Amo Teresa de Ávila, sobretudo
por que ela é a mulher do tudo. Só nela encontrei a resposta ampla e abrangente
que meu coração buscava. Queria dar minha vida a Deus de maneira totalitária.
Só nela encontrei o caminho conduzida por outra Teresa, a de Lisieux, com toda
certeza não menor que ela.
Amo Teresa por que é a mulher de
coração magnânimo, mais vasto que as praias do mar. Seu coração sonhou desde
menina entregar-se em uma aventura grandiosa, mesmo que se fosse pedida a vida,
ou melhor, estava disposta a dá-la com apenas poucos anos. Seu coração
magnânimo sonhou com Deus, o Deus que lhe pedia sua vida entregue no silêncio e
na solidão. Seu coração líder inato levou a projetar na infância o que seria
sua vida adulta, construindo ermidas com pedras no quintal de sua casa. Coração
que amava seus pais e irmãos. Ela entre eles era a mais querida de todos.
Perdendo sua mãe, buscou logo outra Mãe, a Virgem Maria.
Amo-a por que nela vejo traços de
minha própria vida. Amante da leitura, gostava de se retirar na solidão para
rezar suas devoções, em especial, o terço. Sonhou como toda pessoa sonha na
adolescência e juventude, aventurando-se por um caminho que será sempre chorado
por ela. Seu medo de perder a honra foi conduzindo-a por onde Deus a chamava, o
caminho da Vida Religiosa.
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teve coragem de criar algo novo, o Carmelo Teresiano como hoje o conhecemos |
Amo-a por que também para ela foi
difícil sair da casa de seu pai, e seguir por onde Deus a chamava. Amo-a por
que uma vez no Carmelo, sentia uma alegria e paz que só podiam ser do céu.
Amo-a por que não se acomodou numa vida religiosa que ela sentia não ser uma
oferta a Deus de modo mais radical e mais comprometida com o Evangelho. Não se
acomodou diante do já feito, mas teve coragem de criar algo novo, o Carmelo
Teresiano como hoje o conhecemos, e então conhececido como Carmelo Descalço.
Amo-a por que era mulher que teve
coragem de se pronunciar num tempo em que não era permitido nada à mulher. Por
que teve coragem de ir à luta, mesmo com todas as controvérsias que lhe vinham
do mundo dos homens. Não temeu sequer a Inquisição. Amo-a por que tinha ideias
próprias e foi capaz de expressá-las. Era uma mulher formidável. Tinha grande
amor à Igreja e não queria afastar-se dela. Quis morrer, e assim morreu, filha
da Igreja. Amo-a por que viveu num tempo difícil. Ao seu redor semeavam medo,
mas ela nada temeu. Agraciada por dons maravilhosos de Deus, confundia os que
acompanhavam sua caminhada e seu itinerário espiritual.
Amo-a por que é minha Mãe e
Mestra espiritual. Não a amo ainda como gostaria, por que reconheço que ainda
não a conheço o suficiente para assim poder amá-la mais. Amo-a primeiramente
por que é minha irmã e depois por que é minha Mãe, por que a fraternidade está
em primeiro lugar e a ela toda maternidade e paternidade deve ceder lugar.
Amo-a, amo-a; poderia ficar
repetindo. Nem eu mesma tenho plena consciência de todo amor que tenho por ela.
Tenho a vida toda para descobrir por que a amo, e uma eternidade toda para
alegrar-me com ela, com a glória que Deus lhe dá, e quem me dera me dê sem que
seja apenas uma migalha de seu esplendor.
E você, caro leitor? Já parou para pensar os por quês do seu amor por Teresa de Jesus?
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