Vossa sou, para Vós nasci,
Que mandais fazer de mim?
Soberana Majestade,
Eterna Sabedoria,
Bondade boa à alma minha;
Deus, alteza, um ser, bondade,
A grande vileza olhai
Que hoje vos canta amor assim:
Que mandais fazer de mim?
Temos sempre de lembrar-nos
que Teresa nasceu no momento histórico em que a Espanha era governada por um regime monárquico, e por isso as expressões que se usavam
para as autoridades da realeza, ela transfere-as para Deus. Na verdade, só Ele
merece ser tratado assim, embora Deus seja bem outro do que estes tratamentos
aos humanos recordem.
“Soberana Majestade” pode
remeter-nos à revelação de Deus a Moisés: “Eu sou aquele que sou”, o totalmente
Outro, aquele que caminha conosco, aquele que está conosco, aquele que ele quer
ser, aquele que sempre nos transcende, aquele que nunca atingiremos totalmente,
aquele que ao mesmo tempo que está conosco, já está além, na frente, aquele que
é e por isso nos remete também ao que somos, iguais aos irmãos e irmãs, mas ao
mesmo tempo totalmente outros, imersos como Ele numa solidão que só será
povoada à medida que nos esvaziarmos e acolhermos, despertarmos e vivenciarmos
gozosamente sua presença e permanência em nós e entre nós.
Teresa começa sua poesia
falando da grandeza de Deus, “Sabedoria eterna”, que é bom para com ela e cada
um de nós. Pede que Ele olhe sua grande pobreza que já está totalmente
enamorada Dele, a ponto de se identificar com o amor, pois diz que é o amor que
canta assim: “Que mandais fazer de mim?”. Teresa é uma mulher mística que
vivenciou o mistério de Deus que é AMOR.
Se você, eu, fôssemos reeditar
esta estrofe, como faríamos em nosso contexto histórico? Que tal tentar e
deixar registrado no comentário?
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