Fr. Ciro García, ocd
O
título responde às duas intenções missionárias de outubro: oração pela paz
(intenção universal) e o anúncio do Evangelho (intenção particular). Desde uma
perspectiva cristã, as duas estão intimamente ligadas. A paz é uma das
bem-aventuranças evangélicas mais profundamente sentida e atualmente mais
ameaçada: "Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados
filhos de Deus" (Mt 5,9). O Evangelho, por outro lado, é um anúncio de paz
e boa nova por excelência (cf. Lc 4,18-19). Ambos estão enraizados no desejo de
justiça, de libertação e de felicidade, que habita no coração do homem.
1. O clamor pela paz
Diante
das inúmeras situações de guerra, de terrorismo e de violência que assolam
muitas regiões do mundo, surge o grito espontâneo pela paz. É como um clamor
geral, que resulta em inúmeras iniciativas de paz, que enriquecem o mundo e
testemunham a inata vocação da humanidade para a paz. Para o crente é também
uma oração que brota do mais profundo do seu coração para o Senhor da história
e príncipe da paz: "Para que o Senhor conceda a paz às regiões mais afetadas
pela guerra e pela violência".
Um
comentário: a Mensagem para o Dia
Mundial da Paz de Bento XVI (01 de janeiro de 2013). Ante os sangrentos
conflitos que afligem a humanidade, destaca a aspiração fundamental do homem e
dos povos à paz: "O desejo de paz é uma aspiração essencial de cada homem,
e de alguma forma coincide com o desejo de uma vida humana plena feliz e bem
sucedida [...] o homem é feito para a paz, que é um dom de Deus".
A
paz é ao mesmo tempo um dom de Deus e uma obra humana: "É o resultado do
dom recíproco, de um enriquecimento mútuo, pelo dom que vem de Deus, e que nos
permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é ética da comunhão
e da participação. Portanto, é essencial que as diferentes culturas atuais
superem antropologias e éticas baseadas em pressupostos teóricos e práticos
meramente subjetivistas e pragmáticos. "Aqueles que trabalham pela paz se
deixam guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor.
Uma
oração: a Vigília de Oração pela Paz do
Papa Francisco (7 de setembro de 2013). "Hoje à noite, na reflexão, com o jejum,
na oração, cada um de nós, todos, pensemos no mais profundo de nós mesmos: O
mundo que queremos não é um mundo de harmonia e de paz dentro de nós mesmos,
no relacionamento com os demais, nas famílias,
nas cidades e nas e entre as nações?”.
A
violência, a guerra, só trazem morte, falam de morte; nunca são o caminho para
a paz. Por isso o Papa se pergunta: "É possível seguir caminho da paz?
Podemos sair desta espiral de dor e de morte? Podemos reaprender a andar nos
caminhos da paz? Invocando a ajuda de Deus, sob o olhar materno da Salus populi romani, Rainha da Paz,
quero responder: Sim, é possível para todos. Hoje à noite eu gostaria que de
todas as partes da terra gritássemos: Sim, é possível para todos. Além disso,
eu gostaria que cada um de nós, desde o menor até o maior, incluindo aqueles
que estão chamados a governar as nações, dissesse: Sim, nós queremos”.
A
segunda intenção missionária deste mês está em sintonia com o Domund: "Para que o Dia Mundial das
Missões desperte em cada cristão a paixão e zelo para levar o evangelho a todo
o mundo."
Os
cristãos encontram na Evangelii gaudium
do Papa Francisco orientação eficaz não só para anunciar a boa nova do
Evangelho, mas também de trabalhar pela paz, colaborando em inúmeras
iniciativas missionárias: "A comunidade evangelizadora experimenta que o
Senhor tomou a iniciativa; e, por isso, ela sabe adiantar-se, tomar a
iniciativa sem medo, ir ao encontro, buscar os que estão longe e chegar às
encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos [...] A comunidade
evangelizadora se mete com obras e gestos na vida cotidiana dos demais, encolhe
distâncias e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo
"(Evangelii Gaudium, 24).
A
todos nos confiou a missão deste anúncio, ainda ignorado por muitos povos:
"Hoje ainda existem muitas pessoas que não conhecem a Jesus Cristo. Por isso
é tão urgente missão ad gentes, na
qual todos os membros da Igreja estão chamados a participar, uma vez que a
Igreja é missionária por natureza: a Igreja nasceu "de partida". O Dia
Mundial das Missões é um momento privilegiado em que os fiéis dos diferentes
continentes se comprometem com orações e gestos de solidariedade para ajudar as
igrejas jovens em territórios de missão. É uma celebração da graça e de alegria
"(Domund, 2014).
"A
Palavra de Deus é a verdade salvífica de que todos os homens necessitam e em
todos os tempos" (Verbum Domini, 85).
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