Estamos nos aproximando da abertura do V Centenário de
Nascimento de Santa Teresa de Jesus nossa fundadora. Teresa que nos ensina o
caminho da oração e do amor a humanidade de Cristo, Teresa que mostra que o
caminho para entrar na Vida é seguir a Cristo Ele que é o Rei do Castelo do
qual a porta para entrar é a oração. Partilhamos uma reflexão de Ir. Celeste
sobre a oração e missão em Santa Teresa para nos ir adentrando na mensagem e na
vida desta grande Doutora da Igreja que vamos celebrar neste próximo dia 15 de
Outubro.
Oração e missão
Oração
para Santa Teresa, é dar gosto ao Outro, “é tratar de amizade, estando muitas
vezes tratando a sós, com que sabemos que nos ama” (V 8,5). Teresa têm
experiência do que é a amizade humana, e faz desta experiência, alavanca para
Deus.
Daqui, Teresa, consegue tirar forças para desempenhar a
missão que o próprio Jesus lhe vai confiar. É da oração, do encontro com Deus,
que nós também vamos ter força para desempenhar nossa missão. O mais importante
na oração, diz ela, “não é pensar muito, mas amar muito; e por isto nos diz que
oração e vida, caminham de mãos dadas, ou nas palavras de Teresa: “prazeres e
oração são incompatíveis” (C 4,2)
Teresa nos convoca a uma coerência e autenticidade de vida,
a uma busca constante e contínua para que nossa vida, oração, trabalho,
vivências, sejam de fato, um ajudar comprometidamente as pessoas, sendo
solidárias com os seus sofrimentos, assumindo em nós com radicalidade as
exigências do seguimento.
Como boa Mestra de oração, em seus escritos, nos dá um vasto
ensinamento sobre como rezar, sobre oração, quando a oração é seca, árida,
difícil, mas também quando é gozo imenso, ternura, penetração profunda no
mistério de Deus, consumação, êxtase.
Ao seguir narrando sua vida, no capitulo 8, fala-nos do
dilema que viveu neste período de quase 20 anos (18 anos), sentia que, por um
lado Deus lhe chamava e por outro, os passatempos do mundo. “Trata-se de uma
das vidas mais penosas que, a meu ver, se pode imaginar: eu não me rejubilava
em Deus nem me alegrava no mundo” (V 8,2). Mas, reforça o seu desejo de que:
“... quem começou a ter oração não deve deixá-la, por mais pecados que cometa.
Com ela, terá como se recuperar e, sem ela, terá muito mais dificuldade. Por
isso, peço aos que ainda não começaram que, por amor a Deus, não se privem de
tanto bem.” (V 8,5).
Ela não teme dizer que, quanto mais a oração, o encontro com
Deus for eficaz, mais a vivência fraterna avança, torna-se fecunda. “Assim,
Irmãs, tanto quanto puderdes, sem ofensa a Deus, procurai ser afáveis e agir de
tal maneira com as pessoas com quem tratardes que elas apreciem a vossa
conversa, desejem vosso modo de viver e tratar e não se atemorizem nem se
amedrontem de praticar a virtude”. E continua: “Quanto mais santas, tanto mais
afáveis nas conversas com as Irmãs. E, mesmo que vos sintais contristadas
quando os assuntos de suas conversas não forem o que mais desejaríeis, nunca
vos esquiveis, se quereis ser úteis e amadas”
(C 41,7).
Teresa vai nos dizer que também no tempo de sofrimento, de
doença, de crise, é tempo para a oração. Talvez aqui, transpareça um pouco mais
a cruz no processo oracional, porque no tempo da doença/enfermidade, nem sempre
o corpo, a cabeça, está disposta para o exercício da oração, do amar, mesmo que
esta não exija força corporal, mas só o amor e o costume. Neste momento, o
encontro com Deus exige um controle/domínio de si mesmo em corpo e espírito.
Ela nos diz: “Quando queremos, o Senhor dá sempre oportunidade. Na doença e em
situações difíceis, a alma que ama tem como verdadeira oração fazer a dádiva
dos seus sofrimentos, lembrar-se daquele por quem os padece, conformar-se com
suas dores” (V 7,12).
Também no momento da dor, da doença, precisamos ficar diante
de Deus com o nosso verdadeiro eu. E se não é possível rezar como gostaríamos,
ela nos ensina, algo muito importante: "Não vos peço agora que penseis
Nele nem que tireis muitos conceitos nem que façais grandes e delicadas
considerações com vosso entendimento; peço apenas que olheis para Ele” (C
26,1.3).
Aqui está o coração da oração, olhar para Ele, deixar que
Ele nos olhe, ficar com Ele. Que humanismo possui Teresa! A vida de oração, que leva à união com Deus, exige pureza de
coração e compromisso de tender à perfeição; e o amor recíproco, manifestado
nas obras, confere autenticidade à vida de oração.
Mas, toda verdadeira oração tem que gerar vida para os
outros, aqui entra a dimensão missionária da oração, que abriu o coração de
S.Teresa para as fronteiras da Missão. Quando Francisco Maldonado, um
missionário veio visitá-la no Mosteiro e conta o que passavam os missionários,
Ela se coloca em seguida diante do Senhor em oração e súplica ao Senhor lhe de
um meio de ajudar estes missionários que tanto sofrem ao anunciar o Evangelho.
Aos poucos vai surgindo dentro de si, os apelos de Deus para iniciar um caminho
novo, dando à sua vida de oração, silêncio, trabalho, as vivências de cada dia
um sentido novo, seja na dor ou na alegria, uma dimensão de serviço ao
Evangelho, de doação em prol da Igreja; e coloca a ascese, a abnegação, a oração
das Irmãs à serviço do Reino.
Teresa
abriu as portas para uma espiritualidade nova, amorosa, interiorizada, alegre,
que se alcança através da meditação, da renúncia a tudo o que nos aliena, para
a confiança de que Deus nos ama apaixonada e incondicionalmente. Ela nos ajudou
a perceber que, não são nossos méritos que nos tornam mais próximos de Deus, e
sim nossa capacidade de nos fazer mais próximos de nossos semelhantes e nos
abrir ao amor gratuito de Deus.
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