
veremos na sua luz. Não acha que é um descanso para a alma pensar nesse
encontro, nessa convivência com aquele a quem ela unicamente ama? Tudo desaparece
então, e temos a impressão de que já penetramos no mistério divino, Esse
mistério é tão nosso como me dizia em sua carta
Peça para que eu viva plenamente minha vocação de esposa,
para que eu seja pura disponibilidade e permaneça vigilante na fé, a fim de que
o Senhor possa me conduzir por onde for do seu agrado. Desejaria permanecer constantemente junto àquele que
conhece todo o mistério para que me ensine. “A linguagem do Verbo é a infusão
do dom”. É assim como ele fala à nossa alma no silêncio. Esse amado silêncio é
um paraíso.
Desde a Ascensão até Pentecostes estivemos em retiro
espiritual no Cenáculo à espera do Espírito Santo. Era maravilhoso. Durante
toda a oitava tivemos o Santíssimo Sacramento exposto no oratório. Passam-se
horas divinas neste cantinho de céu onde sob as humildes aparências da Hóstia
possuímos, em substância, a visão beatifica. Sim, é o mesmo Deus a quem os
bem-aventurados contemplam na luz e nós adoramos na fé.
Envio-lhe este belo pensamento que me escreveram há alguns
dias: “A fé é o face-a-face nas trevas”. Por que não o será para nós se Deus está
dentro de nosso ser e só exige que nos deixemos possuir como fez aos santos?
Mas eles estavam sempre em atitude de expectativa, como diz o Pe. Vallée: “Eles
calam, se recolhem e sua atividade consiste em ser pura receptividade”.
Unamo-nos pois, Reverendo, para fazer feliz a quem “nos amou
com grande amor” (Ef 2,4), segundo as palavras de São Paulo. Preparemos-lhe em
nossa alma uma morada tranquila na qual sempre ressoe o cântico do amor e da
ação de graças. Depois... permaneçamos em silêncio profundo, eco do silêncio
que existe em Deus
Depois, como você mesmo me dizia, aproximemo-nos da Virgem
totalmente pura e toda luminosa para que nos introduza naquele a quem ela
conhece tão profundamente e para que nossa vida seja uma comunhão contínua e um
impulso espontâneo para Deus.
Rogue por mim á Rainha do Carmelo. De minha parte,
garanto-lhe que peço muito por você e que permaneço unida a você na adoração e
no amor.
Ir. M. Elisabete da Trindade
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